Quinta-feira, 11 de Novembro de 2010
“O ex-dirigente do BPN estava em prisão domiciliária
desde Julho de 2009, acusado de crimes relacionados
com a gestão do Banco Português de Negócios e da Sociedade
Lusa de Negócios, nem processo que inclui mais 15 arguidos
e que tem julgamento marcado para o dia 15 de Dezembro.”
In, internet e Expresso on line
As pessoas zangam-se.
Um ex dirigente do consulado cavaquista e do PSD, banqueiro, encaminha um banco e todos os seus utentes a uma quase falência.
Dele, enquanto líder de opinião PSD, nada diz a comunicação social, pois é PSD e não Socialista.
E, secamente, noticia-se, em letra menor, que ele foi libertado pouco mais de um ano depois de ter sido colocado em prisão domiciliária.
Eis a Justiça dos poderosos, a comunicação social dos poderosos, a funcionar.
Fosse Oliveira e Costa pobre, dirão os pobres, e apodreceria na cadeia.
E di-lo-ão com razão.
Contentemo-nos com este pouco - ou não!
Revoltemo-nos com este muito, pelo contrário.
Porque não foi para isto que estive preso antes do 25 de Abril, que houve um combate antifascista.
Ele aconteceu para que a Justiça fosse cega aos interesses e aos poderes.
Oliveira e Costa deveria continuar preso, em nome dos que vivem angustiados, hoje, pela forma como foram enganados por ele, ex responsável politico do PSD, e banqueiro irresponsável.
É a Justiça “burguesa” a funcionar dirá alguma Esquerda.
Não, não é, pois a Justiça burguesa não nasceu assim, pois a Justiça burguesa foi um dos passos em frente da Humanidade.
É somente a Justiça dos poderosos, mais uma vez, a funcionar, adulterando a raiz da Justiça liberal.
Em mais um acto que passará em branco porque estamos todos tensos e revoltados perante uma crise que nos apanhou em tempo de fim de festa dos financiamentos da União Europeia.
Tensos porque na comunicação social, maioritariamente de Direita, nos alimentam a tensão, pois em vez de acentuarem o lado positivo da forma como resistimos à crise, acentuam, em tudo, o seu lado negativo.
A Grécia paga juros da dívida a 11%, depois de uma desastrosa e bem mentirosa governação de Direita, a Irlanda paga juros a mais de 8%, depois de anos a fio a ser considerada uma governação exemplar, mas que viu o défice disparar para mais de 30%, imaginem esta exemplaridade de Direita
Na Grã Bretanha, o governo conservador de Cameron avança aplicando a linha ultra radical com soluções simples – há que despedir mais de 500 000 funcionários públicos o mais urgentemente possível.
É a Direita a governar.
Será essa a política de governo do PSD se ganhar as eleições, que, todos, à Direita, mas também em alguma Esquerda, desejam para mais breve possível, resolvido o pleito Presidencial.
Ainda que hoje assuma uma política anti capitalista, na sua verve pré eleitoral.
Recordo o discurso do deputado PSD Luís Menezes que, aproveitando a embalagem anti capitalista, por mim referida ontem, do presidente da Conferencia Episcopal da Igreja Católica, ataca agora a ideia de uma vivencia juvenil empresarial, atacando o Secretário de Estado Paulo Campos, “E o que parece, aos olhos, dos portugueses, é que o único critério de selecção que tiveram estas duas nomeações para os Correios de Portugal, feitas pelo eng. Paulo Campos, foi o facto de estes dois senhores terem sido ex-sócios numa empresa com o actual secretário de Estado que tutela os CTT”.
Empresariado juvenil? Que corrupção da Juventude, (!), acha pois o senhor deputado, já que estamos perante uma empresa nascida há 16 anos e já desaparecida!
16 anos depois, ataque-se o empreendedorismo juvenil de 1994, já que foi um acto para o senhor deputado, sem dúvida pró capitalista!
Como já o disse, eis a continuidade da mentalidade anti capitalista de Direita, nascida com o salazarento corporativismo do Ditador que nos dominou durante 48 anos!
Mentalidade, claro, estritamente pré eleitoral.
Porque, chegados ao Poder o bom senso predominará e tudo regressará ao normal, com obrigatórios e justos elogios ao empreendedorismo Juvenil e sem qualquer ataque em volta de qualquer das mulheres, (e homens), de Julio César.
E mais, aí virão os despedimentos na Administração, Central e Local, tal qual faz agora o sr Cameron, na Grã Bretanha, e tal qual procura não fazer este governo socialista, buscando outras vias de controlo do défice, nascido no processo de modernização de Portugal e ainda, sabemo-lo todos, infelizmente, reforçados nos consulados de Cavaco Silva e também, lamentavelmente, de Guterres.
Estranhamente, porque todos lemos a mesma comunicação social, tanto a direcção politica do PCP, como a do BE, e ainda a da CGTP, rápido esquecem o que aí vem se a Direita ganhar as próximas e já quase consensuais, eleições – despedimentos em massa na Função Pública, redução da capacidade de consumo, generalizada, das Pessoas em geral, falências em série perante a redução drástica do Mercado, em consequência destes despedimentos.
Eis a aplicação da política do quanto pior melhor, da politica do há que destruir o capitalismo, sem olhar ao que sucede, ao que a História mostra, (vimo-lo aquando da destruição do sistema capitalista colonial em Angola, em Moçambique, etc) quando tal se faz.
Claro que com discursos bajuladores para a Direita, como a ultima versão de Francisco Anacleto Louçã que, a par da CIP, (estranho não?), defende a reabilitação urbana como meio de combater a crise…
Ao que eu recordo, com quem, com que proprietários?
Cito um extracto de um texto que uma amiga minha, Socialista de Esquerda, apoiante de Manuel Alegre e bastante critica de José Socrates, me enviou na sequencia do meu texto de ontem, “No Porto, recebo das duas rendas respectivamente 30 € (75m2 ) e 42€ (150m2 + 32 m2 de quintal )mensais. O titular do arrendamento faleceu em Março. A filha moradora da casa maior ( e que residia com o pai – a mãe falecera há muitos anos )não tem direito a permanecer na casa. Recusa-se a sair. E também não tem meios para se sujeitar às regras de um novo arrendamento. Trata-se de alguém que vive em estado de pobreza. Mas terei de interpor acção de despejo…O Estado – tenho pagos todos os meus impostos, não tem comigo solidariedade que permita resolver esta situação. Mais dinheiro a gastar com Tribunal e advogado, acrescido ao tempo que demora.
Entretanto quem reside na casa mais pequena quer obras – e tem razão… Mas como posso fazê-las, com as rendas que recebo que mal chegam para pagar o IMI? Claro que elas podem ser feitas coercivamente por iniciativa da Câmara, ou pelo inquilino e depois o inquilino vai deduzindo nas rendas o valor dispendido.
Os aumentos de renda (através de Portaria anual) que o actual Governo, fez publicar para 2011 (decerto atendendo à difícil situação das famílias) é de três cêntimos por cada 100 €..
E achas que os sucessivos Governos não podem fazer nada? Por medo de perderem eleições? Para quem é justa esta situação? As medidas previstas para 2011 também não são justas. Embora possam ser necessárias.”….
Defendo, como ela, que a Habitação é um direito, mas defendo ainda que é inaceitável que o Estado se aproveite do Cidadão e da propriedade do Cidadão e viva á custa da mesma, tal qual sucedeu com as nacionalizações de 1975, onde o Estado se apoderou do que não era dele sem pagar.
Trata-se de uma política destrutiva da economia e do capitalismo e não de superação do sistema capitalista, pois a imposição de limites à evolução das rendas de habitação, em nome de um Direito à habitação que deveria ser implementado em outro contexto, por via do cooperativismo de habitação, da habitação social municipal, etc,. gera somente um autentico ataque à propriedade e a descapitalização de um segmento de actividade.
Na verdade, hoje os proprietários em geral não têm condições de serem eles a implementarem a requalificação urbana, o que empurra a solução, de novo, para o estado.
Ora o Estado está falido.
Resta, claro, o parque habitacional que se encontra nas mãos da Banca.
Essa implementará então a dita requalificação urbana, provavelmente com alguns financiamentos estatais de permeio, (via impostos nossos), e beneficiará de tal aumentando ainda mais os seus lucros.
Que a CIP veja em tal uma solução é compreensível…que Francisco Anacleto Louçã a acompanhe é, no mínimo estranho.
Que Esquerda esta que em nome de um serôdio anti capitalismo se aproxima tão perigosamente da Direita!
Porque na verdade se trata de um anti capitalismo populista para consumo eleitoral, ou, pior, ditatorial, como sucedia com o bafiento Salazar.
Joffre Justino