Segunda-feira, 8 de Novembro de 2010
O Brasil faz hoje 188 anos!
Não resisti à ideia de transmitir, ao Brasil e a todos os brasileiros os meus sinceros parabéns!
Pelo país que estão a construir, pelo esforço de cada um deles nessa construção, pela admiração no empenho e no amor ao Brasil e pelo desejo que tenho de ver o Brasil a ser essencial, a empenhar-se e a modificar a CPLP!
Tenho-me mostrado, é visível nos meus textos, particularmente entusiasmado por este país irmão, por este país membro da CPLP, em especial depois de o ter visitado.
Como já alguém acentuou, a Independência do Brasil foi feita não numa lógica republicana, como sucedeu nos restantes países latino americanos, em guerras de independência (e guerras civis violentas), mas em lógica monárquica.
Primeira e importante distinção face à restante América Central e do Sul, dominadas então pelo Império Espanhol.
A corte espanhola era visivelmente europeia, e tudo o indica, a corte portuguesa era – imperial.
Dir-se-ia que a transcontinentalidade era algo assumido na corte a pontos de ser hoje assumido que a ideia do recuo da corte e do rei, para fora do Portugal europeu, era uma ideia estabelecida e com mais de um século, para uma reacção em caso de perigo de ocupação do espaço continental europeu.
Esta é sem dúvida a segunda e talvez a mais importante distinção do Império português face a todos os restantes.
Para a corte Portugal era transcontinental, imperial e não europeu, podendo por isso a corte continuar a sê-lo fora do espaço europeu.
Por isso a 29 de Novembro de 1807, perante a Invasão francesa, a 1ª, não a família real, mas algo entre 10/15000 a 25/30000 pessoas, na verdade a essência da elite em Portugal retiram-se do continente europeu para o americano, para o Brasil.
Estranhamente, ou talvez não, o regresso do rei João VI do Brasil, a 26 de Abril de 1821, é feito com somente 4000 dos que com ele recuaram para o Brasil.
No Brasil, os então portugueses do Rio de Janeiro recebem, a 8 de Março de 1808, com espanto, uma corte com tudo menos ar de corte real, mas uns e outros depressa se adaptam, o que justifica o não retorno de um mínimo de 6000 membros da corte e da elite portuguesa de 1807, a um máximo de 24000 membros e, esses ficantes com o filho do rei João VI, Pedro, estão na raiz, maçónica diga-se, da Declaração de Independência que hoje faz 188 anos.
Não é difícil imaginar que a violência e quase permanente guerra civil em Portugal, durante mais de 30 anos do século XIX, e a instabilidade em todo ele, passou pela forma como os portugueses do continente europeu reagiram ao abandono do país pelo rei e o essencial da sua corte – negando-o – e, claro, pela forma como, a 5 de Outubro de 1910, praticamente ninguém se prestou a defender uma casa real que mostrara tão pouco apego ao país.
Como, também não difícil imaginar que este estado de espírito distintivo, entre os portugueses, os do Império e os do Velho do Restelo, deixou marcas que ainda hoje se mantêm – uns os europeus e outros os transcontinentais.
Mas, por hoje, fiquemo-nos por aqui, por esta breve reflexão gerada pela comemoração dos 188 anos do Brasil, uma efectiva e a mais antiga colónia de ocupação do Império, penso que de todos os Impérios não continentais e que, claro, britânicos, franceses, espanhóis e etc, procuram esconder da História .
Parabéns Brasil.
Joffre Justino