Segunda-feira, 17 de Agosto de 2009
Existem uns tantos, há Esquerda, que entendem que a solução para todos os males do País é simples criemos uma nova classe dominante, não feita de empresários, mas sim de gestores, públicos, de bens nacionalizados, nossos, de todos, mas geridos por eles, a elite, os sapientes e os amigos dos sapientes.
Revolucionaria atitude dizem eles, no BE e no PCP
Revolucionária atitude?
Bem, Lenine, em 3 anos de poder revolucionário amaldiçoou n vezes estes gestores esta nova elite, esta nova classe dominante, apresentando-a como o exemplo da contra revolução
quem não acreditar em tal que se encarregue de ler os últimos textos, pós anos 20, de Lenine
pois ele nunca confundiu a revolução com as medidas à Bismarck
Mas nem precisamos, no espaço de expressão portuguesa, do exemplo de Lenine.
No Brasil, no Brasil até da ditadura militar, acho que os chamaram de marajás, tal era a ostentação destes gestores públicos.
Em Angola, são a elite do MPLA, e foi tal o resultado que conseguiu criar, num país com mais de 30% da população a ganhar menos de 1 dólar por dia, a capital mais cara de se viver do Mundo!
E em Portugal, o exemplo dos anos 70/80, com as empresas publicas sistematicamente deficitárias, com o sector dos transportes navais a desaparecer, simplesmente a desaparecer, com as Siderurgias Nacionais mortas, etc, os exemplos são perfeitos de qualidade na gestão, de boa gestão da coisa pública, de rentabilidade económica e financeira! Tão perfeitos que ninguém se atreveu a defender o sector empresarial do Estado, anos a fio.
Custe aos PCP e BE, mas na verdade não fossem as empresas privadas e os empresários privados, os autênticos, não os de pacotilha, e não fosse a governação de Mário Soares e o país teria falido aí por voltas de 1984, depois do descalabro que foram os anos da direitista AD pós Sá Carneiro!
Hoje, PCP e BE avançam de novo com os elefantes brancos, o nome português de então para o sacrossanto sector empresarial de estado, um, o PCP, para a banca comercial e outro, o BE, para o sector da Energia. O mesmo do muito mau enfim, eis a solução revolucionária destes dois partidos para a crise que hoje vivemos...
Os argumentos são o máximo O crédito e a moeda são serviços públicos
o sangue que faz circular a economia, diz-se no PCP. Ou, como no BE diz Anacleto Louçã, Um país que não pode decidir sobre uma refinaria petrolífera ou que entrega a uma empresa estrangeira o controlo sobre a distribuição de electricidade é um país vulnerável.
Estamos pois no maior dos anseios o de reestabelecer a elite dos gestores públicos, a todo o custo! O de trocar os empresários por uns tantos, sempre os mesmos, como já o foi, desta elite sapiente.
Que se dane a União Europeia, vivam os gestores públicos!
Claro que sem risco. Claro que se correr mal, os nossos impostos que paguem, como sucedeu em Portugal, mas também na URSS, ou em Cuba, ou na Republica Popular da China. Porque o contrário é exploração capitalista, abaixo os empresários!
E querem eles, PCP e BE, arrogarem-se de defensores do Socialismo!
Pois, mas ainda existe quem sabe que capitalismo de estado não é mais que isso, capitalismo de estado.
Ainda existe quem sabe que perante uma crise e em nome da sanidade da economia, a estatização é um meio a ser utilizado, com bom senso mas a ser utilizado, sem duvida. Mas como meio e não como filosofia política e mais, como é evidente que cabe ao Pais em causa, ao governo desse país, assumir tal medida.
O PS fê-lo com o BPN e fê-lo bem.
Claro que o resultado foi o ataque cerrado do CDS, aliado ao PCP e ao BE, que de imediato transformaram o criminoso, o sr. Oliveira e Costa do BPN, em um santo e o policia no caso BPN, o Banco de Portugal, num criminoso!
Criteriosa atitude? Sim, no contexto da irresponsabilidade e da necessidade de escamotear que coragem para decidir o governo PS teve-a. No contexto da maledicência pura eis o que viveu a nacionalização do BPN e a única prisão de um banqueiro em Portugal, à custa do CDS, (normal) mas também do PCP e do BE, (estranho no mínimo!).
Mas perante as atitudes do PCP e do BE no caso BPN, dentro da Assembleia da Republica realce-se, como é possível ver nas medidas nacionalizantes do PCP e do BE outra coisa que não seja a demagogia pura?
A solução de longo prazo e sustentável, não está, aliás, na estatização.
A solução está na democratização da vida económica, no alargamento da participação e do controlo, controlo de cidadania diga-se, não de burocracia, e na transparência, das Pessoas sobre a Economia, a sua Economia.
Regulamentar a participação das Pessoas nas Empresas e concretizá-la. Limitar regulamentadamente as decisões empresariais, impor o fim das tendências para o monopólio, tornar rigorosa a publicitação das Contas de Empresa, integrar a actividade empresarial no meio envolvente, regulamentar a implementação da Responsabilidade Social e da Ética Empresarial e, finalmente, promover a Economia Social, o Cooperativismo, o Associativismo, o Mutualismo, o Autogestionarismo, essas sim são as soluções do século XXI para o Socialismo.
A par do controlo das deslocalizações, da implementação mundial da distribuição dos rendimentos, e de uma maior paridade salarial no Mundo, claro e obrigatoriamente.
Nacionalizar como solução revolucionária?
Salvo seja! Quando muito e limitadamente como solução, capitalista, para a crise!
Mas, claro, mesmo nas Cooperativas, na Economia Social, mantém-se o Risco, a necessidade de empenho, de tudo menos de uma vida de académico. E para isso, nem PCP, nem BE gostam muito de dar.
É claro que estas propostas tornam bem difíceis as ideias de coligação com o PCP e o BE, em qualquer parte da Esquerda em Portugal, para além deles próprios claro.
Hoje, e eu defendo a Unidade na Esquerda, é fundamental reiniciar um debate lançado nos inícios dos anos 80 do século XX, com a liderança de Mário Soares, sobre o que é isso da Esquerda.
Na certeza que ser estatista não é ser de Esquerda. Ser estatista é ser isso somente, estatista, defensor das elites provindas do Estado e para beneficio das elites que a ele se agarram e ponto final.
Lamento desiludir Anacleto Louçã, o BE e o PCP, mas nesse caminho do estatismo há muito pouca Esquerda!
Joffre Justino