Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

Um Governo de Salvação Nacional?

A frase ‘Salvar Portugal’ tem vindo a surgir, um pouco por toda a parte e em muitos dos textos que surgem na comunicação social e mesmo alguns dos mais activos políticos têm vindo a levantar esta ideia e não posso deixar de relevar Pedro Santana Lopes.
Pelo contrário, parte importante dos empresários portugueses, da classe política da Direita e alguma da Esquerda continua, com os hábitos ganhos pelos apoios comunitários, a pensar que vivemos em um país definitivamente rico, definitivamente desenvolvido e portanto onde é possível sustentar politicas despesistas, a todo o custo.
Vimo-lo ao tempo do debate sobre o Código Contributivo e, perante o sucedido vale recordar, mesmo que não tenha concordado na totalidade com este texto, Salvar Portugal, de Rogério Fernandes Ferreira, o seguinte excerto, “…torna-se cada vez mais difícil encontrar receitas através de impostos e de outros tributos que permitam ocorrer à totalidade dos gastos públicos que, dos modos referidos, se tornam incomportáveis. Assim, o problema económico do défice crónico da balança comercial, junta-se o do défice orçamental, também algo crónico e impossível de conter” (in o Sol de 20 de Novembro).
Perante a crise Miguel Portas, que refere a existência de 668 000 desempregados em Portugal em vez dos 548 000 oficiais, aponta como solução para a crise a “redistribuir os rendimentos com maior justiça”, (também in o SOL de 20 de Novembro), ao mesmo tempo que reconhece que, hoje, “a economia destrói mais empregos dos que os que cria se não crescer, pelo menos, 1,5 a 2% ao ano”, acrescentando entretanto que “Não acredito que a Europa e Portugal por arrasto, possam sair das taxas de crescimento medíocres enquanto se mantiverem as orientações económicas dominantes”(idem).
Já Carlos Gonçalves, membro da Comissão Política do PCP, também no mesmo SOL, limita-se a entender que existe que “O Governo tem, uma face oculta, um ‘caderno de encargos’ escondido…de continuidade das politicas de direita…”, e que se mostra na “outra face da recuperação da Bolsa e dos lucros obscenos dos cinco maiores bancos que ‘abicharam’ 5 milhões dia até Setembro deste ano, o que constitui o resultado mais efectivo da politica do PS de ‘combate à crise’…”, tendo, claro, linearmente, dado origem à “destruição do aparelho produtivo, falência das PME, crescimento do desemprego (cerca de 700 000 trabalhadores reais), mais exploração e menos direitos, retracção do mercado interno, aprofundamento dos défices estruturais, dependência externa…”.
Carlos Gonçalves, na linha antidimitroviana de alguma Esquerda dita “marxista”, em Portugal, acrescenta ainda que “a crise seja a grande ‘oportunidade de negócio’ para a concentração de capitais…Esta é a face oculta deste Governo…”, diz ainda este dirigente do PCP.
Já os empresários dão-nos um pouco mais de informação.
Assim, a ANECRA, Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel, veio a publico recordar que em 2008 terão fechado “Mais de 1 100 empresas de comércio e reparação automóvel fecharam em 2008,…” e acrescenta ainda que “A manter-se este cenário cerca de 2 000 empresas vão encerrar até final de 2009”, (in DN 22 de Novembro). Culpa do Governo?
Não, culpa da “crise internacional” reconhece a ANECRA, que recorda que tal crise lançou, “para o desemprego mais de 6 000 trabalhadores”, sendo que a crise mostrou “as fragilidades de muitas das micro, pequenas e médias empresas do sector, que têm de lutar como nunca contra a retracção do consumo, as restrições ao crédito bancário, o excesso de empresas não licenciadas, a redução da rent6abilidade do negócio e a falta de apoios ao investimento por parte do Estado português”, (idem).
Distribuindo-se regionalmente a crise, por via do encerramento de empresas sentiu-se sobretudo na Grande Lisboa, 40% dos encerramentos, na Região Norte, 27%, na Região Centro, 23%, no Alentejo, 6%, e no Algarve com apenas 4% de encerramentos.
O que releva as limitações da Região de Lisboa e Vale do Tejo, hoje sem financiamentos comunitários, como se sabe.
A ideia de que Portugal é um país rico nasceu ao tempo dos consulados de Cavaco Silva e de António Guterres, onde predominou o despesismo, a má gestão dos financiamentos comunitários, o laxismo orçamental, e que se mostrou insustentável nos consulados de Durão Barroso e de Santana Lopes.
Na verdade, não era esta a ideia de Portugal, nem de Sá Carneiro, nem de Mário Soares…
No entanto, o PSD pode e deve ser assumido como o partido verdadeiramente despesista de Portugal enquanto que o PS tem surgido, à excepção do tempo de António Guterres, como sendo o partido da contenção orçamental.
Infelizmente o tempo das ‘vacas gordas’ findou.
E mesmo Rogério Fernandes Ferreira surge enquanto optimista, perante a realidade ‘real’ portuguesa, (seguindo a linha discursiva de Carlos Gonçalves…
Pergunta este economista se “Quererão os portugueses, em face do estado do país, prescindir de excessos e benesses? (os que as têm).”, (in, idem). Pergunta ainda, “Será que os eleitos são capazes de actuar conjugadamente? No sentido de viabilizarem propostas para a salvação nacional?”? (in, idem)
E, mais atento ainda, questiona, “ Ou ter-se-á de acabar em destruição, em nova revolução que mude estruturas que estão a apodrecer a olhos vistos? Surgirá de novo a imposição de um Governo de Salvação Nacional?”, (in, idem).
Alguma Esquerda recusa-se a olhar para a História, ou, burguesmente, prefere pensar que a União Europeia aí está para salvar Portugal…
Permitam-me duvidar.
As Invasões Francesas, o Mapa Cor de Rosa e o Ultimatum, a forma como findou a II Grande Guerra, onde Portugal foi abandonado à sua sorte, a forma como findou o Império Português, onde de novo todo ele foi abandonado à sua sorte, para beneficio da URSS e dos EUA, (que nunca perdeu a sua fonte, angolana, de petróleo…), o mostram.
Na verdade, pensar que o atraso na Qualificação das Pessoas, de pelo menos 100 anos, e que é o elemento central do atraso português, se resolve em 25 anos, como a CEE/UE imaginou e impôs, que o atraso infra-estrutural também se resolveria com meia dúzia de autoestradas, uns tantos financiamentos à Industria e a anulação da Agricultura de tipo familiar , se resolveria neste período de 25 anitos é um absurdo.
É evidente que os lucros na Banca se têm mostrado de facto abusivos, que as muito grandes empresas e grupos económicos, como os do sr. Belmiro e os do sr. Amorim, são escandalosos na gestão da distribuição da riqueza, ao mesmo tempo que vivem das pressões, (no mínimo), que fazem sobre a classe política.
Mas é absurdo imaginar que o Estado pode sustentar este estado de coisas sem receitas, ou que o pôr fim aos pagamentos especiais por conta é que é a solução para dinamizar a economia, sabendo-se que os seus impactos nas empresas não são suficientes para gerar riqueza e investimento que potencie a recuperação da economia.
Porque esta vive, por demais, das importações e das exportações, e que ambos movimentos têm custos insustentáveis, que cresceram significativamente com esta crise mundial.
Pelo que, antes que o tal Governo de Salvação Nacional saia de um movimento militar qualquer, e de um golpe de estado antidemocrático, ou que as regras comunitárias imponham limitações insustentáveis para a imensa maioria dos portugueses, prefiro que nasça de um Parlamento eleito democraticamente, por portugueses, um Governo de Salvação Nacional.
E quanto mais cedo melhor.
É certo que a tal Direita despesista e a Esquerda antidimitroviana, que hoje se sente bem no PSD e domina o PCP e o BE, acharão que não.
Mas foram elas, já, total ou parcialmente, as responsáveis de suficientes desastres, como o 28 de Maio de 1926.
Já chega.

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 13:46
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Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009

Um Interessante Relato Histórico do Percurso da RP da China, do Seu Papel em África, e Um Pouco Mais…Com Edmundo Rocha e Joaquim Freitas

Um Interessante Relato Histórico do Percurso da RP da China, do Seu Papel em África, e Um Pouco Mais…

Agradeço a sinceridade intelectual tanto de Edmundo Rocha, que já conhecíamos, como se vê agora de Joaquim Freitas, seu amigo.

Na verdade, este pequeno texto abaixo, de Joaquim de Freitas, confirma bastante do que eu disse, mas, relevo algo que talvez não tenha ficado explicito nos meus textos anteriores – a RP da China e a sua elite liderante, na verdade, esforça-se por estabelecer uma estratégia, por a desenvolver integradamente, e por a enquadrar de forma bem mais veemente, num contexto de globalização que todos vivemos, do que vemos por aí acontecer, (falo também das “potencias europeias” e da União Europeia).

Eis porque é que a RP da China tem conseguido, paulatinamente, atingir, o papel politico e económico de potencia tendencialmente liderante, enfim, de cada vez mais potencia liderante no Planeta, ao contrário de uma Rússia que ainda não conseguiu deixar de “lamber as feridas” e de uma União Europeia que não para de se vangloriar e se esquece de se desenvolver ….

É claro que não podemos esquecer o Japão, os já antigos Tigres Asiáticos, e nos actuais BRIC’s, (onde se situa a China), o Brasil e a Índia; mas a RP da China, já deixou bem para trás os tempos onde nela se morria à fome, como se refere o texto abaixo, e tende a encontrar, no seu interior as forças capazes de a levar a significativos saltos em frente no plano económico.

Resta-lhe ser capaz de superar as limitações políticas, culturais e sociais. Na verdade, custe-lhe ou não, a inexistência de Democracia limita-lhe o desejo de gestão pela meritocracia, acentua-lhe as vontades das pequenas e grandes corruptelas e de estruturação de elites distanciadas, pela repressão, da imensa maioria dos Cidadãos.

Vejamos que a imensa virtualidade do espaço anglófono está sobretudo no sentido critico e autocrítico que a Democracia incentiva nas comunidades que as levam a entender onde estão a errar e por onde devem caminhar para superara esses erros.

Ainda ontem assisti a mais um exemplo de tal, com um filme profundamente autocrítico dos EUA sobre a sua invasão do Iraque,…e temos exemplos destes em permanência nos EUA e na Grã Bretanha, a mamã da anglofonia que não teme ter hoje um lugar subalterno…

Vejamos o exemplo do Espaço de Língua Portuguesa.

Andamos à anos sem fim a discutir no nosso seio um ridículo Acordo linguístico, com os Velhos do Restelo a dominarem as baixas escritas em defesa de uma “língua portuguesa” que nunca existiu, de regras gramaticais sem nexo, só porque estes Velhos do Restelo temem ser dominados pelo Brasil….Quem perde? O potencial imenso, editorial, em Linga Portuguesa, que morre nas esquinas das editoras do Bairro Alto e equivalente, à direita e à esquerda, “culturais”.

E, agora que assistimos a esta importante opção, Angolana, de investirem nas empresas portuguesas e no espaço português, vemos, de um lado, o português, ao pequeno resmungo, quando o que deveríamos era aproveitar ao máximo a capacidade financeira de investimento angolano e as capacidade técnicas, de knowhow e de gestão existentes em Portugal, ( e claro também no Brasil…), para, integradamente, investir, em Portugal, em Angola, no Brasil e por aí fora dentro e fora da CPLP! Do lado angolano assistimos ao outro pequeno resmungo, vindo do leader da UNITA, que se concentra na tentativa de atacar o processo de Mexicanização de Angola, não criticando a RP da China, nem os EUA, ou a Rússia, ou até a União Europeia, mas fazendo esta critica, por via do ataque aos investimentos em Portugal ou à transferência de contas bancárias em Portugal para Angola ou outros países, de capitais Angolanos.

Teria sido espectacular que tivessem tido a oportunidade de ouvir o Doutor Felix Ribeiro e o Doutor Marques Guedes, no III Forum da APME, a desenvolver a tese da importância crescente do Atlântico Sul, e o papel que a CPLP deveria ter, e não está a ter, de dinamização deste espaço económico, cultural social e politico.

Para bem de África, da América Latina e da CPLP claro!

E porque não está a CPLP a ter tal papel?

Porque estamos, na CPLP, amarrados a “teorias” que nos bloqueiam, conscientemente, propositadamente, oriundas do espaço anglo-saxónico, sobre os processos de colonização e neocolonização.

É fundamental acentuar, por exemplo, perdoem-me os meus Irmãos Angolanos, que Angola enquanto espaço geopolítico tem, somente, cerca de 80 anos, dado facto de a sua ultima fronteira ter sido assumida somente pelos princípios dos anos 30 do século XX, pelo que até tem de ser considerado espantoso como a coesão nacional é tão significativa em Angola!

Como é determinante recordar que Portugal que para alguns tem 8 séculos, tem na verdade, 5 séculos não enquanto nação mas sim enquanto Império, cerca de 300 anos enquanto reino Teocrático Expansionista, e finalmente 34 anos enquanto nação continental europeia.

Isto é, este Portugal de hoje é, na verdade, uma Nação Europeia bem jovem, pois tende a recusar-se enquanto herdeira de toda a sua riquíssima História com elevado impacto planetário.

Basta ver como em Portugal se despreza a CPLP, como se procura, ainda, esconder a sua cosanguinidade Africana, India, Indu, e Asiática, para perceber como exista quem queira matar o Passado deste espaço que se situa na Europa, mas que, por uma vez, e pela primeira vez e única no Mundo, teve a sua capital no Brasil, Rio de Janeiro, e na década de 50 do século XX teve um candidato presidencial, Norton de Matos, que só não ganhou as eleições dado o regime salazarista que o impediu, e que defendeu acerrimamente que Portugal deveria, mais uma vez, abandonar a Europa e situar a sua Capital, a Capital de um Império relevo, não de uma Nação, já não no Brasil mas agora em Angola!

Foi este o erro de Salazar, (mais um entre os imensos que cometeu…) – o de pensar, pacóvio que era, que podia transformar um Império, numa nação…

Bem, ainda é possível transformar este processo não em um novo Império, que se acontecesse teria o seu Poder um em Luanda, ou em Brasília diga-se, mas sim, seguindo Fernando Pessoa, “A minha Pátria é a Minha Língua”, numa dinâmica Comunidade, feita de Diversidade, Cultural, Étnica e Intercontinental.

Eis porque me preocupa o peso da RP da China em Angola.

Na verdade a RP da China tem dois elevados excedentes que tem de investir de forma expansiva – o financeiro, que a leva a investir pelo Mundo fora e onde África tem enorme peso, e o de Capital Humano, que a leva a concentrar-se, especialmente, no Continente vazio, África!

Em ambas as potencialidades, a RP da China tende a anular a CPLP.

Em proveito dos Angolanos?

Claro que não.

E dai o ter referido a exploração neo colonial da RP da China.

O que não anula o conjunto de virtualidades que a RP da China tem, em especial este de ser, em si, uma experiencia politico sociológica – o de ser um País com dos Sistemas, a funcionar internamente.


Joffre Justino

Nota Essencial – Por uma questão de ética é meu dever acentuar que parte das reflexões que desenvolvo , sobre Angola, resultam de reflexões que tenho vindo a fazer em conjunto do Eugénio Monteiro Ferreira que, como de costume, encontrará e ainda bem, bastantes falhas nas mesmas….Trabalharemos estes temas no próximo Jantar da Academia de estudos Laicos e Republicanos, da habitual forma solta dos Jantares da Academia.

Este Jantar realizar-se-á a 4 de Dezembro e nele falaremos em volta do dr Eugénio Ferreira, um Republicano, de Angola e do Mundo.


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Caros amigos,

Sugiro que leiam o notável comentario de Joaquim de Freitas, um amigo portugues que vive em Grenoble, sobre a CHINA que ele conhece muito bem, muito melhor que eu. E que reponde às inquietações do Justino sobre a problemática CHINA - AFRICA.
Sobre os outros temas eu estou a refletir sobre eles.

Edmundo Rocha
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Il manquait le mot INFORMATIQUE dans la copie précédente ; Excusez moi.

Cher Ami
Comme vous le savez, (je crois vous l’avoir dit), Cher Edmundo, j’étais moi-même en Chine en 1964, ( on aurait pu se rencontrer !) où je dirigeais le stand de ma boîte SAMES ; Division de Saint Gobain Pont-à-Mousson , dont je suis devenu le PDG.J’ai logé au Minzu Fan Dien (Hôtel des Etrangers), j’ai eu droit à la poignée de main de Chu En Laï, qui parlait un bon Français, en visite à mon stand, et j’ai dîné comme tout le monde dans l’immense palais de l’Assemblée du Peuple !
Il y a un nombre de faits qu’il faut accepter :
a)-Les Chinois sont passés en une génération d’un pays de pauvreté à une des plus importantes économies mondiales.
b)- Le credo de Deng Xiaoping, qui pensait que les faits plutôt que les dogmes idéologiques – qu’ils soient de l’est ou de l’ouest – doivent servir de critère ultime dans la détermination de la vérité , a fichu par terre le modèle communiste soviétique et le modèle démocratique occidental , qu’ils considèrent ne pas pouvoir s’appliquer à la modernisation d’un pays en développement, et que la démocratisation ne précédait pas la modernisation mais le plus souvent la suivait.
c)- L’éradication de la pauvreté était le droit humain le plus fondamental. Cette idée a ouvert la voie à l’immense succès de la Chine qui a sorti en une génération près de 400 millions d’individus de la plus abjecte pauvreté, un succès sans précédent dans l’histoire de l’humanité. Au prix des droits de l’homme prônés par l’Occident, ainsi que des droits civils et politiques, qu’ils ont jeté aux orties.
Cela a permis à Beijing d’établir un modèle d’ensemble de priorités et de séquences pour les différentes étapes de la transformation, que nous n’aurions pas osé faire.
d) -Deng Xiaoping a réorienté son vieil Etat pour le faire passer de l’utopie maoïste à la modernisation. Son slogan des « Deux systèmes et Un Etat » n’était pas idiot. Il collait à un besoin et à la réalité.
e)- La perfomance prime sur tout.. Inspiré par la tradition de méritocratie du confucianisme. Les leaders chinois sont compétents, sophistiqués et constamment testés aux différents niveaux de leurs responsabilités.
f)-Remarquable capacité d’assimilation, comme le prouve la rapidité avec laquelle ils ont adopté la révolution INFORMATIQUE.
g)- Restent encore de grands problèmes à résoudre : la corruption , la réduction des disparités régionales et la création d’un filet de protection sociale.
Les relations de la Chine avec l’Afrique resteront fortes et les Africains en bénéficieront, jusqu’à un certain degré. Mais pour continuer le fil de votre échange avec JJ , je ne suis pas sur que les Africains pourront suivre une voie identique à celle de la Chine, tout simplement parce que les élites Africaines sont moins intéressés à sortir leurs peuples de l’ornière du sous-développement que les Chinois .
En Chine, c’était une condition sine quoi non , car les révoltes des masses Chinoises ont toujours été d’une ampleur sans égal, lorsque le pays s’enfonce dans le chaos ! Le Maoïsme étant à bout de souffle, il était nécessaire d’ouvrir une nouvelle voie : Deng l’a fait. Le prix est aussi sévère, car nous voyons les avancées d’un tiers des Chinois, mais nous ne voyons pas la misère des deux autres tiers, sacrifiés, surtout les paysans, à la nouvelle voie !
Nous n’avons jamais vu des révoltes d’une telle ampleur en Afrique. La cause qui a uni des peuples Africains un certain temps, c’était la cause de l’indépendance. De l’Afrique du Sud au Zimbabwé, en passant par les colonies portugaises . Aujourd’hui, je vois les élites se contenter des bénéfices des ressources que les occidentaux et maintenant les chinois exploitent, mais je pense que tant qu’il n’y aura pas un programme de développement des capacités des peuples à s’approprier le monde moderne, à partir d’une éducation de base solide, le progrès sera lent, très lent.
Relisez mon point b), ci-dessus : vous voyez bien que l’Afrique évolue entre les deux systèmes. Mais elle n’aura jamais les caractéristiques humaines ni le recul des vingt dynasties de la civilisation chinoise pour asseoir un système performant.
Vous avez vu comme moi les ressources que les Chinois ont mis en ligne pour éduquer des millions de Chinois à la technologie moderne. C’est la, leur force.
Je suis retourné en Chine une dizaine de fois jusqu’à 1994. Les progrès étaient visibles. Aujourd’hui ils sont énormes ;

Um abraço.

J. de Freitas
publicado por JoffreJustino às 12:33
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De Novo A Mexicanização de Angola….

Dois amigos meus, que eu respeito particularmente, pelo combate feito pela Independência de Angola, criticaram com dureza o texto que fiz com o título “Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…”, (que segue de novo no fim deste texto…).

O primeiro, que me enviou um email pessoal, mantê-lo-ei na discrição de um denominar aqui, somente, de “Meu Amigo”, sem lhe dar o nome que tem, pois não lhe pedi autorização para abrir um, debate público com o seu texto..

No entanto, fique claro, trata-se de um cidadão Angolano, profissional de elevado gabarito, vivendo também, mas não só, em Portugal, que esteve nas matas em Angola, na Resistência Nacionalista, no MPLA.

Nem que seja só por isso, (o que não é verdade), terá sempre a minha total consideração.


Cito aqui o Texto do “Meu Amigo”


“Só me faltava ler isto. Assim como os offshores da madeira são bons também o colonialismo foi bom. A única coisa que posso dizer é que vão ser precisas várias gerações para que a mentalidade salazarista desapareça da mentalidade dos portugueses. Coitado do Savimbi deve andar ás voltas no seu caixão com barbaridades deste teor.”

No segundo caso, já me sinto no direito de divulgar o seu nome, pois este meu amigo, também um cidadão Angolano, que teve elevadas responsabilidades no MPLA durante a Resistência Nacionalista, o dr Edmundo Rocha, é um cidadão bastante conhecido e respeitado na Comunidade Angolana, do Interior e do Exterior, e merece, desde já, uma nota especial – era o dr Edmundo Rocha presidente da Casa de Angola e soube demonstrar a enorme consideração pelos Angolanos da UNITA que passou pelo gesto de abrir, na Casa de Angola, um debate entre Angolanos do MPLA e Angolanos da UNITA, em pleno momento de crise entre estas ambas partes, tendo eu estado a representar a UNITA nesse debate, nos anos 90…

Também nem que seja só por isso, (o que também não é verdade), terá sempre a minha total consideração.

O seu texto segue a seguir, para ajudar ao debate, pois nem todos que o receberam pelo email do dr Edmundo Rocha são da minha lista de emails e nem todos os da minha lista terão recebido este email do dr Edmundo Rocha.

No final do texto do dr Edmundo Rocha respondo aos dois textos que aqui introduzi, com toda a amizade e na certeza de que Angola necessita de mais e mais debates deste género e, sobretudo agradecendo a oportunidade de responder a estes meus dois amigos que tanto, sinceramente, considero.

Para ajudar à reflexão, mantive o texto que deu origem a este debate, o meu, no final de todos estes textos, com uma única alteração, para reduzir o peso deste email – retirei a foto enviada no primeiro email.




Eis o texto do dr Edmundo Rocha

“JJustino,

Creio que o JJ está a entrar na posição absurda de muitos os que acham incómoda a presença da China em Africa, especialmente em Angola. E essa posição traduz o apoio a certos interesses europeus e outros, inconfortados pelas performances da politica chinesa nos países africanos



Eu estive na China Popular em 1964 para participar no Forum Cientifico do Terceiro Mundo, delegado pelo MPLA.

Nessa época, a época do Raïs Mao, a China era um país muito pobre, com um nivel de desenvolvimento muito fraco, e em toda a parte se notavam esses sinais de pobreza. Visitei campos onde todas as parcelas eram cultivadas, com as pobres habitações impecaveis; visitei um enorme Hospital Central, só para crianças, mas onde médicos , enfermeiras e outro pessoal se activavam para fazer face aos multiplos problemas dos doentes, sarampo, tifoide, paludismo, pneumonias, meningites eram mato. Contudo Higène impecável, existia um departamento de Medicina tradicional, para o tratamento de certo tipo de afecções; visitei fábricas de todos os tipos; visitei a Universidade de Pequim, onde aprendiam milhares de estudantes em todas as matérias. Na entrada da Universidade estavam colocados placares com dizeres em lingua chinesas. Era o inicio da Revolução Cultural e da grande crise sino soviética. Creio que fui o primeiro angolano a visitar a China, ntes do Gentil e do Viriato.

Fomos muito bem recebidos, os debates em chines, frances e ingles eram ricos e calorosos. Os cientistas chineses apresentaram muitos trabalhos em que me pareceu estarem já à altura do progresso acidental.
Pelo menos esforçavam-se por isso. Falo-vos daquilo que vi e que senti.


Posso dizer que me pareceu estarem os chineses, nessa altura , 15 anos depois do Partido Comunista ter conquistado o Poder, num estadio de desenvolvimento como hoje estão muitos países africanos.

Claro que os chineses eram possuidores de uma muito antiga tradição e cultura baseada no Confucionismo donde nasceram um conjunto de valores específicos à cultura chinesa, e que faz a sua força e que lhes deu a capacidade mental, intelectual e física para superarem obstáculos e para se guindarem à terceira potencia mundial em termos económicos, culturais e militares ao fim de meio século de muito labor.

Em Africa, as longas tragédias da escravatura e do colonialismo diminuiram muito a capacidade dos africanos.

Analisemos algumas das afirmações que você produz:


1. Os chineses não estão em àfrica por imposição ou pela força das armas. Estabeleceram, com todos os países, onde estão presentes, contratos de igual a igual;
2. Eles prestam os serviços acordados, através de empresas públicas ou privadas chinesas. Em alguns países- Congo-Brazzaville, Argélia, Sudão, as firmas chinesas utilizam a mão de obra local.

3. Isso não acontece noutros paises e/ou para certas obras pois a produtividade menor dos autoctones atrasaria o andamento das mesmas. Isso é mau, pois vai-se pôr mais tarde o problema grave da manutenção dessas obras, e também não comtempla o aspecto formativo dessa cooperação. Mas eu penso que não há cooperação mas sim negócio, puro e simples.

4. Em geral, os pagamentos são feitos por meio de trocas. A parte chinesa tem avançado com muitos biliões de dólares de empréstimos muito baixos, a longuissimos prazos de pagamento.E a parte africana paga em produtos minerais de que a industria chinesa é muito gulosa e não tem. Portanto, troca por troca. Coisa que as empresas ocidentais não faziam até agora. Elas corrompiam os dirigentes africanos para obterem os contratos. E como os operários e engenheiros chineses não tem as exigencias dos ocidentais , essas obras saiem muito mais baratas e de tão boa qualidade.


5. Eu penso que os tecnicos chineses constituem um enorme factor de desenvolvimento para os países africanos; onde eles estão, constroiem coisas que os africanos não são capazer de fazer, e constituem um progresso para Africa.


Temos que ver os aspectos positivos dessas trocas, que quanto a mim são imensamente positivas. Claro, que são povos e culturas profundamente diferentes e é possivel que de vez em quando surjam choques e pequenos conflitos. Sem consequencia e sem grande importancia.


Cessemos de ver papões amarelos por toda a parte.


Edmundo Rocha”



Comecemos então por analisar o texto do “Meu Amigo”.

O que afirmei e repito aqui, é que a exploração dos Angolanos, que no meu primeiro texto realcei, como segue, e cito, “Houve exploração colonial em Angola? Sem dúvida”, teve, à excepção do período do esclavagismo, uma característica estritamente mais civilizada que a exploração neocolonial hoje existente, neste processo de Mexicanização de Angola que hoje vivemos, já não pensando no período da guerra civil.,

Não posso deixar de acentuar tal, depois de 35 anos de Independência, de 27 anos de guerra civil estritamente entre Angolanos e as superpotências de então, da destruição total do tecido económico e social perpetrado pela ocupação, militar, russo-países de leste – cubana, e, devo acrescentar claro, de 27 anos de apoio, militar, sul africano e 25 americano, à UNITA, mas também, e sobretudo no caso, de 7 anos de Paz militar, em Angola.

Neste doloroso percurso Angolano, que eu conheci bastante bem, depois da Independência, depois de 1987, do lado da UNITA, (mas que também aconteceu do lado do MPLA), gerador de significativos desastres humanos, mas também, ambientais, provocados pela tipologia de armamentos utilizados, como sanitários, como sociais e económicos, com os êxodos populacionais, as deslocações quer no interior do país quer para o exterior, a agravarem toda a situação. Assim, o conceito de civilização perdeu completamente o significado que tem hoje na Europa.

Posso até relacionar tal facto com uma historia, vivida por mim, se não me engano em 1997, na zona do Bailundo/Andulo,

No percurso de uma larga viagem parei numa pequena e antiga vila colonial, totalmente destruída para visitar um mais que original mercado, exemplo vivo do que devem ter sido os mercados de tempos bem, mas mesmo bem, antigos – de um lado, a norte, estavam as senhoras do MPLA, tendo por detrás, forças militares, armadas, também do MPLA, do outro, a sul, estavam as senhoras da UNITA, tendo também por detrás as forças militares da UNITA, ambas em posição de protecção destas senhoras. As primeiras, traziam os produtos “urbanos”, importados, latas de coca cola, de cerveja, garrafas de vinho, roupas, etc, enquanto que as segundas tinham levado para este mercado os produtos “rurais”, farinhas várias, carnes secas, animais vivos, legumes, produtos agrícolas vários.

O processo de troca era por vezes em lógica de troca directa e em outras vezes com a utilização de moeda, o dólar.

Enfim, estávamos a assistir a um evidente retrocesso civilizacional, em face do vivido nos tempos coloniais, onde a troca era, a maior parte das vezes, já baseada na economia monetária, no comércio, ainda que existissem áreas onde tal não sucedia e, em geral, onde o negócio era em geral, desenvolvido em desvantagem para o mais fraco, o autóctone Angolano.

Mas, basta olhar para as estatísticas oficiais, da evolução das cabeças de gado entre 1950 e 1970 para constatarmos da crescentemente significativa entrada da economia angolana nas lógicas da economia de mercado, com a contabilização, tipo 1 para 50 do crescimento dos vários tipos de cabeças de gado.

E comparar com as estatísticas oficiais de hoje do mesmo tipo de gado…

Havia exploração? Sem dúvida, mas assistimos, entre a década de 50 e os anos 74 à entrada na economia formal, de agricultores, de comerciantes, de empresários até, autóctones. Facto que conviveu, e bem, com a Luta pela Independência, da UPA/FNLA, do MPLA, da UNITA e também das outras Resistências, como a FUA, e as dos Republicanos, urbanos e rurais, por exemplo…

O que vivemos entre 1975 e 2002? À destruição total deste tecido económico e social.

O que vivemos entre 2002 e hoje? A um lento recrudescer da reentrada das comunidades locais não urbanas na economia quase formal que hoje temos em Angola.

No entanto, relevo o escrito no texto anterior – cerca de 1/3 da população angolana vive com menos de 1 dólar por dia.

Os outros dois terços, acentuo, não auferem em média mais que 10 dólares por dia.

Esta economia enquadra claro, uma cidade, Luanda, que aparece, relevo, como sendo uma das cidades mais caras do Mundo, em tudo.

Onde uma imensíssima minoria vive largamente acima dos níveis médios europeus, o que só reflecte a ideia que faço de Mexicanização da economia Angolana.

É feio este relato? É sim.

Mas é verdadeiro, infelizmente.

Ao que devemos acrescer que, tirando uma minoria na UNITA, uma parte dos seus dirigentes, temos a larguíssima de membros da UNITA a viver em condições deploráveis.

Mais um reflexo desta ideia de Mexicanização…

Este “Meu Amigo”, muito especial amigo e que muito respeito, pela sua usual liberdade de pensamento, e pela sua Tolerância conhecida, lamento, não conhece a realidade em Angola, na Angola de hoje.




Vejamos agora o texto do dr Edmundo Rocha



Conheço bem, fui maoista e não escondo tal, o papel da Republica Popular da China nos anos 50, 60 e 70 do século XX.

De apoio ao combate ao subdesenvolvimento, de criação de condições internas de libertação dos resultados do peso dos imperialismos na China, inglês, francês, americano, ( de certa forma até português), mesmo na China Republicana, em face de um país onde se morria à fome, nas ruas, nos anos 20/40.

E não esqueço o como deve ser difícil recuperar de tal estado…

Também não esqueço o papel que a Republica Popular da China tem hoje em África, enquanto alternativa aos modelos, sobretudo no plano estrito da economia, europeu, japonês/asiático e americano.

Sou dos que olho com curiosidade, ainda que com cepticismo, para esta noção de um Estado/duas Economias, a comunista e a capitalista, que o Partido Comunista da China tem implementado em especial na última década, ainda que não só.

Maoista uma vez….

No entanto, sendo eu de Esquerda, cada vez mais me entendo numa Esquerda que centrando-se na promoção de valores e de instrumentos que os reflictam, como a Responsabilidade Social e a Ética Empresarial, a Participação Activa dos Trabalhadores na Vida empresarial, o Cooperativismo e a Economia do Terceiro sector, entende que o papel do Estado na economia é até importante enquanto regulador, mas não é, nunca foi, a URRS prova-o (e a Republica Popular da China também), revolucionário.

Por muito que falem e escrevam os anti dimitrovianos de hoje, ( mas de tal falarei em outro texto…).

Mas não escamoteio o papel positivo destas empresas comunocapitalistas e dos seus empresários e técnicos em África, (e no resto do Mundo, defensor que sou da importância da Concorrência na economia de mercado).

Nunca o poderia fazer.

Limitei-me sim a levantar um véu “chato” – o véu do carácter também explorador destas empresas nos países africanos.

Onde aproveitam precisamente um mercado de custos salariais mais que baixos, infrahumanos, para acrescerem a sua rentabilidade global.

Daí a necessidade que levantei de impor, a estas empresas também, e não somente às Chevron, BP, TOTAL, etc, (e também às portuguesas claro), regras que passem pelos valores da Distribuição dos Rendimentos, pelo menos, no mais que mínimo que tal significa nos dias de hoje.

Para não falar nos direitos à greve, á participação na economia, à Responsabilidade Social das organizações, à Ética Empresarial e a uma Concorrência Sã, não centrada na exploração infra humana dos Cidadãos dos países subdesenvolvido.

Para não falar na Democracia, no Poder Local Democrático.

Não falo pois em Povos e Culturas diferentes. Falo sim na aceitação do Ser Humano em toda a parte deste Planeta, no contexto desses Povos maravilhosamente diferenciados e Culturas felizmente diversas que Edmundo Rocha refere.

E, relevo, nas Obras Publicas, por exemplo, é difícil pensar em não usar Angolanos com o argumento da produtividade, pois este argumento, usado pelos fascistas do tempo colonial, mostrou-se absolutamente falso nos anos 60 e 70 do século XX, quando Angola criou a melhor rede de estradas de África, e o mais desenvolvido subsistema industrial de África, ( o que não retirou qualquer justeza ao combate pela Independência, diga-se, bem pelo contrário!).

Joffre Justino









Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…



Xu Ning, presidente do Conselho Empresarial Chinês em Angola, em declarações a vários órgãos de comunicação social, à Nova China e à BBC, pelo menos, queixou-se da violência qyue está a recair sobre a sua comunidade em Angola.
Xu Ning está visivelmente perturbado porque não entende esta violência, quando deveria ser dos primeiros a entendê-la, já que vem de um país de um Estado, 2 Regimes, sendo um deles – o comunista.
Ora se está sediado num país, Angola, onde cerca de 30% da população ganha menos de um dólar por dia, onde em cada cem crianças nascidas, 13 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, onde segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), citando um jornalista, “ numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento”, é natural esta violência.
Em especial se em 2002 ainda, o país vivia em guerra civil…
Xu Ning, seguindo a linha do Partido Comunista da China, é o elemento que lidera a expansão da economia chinesa em Angola, linha que a RP da China desenvolve em cada vez mais espaços do Planeta.
No contexto da economia de mercado é um direito da RP da China e se esta gere os seus negócios com “empresários comunistas”, ou capitalistas, é com ela.
Claro.
No entanto, não pode esperar que os Angolanos se sintam bem com esta nova exploração capitalisto-conmunista, pois são dos povos que conhecem esse modelo de exploração, feita pela URSS, pelos países comunistas de leste e por Cuba.
Não pode pois esperar que não surge este modelo Zapatista, típico dos “crescimentos à México”, que se centra em respostas baseadas na violência, individual.
É evidente que não concordo com este modelo Zapatista.
Nunca deu resultados, veja-se o México de hoje…
Prefiro o modelo da reivindicação sindical e social, centrado em Sindicatos Fortes e Reivindicativos e em ONGD, e Cooperativas Solidárias e Dinâmicas.
Enfim, sou Socialista e não Populista como Chavez.
Mas Xu Ning é que não tem razões de queixa, como diz a Policia de Angola – os empresários chineses e os quadros chineses são assaltados tanto quanto os restantes dos outros países.
Regra de ouro no modelo da mexicanização – a gestação e crescimento da violência.
Há, claro, uma solução, lenta, mas eficaz.
Xu Ning poderia ensaiá-la.
A da Solidariedade.
Criando Emprego para os Angolanos, distribuindo a Riqueza entre Angolanos, pagando melhores salários, melhores casas, melhor saúde.
Enfim, o chamado modelo social europeu, que mal ou bem os portugueses desenvolviam em Angola e que, por isso, os Angolanos também conhecem.
Houve exploração colonial em Angola?
Sem dúvida.
Mas, confessemo-lo – à excepção do tempo do esclavagismo, (mas que foi feito por portugueses em conluio com elites angolanas…),era mais civilizada que esta exploração de hoje, (onde os portugueses, infelizmente, também estão incluídos…), havia melhores condições para os Pobres, que hoje.
Imaginem ao que os tempos obrigam!
A um ex-preso político, por ser nacionalista angolano, ter de dizer bem do colonialismo português.
E é tal que não perdoo a Xu Ning!
Por muitas armas que reintroduza em Angola, como a fotografia acima o mostra.
Um “Fidel” chinês, arma na mão, ao lado de um Angola, de calções é o símbolo deste novo neo colonialismo.
Igualzinho ao russo cubano de má memória para os angolanos!

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 12:30
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Terça-feira, 24 de Novembro de 2009

De Novo A Mexicanização de Angola….

Dois amigos meus, que eu respeito particularmente, pelo combate feito pela Independência de Angola, criticaram com dureza o texto que fiz com o título “Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…”.

O primeiro, que me enviou um email pessoal, mantê-lo-ei na discrição de um denominar aqui, somente, de “Meu Amigo”, sem lhe dar o nome que tem, pois não lhe pedi autorização para abrir um, debate público com o seu texto..

No entanto, fique claro, trata-se de um cidadão Angolano, profissional de elevado gabarito, vivendo também, mas não só, em Portugal, que esteve nas matas em Angola, na Resistência Nacionalista, no MPLA.

Nem que seja só por isso, (o que não é verdade), terá sempre a minha total consideração.


Cito aqui o Texto do “Meu Amigo”


“Só me faltava ler isto. Assim como os offshores da madeira são bons também o colonialismo foi bom. A única coisa que posso dizer é que vão ser precisas várias gerações para que a mentalidade salazarista desapareça da mentalidade dos portugueses. Coitado do Savimbi deve andar ás voltas no seu caixão com barbaridades deste teor.”

No segundo caso, já me sinto no direito de divulgar o seu nome, pois este meu amigo, também um cidadão Angolano, que teve elevadas responsabilidades no MPLA durante a Resistência Nacionalista, o dr Edmundo Rocha, é um cidadão bastante conhecido e respeitado na Comunidade Angolana, do Interior e do Exterior, e merece, desde já, uma nota especial – era o dr Edmundo Rocha presidente da Casa de Angola e soube demonstrar a enorme consideração pelos Angolanos da UNITA que passou pelo gesto de abrir, na Casa de Angola, um debate entre Angolanos do MPLA e Angolanos da UNITA, em pleno momento de crise entre estas ambas partes, tendo eu estado a representar a UNITA nesse debate, nos anos 90…

Também nem que seja só por isso, (o que também não é verdade), terá sempre a minha total consideração.

O seu texto segue a seguir, para ajudar ao debate, pois nem todos que o receberam pelo email do dr Edmundo Rocha são da minha lista de emails e nem todos os da minha lista terão recebido este email do dr Edmundo Rocha.

No final do texto do dr Edmundo Rocha respondo aos dois textos que aqui introduzi, com toda a amizade e na certeza de que Angola necessita de mais e mais debates deste género e, sobretudo agradecendo a oportunidade de responder a estes meus dois amigos que tanto, sinceramente, considero.

Para ajudar à reflexão, mantive o texto que deu origem a este debate, o meu, no final de todos estes textos, com uma única alteração, para reduzir o peso deste email – retirei a foto enviada no primeiro email.




Eis o texto do dr Edmundo Rocha

“JJustino,

Creio que o JJ está a entrar na posição absurda de muitos os que acham incómoda a presença da China em Africa, especialmente em Angola. E essa posição traduz o apoio a certos interesses europeus e outros, inconfortados pelas performances da politica chinesa nos países africanos



Eu estive na China Popular em 1964 para participar no Forum Cientifico do Terceiro Mundo, delegado pelo MPLA.

Nessa época, a época do Raïs Mao, a China era um país muito pobre, com um nivel de desenvolvimento muito fraco, e em toda a parte se notavam esses sinais de pobreza. Visitei campos onde todas as parcelas eram cultivadas, com as pobres habitações impecaveis; visitei um enorme Hospital Central, só para crianças, mas onde médicos , enfermeiras e outro pessoal se activavam para fazer face aos multiplos problemas dos doentes, sarampo, tifoide, paludismo, pneumonias, meningites eram mato. Contudo Higène impecável, existia um departamento de Medicina tradicional, para o tratamento de certo tipo de afecções; visitei fábricas de todos os tipos; visitei a Universidade de Pequim, onde aprendiam milhares de estudantes em todas as matérias. Na entrada da Universidade estavam colocados placares com dizeres em lingua chinesas. Era o inicio da Revolução Cultural e da grande crise sino soviética. Creio que fui o primeiro angolano a visitar a China, ntes do Gentil e do Viriato.

Fomos muito bem recebidos, os debates em chines, frances e ingles eram ricos e calorosos. Os cientistas chineses apresentaram muitos trabalhos em que me pareceu estarem já à altura do progresso acidental.
Pelo menos esforçavam-se por isso. Falo-vos daquilo que vi e que senti.


Posso dizer que me pareceu estarem os chineses, nessa altura , 15 anos depois do Partido Comunista ter conquistado o Poder, num estadio de desenvolvimento como hoje estão muitos países africanos.

Claro que os chineses eram possuidores de uma muito antiga tradição e cultura baseada no Confucionismo donde nasceram um conjunto de valores específicos à cultura chinesa, e que faz a sua força e que lhes deu a capacidade mental, intelectual e física para superarem obstáculos e para se guindarem à terceira potencia mundial em termos económicos, culturais e militares ao fim de meio século de muito labor.

Em Africa, as longas tragédias da escravatura e do colonialismo diminuiram muito a capacidade dos africanos.

Analisemos algumas das afirmações que você produz:


1. Os chineses não estão em àfrica por imposição ou pela força das armas. Estabeleceram, com todos os países, onde estão presentes, contratos de igual a igual;
2. Eles prestam os serviços acordados, através de empresas públicas ou privadas chinesas. Em alguns países- Congo-Brazzaville, Argélia, Sudão, as firmas chinesas utilizam a mão de obra local.

3. Isso não acontece noutros paises e/ou para certas obras pois a produtividade menor dos autoctones atrasaria o andamento das mesmas. Isso é mau, pois vai-se pôr mais tarde o problema grave da manutenção dessas obras, e também não comtempla o aspecto formativo dessa cooperação. Mas eu penso que não há cooperação mas sim negócio, puro e simples.

4. Em geral, os pagamentos são feitos por meio de trocas. A parte chinesa tem avançado com muitos biliões de dólares de empréstimos muito baixos, a longuissimos prazos de pagamento.E a parte africana paga em produtos minerais de que a industria chinesa é muito gulosa e não tem. Portanto, troca por troca. Coisa que as empresas ocidentais não faziam até agora. Elas corrompiam os dirigentes africanos para obterem os contratos. E como os operários e engenheiros chineses não tem as exigencias dos ocidentais , essas obras saiem muito mais baratas e de tão boa qualidade.


5. Eu penso que os tecnicos chineses constituem um enorme factor de desenvolvimento para os países africanos; onde eles estão, constroiem coisas que os africanos não são capazer de fazer, e constituem um progresso para Africa.


Temos que ver os aspectos positivos dessas trocas, que quanto a mim são imensamente positivas. Claro, que são povos e culturas profundamente diferentes e é possivel que de vez em quando surjam choques e pequenos conflitos. Sem consequencia e sem grande importancia.


Cessemos de ver papões amarelos por toda a parte.


Edmundo Rocha”



Comecemos então por analisar o texto do “Meu Amigo”.

O que afirmei e repito aqui, é que a exploração dos Angolanos, que no meu primeiro texto realcei, como segue, e cito, “Houve exploração colonial em Angola? Sem dúvida”, teve, à excepção do período do esclavagismo, uma característica estritamente mais civilizada que a exploração neocolonial hoje existente, neste processo de Mexicanização de Angola que hoje vivemos, já não pensando no período da guerra civil.,

Não posso deixar de acentuar tal, depois de 35 anos de Independência, de 27 anos de guerra civil estritamente entre Angolanos e as superpotências de então, da destruição total do tecido económico e social perpetrado pela ocupação, militar, russo-países de leste – cubana, e, devo acrescentar claro, de 27 anos de apoio, militar, sul africano e 25 americano, à UNITA, mas também, e sobretudo no caso, de 7 anos de Paz militar, em Angola.

Neste doloroso percurso Angolano, que eu conheci bastante bem, depois da Independência, depois de 1987, do lado da UNITA, (mas que também aconteceu do lado do MPLA), gerador de significativos desastres humanos, mas também, ambientais, provocados pela tipologia de armamentos utilizados, como sanitários, como sociais e económicos, com os êxodos populacionais, as deslocações quer no interior do país quer para o exterior, a agravarem toda a situação. Assim, o conceito de civilização perdeu completamente o significado que tem hoje na Europa.

Posso até relacionar tal facto com uma historia, vivida por mim, se não me engano em 1997, na zona do Bailundo/Andulo,

No percurso de uma larga viagem parei numa pequena e antiga vila colonial, totalmente destruída para visitar um mais que original mercado, exemplo vivo do que devem ter sido os mercados de tempos bem, mas mesmo bem, antigos – de um lado, a norte, estavam as senhoras do MPLA, tendo por detrás, forças militares, armadas, também do MPLA, do outro, a sul, estavam as senhoras da UNITA, tendo também por detrás as forças militares da UNITA, ambas em posição de protecção destas senhoras. As primeiras, traziam os produtos “urbanos”, importados, latas de coca cola, de cerveja, garrafas de vinho, roupas, etc, enquanto que as segundas tinham levado para este mercado os produtos “rurais”, farinhas várias, carnes secas, animais vivos, legumes, produtos agrícolas vários.

O processo de troca era por vezes em lógica de troca directa e em outras vezes com a utilização de moeda, o dólar.

Enfim, estávamos a assistir a um evidente retrocesso civilizacional, em face do vivido nos tempos coloniais, onde a troca era, a maior parte das vezes, já baseada na economia monetária, no comércio, ainda que existissem áreas onde tal não sucedia e, em geral, onde o negócio era em geral, desenvolvido em desvantagem para o mais fraco, o autóctone Angolano.

Mas, basta olhar para as estatísticas oficiais, da evolução das cabeças de gado entre 1950 e 1970 para constatarmos da crescentemente significativa entrada da economia angolana nas lógicas da economia de mercado, com a contabilização, tipo 1 para 50 do crescimento dos vários tipos de cabeças de gado.

E comparar com as estatísticas oficiais de hoje do mesmo tipo de gado…

Havia exploração? Sem dúvida, mas assistimos, entre a década de 50 e os anos 74 à entrada na economia formal, de agricultores, de comerciantes, de empresários até, autóctones. Facto que conviveu, e bem, com a Luta pela Independência, da UPA/FNLA, do MPLA, da UNITA e também das outras Resistências, como a FUA, e as dos Republicanos, urbanos e rurais, por exemplo…

O que vivemos entre 1975 e 2002? À destruição total deste tecido económico e social.

O que vivemos entre 2002 e hoje? A um lento recrudescer da reentrada das comunidades locais não urbanas na economia quase formal que hoje temos em Angola.

No entanto, relevo o escrito no texto anterior – cerca de 1/3 da população angolana vive com menos de 1 dólar por dia.

Os outros dois terços, acentuo, não auferem em média mais que 10 dólares por dia.

Esta economia enquadra claro, uma cidade, Luanda, que aparece, relevo, como sendo uma das cidades mais caras do Mundo, em tudo.

Onde uma imensíssima minoria vive largamente acima dos níveis médios europeus, o que só reflecte a ideia que faço de Mexicanização da economia Angolana.

É feio este relato? É sim.

Mas é verdadeiro, infelizmente.

Ao que devemos acrescer que, tirando uma minoria na UNITA, uma parte dos seus dirigentes, temos a larguíssima de membros da UNITA a viver em condições deploráveis.

Mais um reflexo desta ideia de Mexicanização…

Este “Meu Amigo”, muito especial amigo e que muito respeito, pela sua usual liberdade de pensamento, e pela sua Tolerância conhecida, lamento, não conhece a realidade em Angola, na Angola de hoje.




Vejamos agora o texto do dr Edmundo Rocha



Conheço bem, fui maoista e não escondo tal, o papel da Republica Popular da China nos anos 50, 60 e 70 do século XX.

De apoio ao combate ao subdesenvolvimento, de criação de condições internas de libertação dos resultados do peso dos imperialismos na China, inglês, francês, americano, ( de certa forma até português), mesmo na China Republicana, em face de um país onde se morria à fome, nas ruas, nos anos 20/40.

E não esqueço o como deve ser difícil recuperar de tal estado…

Também não esqueço o papel que a Republica Popular da China tem hoje em África, enquanto alternativa aos modelos, sobretudo no plano estrito da economia, europeu, japonês/asiático e americano.

Sou dos que olho com curiosidade, ainda que com cepticismo, para esta noção de um Estado/duas Economias, a comunista e a capitalista, que o Partido Comunista da China tem implementado em especial na última década, ainda que não só.

Maoista uma vez….

No entanto, sendo eu de Esquerda, cada vez mais me entendo numa Esquerda que centrando-se na promoção de valores e de instrumentos que os reflictam, como a Responsabilidade Social e a Ética Empresarial, a Participação Activa dos Trabalhadores na Vida empresarial, o Cooperativismo e a Economia do Terceiro sector, entende que o papel do Estado na economia é até importante enquanto regulador, mas não é, nunca foi, a URRS prova-o (e a Republica Popular da China também), revolucionário.

Por muito que falem e escrevam os anti dimitrovianos de hoje, ( mas de tal falarei em outro texto…).

Mas não escamoteio o papel positivo destas empresas comunocapitalistas e dos seus empresários e técnicos em África, (e no resto do Mundo, defensor que sou da importância da Concorrência na economia de mercado).

Nunca o poderia fazer.

Limitei-me sim a levantar um véu “chato” – o véu do carácter também explorador destas empresas nos países africanos.

Onde aproveitam precisamente um mercado de custos salariais mais que baixos, infrahumanos, para acrescerem a sua rentabilidade global.

Daí a necessidade que levantei de impor, a estas empresas também, e não somente às Chevron, BP, TOTAL, etc, (e também às portuguesas claro), regras que passem pelos valores da Distribuição dos Rendimentos, pelo menos, no mais que mínimo que tal significa nos dias de hoje.

Para não falar nos direitos à greve, á participação na economia, à Responsabilidade Social das organizações, à Ética Empresarial e a uma Concorrência Sã, não centrada na exploração infra humana dos Cidadãos dos países subdesenvolvido.

Para não falar na Democracia, no Poder Local Democrático.

Não falo pois em Povos e Culturas diferentes. Falo sim na aceitação do Ser Humano em toda a parte deste Planeta, no contexto desses Povos maravilhosamente diferenciados e Culturas felizmente diversas que Edmundo Rocha refere.

E, relevo, nas Obras Publicas, por exemplo, é difícil pensar em não usar Angolanos com o argumento da produtividade, pois este argumento, usado pelos fascistas do tempo colonial, mostrou-se absolutamente falso nos anos 60 e 70 do século XX, quando Angola criou a melhor rede de estradas de África, e o mais desenvolvido subsistema industrial de África, ( o que não retirou qualquer justeza ao combate pela Independência, diga-se, bem pelo contrário!).

Joffre Justino









Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…



Xu Ning, presidente do Conselho Empresarial Chinês em Angola, em declarações a vários órgãos de comunicação social, à Nova China e à BBC, pelo menos, queixou-se da violência qyue está a recair sobre a sua comunidade em Angola.
Xu Ning está visivelmente perturbado porque não entende esta violência, quando deveria ser dos primeiros a entendê-la, já que vem de um país de um Estado, 2 Regimes, sendo um deles – o comunista.
Ora se está sediado num país, Angola, onde cerca de 30% da população ganha menos de um dólar por dia, onde em cada cem crianças nascidas, 13 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, onde segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), citando um jornalista, “ numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento”, é natural esta violência.
Em especial se em 2002 ainda, o país vivia em guerra civil…
Xu Ning, seguindo a linha do Partido Comunista da China, é o elemento que lidera a expansão da economia chinesa em Angola, linha que a RP da China desenvolve em cada vez mais espaços do Planeta.
No contexto da economia de mercado é um direito da RP da China e se esta gere os seus negócios com “empresários comunistas”, ou capitalistas, é com ela.
Claro.
No entanto, não pode esperar que os Angolanos se sintam bem com esta nova exploração capitalisto-conmunista, pois são dos povos que conhecem esse modelo de exploração, feita pela URSS, pelos países comunistas de leste e por Cuba.
Não pode pois esperar que não surge este modelo Zapatista, típico dos “crescimentos à México”, que se centra em respostas baseadas na violência, individual.
É evidente que não concordo com este modelo Zapatista.
Nunca deu resultados, veja-se o México de hoje…
Prefiro o modelo da reivindicação sindical e social, centrado em Sindicatos Fortes e Reivindicativos e em ONGD, e Cooperativas Solidárias e Dinâmicas.
Enfim, sou Socialista e não Populista como Chavez.
Mas Xu Ning é que não tem razões de queixa, como diz a Policia de Angola – os empresários chineses e os quadros chineses são assaltados tanto quanto os restantes dos outros países.
Regra de ouro no modelo da mexicanização – a gestação e crescimento da violência.
Há, claro, uma solução, lenta, mas eficaz.
Xu Ning poderia ensaiá-la.
A da Solidariedade.
Criando Emprego para os Angolanos, distribuindo a Riqueza entre Angolanos, pagando melhores salários, melhores casas, melhor saúde.
Enfim, o chamado modelo social europeu, que mal ou bem os portugueses desenvolviam em Angola e que, por isso, os Angolanos também conhecem.
Houve exploração colonial em Angola?
Sem dúvida.
Mas, confessemo-lo – à excepção do tempo do esclavagismo, (mas que foi feito por portugueses em conluio com elites angolanas…),era mais civilizada que esta exploração de hoje, (onde os portugueses, infelizmente, também estão incluídos…), havia melhores condições para os Pobres, que hoje.
Imaginem ao que os tempos obrigam!
A um ex-preso político, por ser nacionalista angolano, ter de dizer bem do colonialismo português.
E é tal que não perdoo a Xu Ning!
Por muitas armas que reintroduza em Angola, como a fotografia acima o mostra.
Um “Fidel” chinês, arma na mão, ao lado de um Angola, de calções é o símbolo deste novo neo colonialismo.
Igualzinho ao russo cubano de má memória para os angolanos!

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 09:53
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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009

Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…

Quando Falei em ‘Mexicanização de Angola’ Não Brincava…



Xu Ning, presidente do Conselho Empresarial Chinês em Angola, em declarações a vários órgãos de comunicação social, à Nova China e à BBC, pelo menos, queixou-se da violência qyue está a recair sobre a sua comunidade em Angola.
Xu Ning está visivelmente perturbado porque não entende esta violência, quando deveria ser dos primeiros a entendê-la, já que vem de um país de um Estado, 2 Regimes, sendo um deles – o comunista.
Ora se está sediado num país, Angola, onde cerca de 30% da população ganha menos de um dólar por dia, onde em cada cem crianças nascidas, 13 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, onde segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), citando um jornalista, “ numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento”, é natural esta violência.
Em especial se em 2002 ainda, o país vivia em guerra civil…
Xu Ning, seguindo a linha do Partido Comunista da China, é o elemento que lidera a expansão da economia chinesa em Angola, linha que a RP da China desenvolve em cada vez mais espaços do Planeta.
No contexto da economia de mercado é um direito da RP da China e se esta gere os seus negócios com “empresários comunistas”, ou capitalistas, é com ela.
Claro.
No entanto, não pode esperar que os Angolanos se sintam bem com esta nova exploração capitalisto-conmunista, pois são dos povos que conhecem esse modelo de exploração, feita pela URSS, pelos países comunistas de leste e por Cuba.
Não pode pois esperar que não surge este modelo Zapatista, típico dos “crescimentos à México”, que se centra em respostas baseadas na violência, individual.
É evidente que não concordo com este modelo Zapatista.
Nunca deu resultados, veja-se o México de hoje…
Prefiro o modelo da reivindicação sindical e social, centrado em Sindicatos Fortes e Reivindicativos e em ONGD, e Cooperativas Solidárias e Dinâmicas.
Enfim, sou Socialista e não Populista como Chavez.
Mas Xu Ning é que não tem razões de queixa, como diz a Policia de Angola – os empresários chineses e os quadros chineses são assaltados tanto quanto os restantes dos outros países.
Regra de ouro no modelo da mexicanização – a gestação e crescimento da violência.
Há, claro, uma solução, lenta, mas eficaz.
Xu Ning poderia ensaiá-la.
A da Solidariedade.
Criando Emprego para os Angolanos, distribuindo a Riqueza entre Angolanos, pagando melhores salários, melhores casas, melhor saúde.
Enfim, o chamado modelo social europeu, que mal ou bem os portugueses desenvolviam em Angola e que, por isso, os Angolanos também conhecem.
Houve exploração colonial em Angola?
Sem dúvida.
Mas, confessemo-lo – à excepção do tempo do esclavagismo, (mas que foi feito por portugueses em conluio com elites angolanas…),era mais civilizada que esta exploração de hoje, (onde os portugueses, infelizmente, também estão incluídos…), havia melhores condições para os Pobres, que hoje.
Imaginem ao que os tempos obrigam!
A um ex-preso político, por ser nacionalista angolano, ter de dizer bem do colonialismo português.
E é tal que não perdoo a Xu Ning!
Por muitas armas que reintroduza em Angola, como a fotografia acima o mostra.
Um “Fidel” chinês, arma na mão, ao lado de um Angola, de calções é o símbolo deste novo neo colonialismo.
Igualzinho ao russo cubano de má memória para os angolanos!

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 09:53
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Terça-feira, 17 de Novembro de 2009

(9) Enquanto Laico e Republicano … Da Carbonária em Portugal

Tudo o que rodeia a Carbonária é
misterioso e ténue; muito dificilmente
poderei afirmar com convicção que tal
facto ocorreu de tal modo, em tal data
e por tais pessoas, porque tudo é vago
e suspeito
in da Internet texto possivelmente de
Andreia Sofia Fernandes Martins



Este trabalho ficaria especialmente incompleto se não trabalhasse um tema essencial para o surgimento da República – o papel da Carbonária nas movimentações que deram origem ao que Regime que com estes textos comemoramos.

De notar, claro, que este será um primeiro texto sobre esta organização que “compete” com a Maçonaria, e com o Partido Republicano, na maternidade do 5 de Outubro.

Como de costume em todas as organizações secretas, a lenda envolve a Carbonária desde o seu nascimento. Mas, porque esta organização, afim à Maçonaria, teve, como se disse atrás, um papel fundamental na Revolução do 5 de Outubro de 1910, vale a pena iniciar este percurso também pela lenda que a envolve, ainda que a mesma pouco traga de novo à compreensão do que foi a Carbonária em Portugal.

Um autor, lido na Internet, Emanuel, no seu texto “A CARBONÁRIA EM PORTUGAL E NO ALGARVE”, recorda possíveis origens bem antigas para a Carbonária, “esta associação secreta remonta ao século XIII, época em que apareceram em Itália os primeiros carbonários, ligando-se à continuação das lutas que se haviam travado na Alemanha entre os Guelfos, partidários do Papa e os Gibelinos, partidários do imperador. Aqueles não queriam a interferência de estrangeiros nos destinos de Itália; estes, defendiam o poder do império germânico. A luta durou até ao século XV. Os Guelfos reuniam no interior das florestas, nas choças dos carvoeiros, daí a designação de carbonários. No entanto, outros autores referem a origem desta sociedade secreta em épocas mais recentes.”
Este autor defende que a primeira carbonária a existir em Portugal foi o Sinédrio, nascido em 1818, e que esteve na raiz da revolução Liberal de 1822, criado por “Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, Borges Carneiro e Silva Carvalho entre outros”, considerada uma “pequena Carbonária”, o que releva a relação entre a tradição liberal, mesmo monárquica, e a radicalidade Carbonária.
Pedro M. Pereira no seu texto A Carbonária em Portugal segue uma linha mais historicista para o surgimento da Carbonária fora e em Portugal, aceitando, em alternativa, o seu nascimento por voltas de 1815 sendo condenada pelo Papa logo a seguir, seis anos depois de nascer, pela Bula papal de 18 de Setembro de 1821.
Se recordarmos a Mestre Carbonária Stella Carbono M.'.C.'., aparentemente da Maçonaria Carbonária Brasileira, a simbólica, no mínimo para maçónica da Carbonária, apresenta-a como que adaptada a uma outra congregação que não a dos Pedreiros Livres, relevando nas suas raízes as possíveis origens nas Corporações Medievais.
Segundo ela, a especificidade carbonaria seria “…a simbólica se religar ao reino vegetal, sob a designação de Maçonaria Florestal ou Maçonaria da Madeira, de acordo com Jacques Brengues. Uns não levam em conta o seu passado lenhador e jardineiro, outros negam-lhe a estrutura maçónica, e há ainda quem as considere para-maçónicas, a exemplo de Oliveira Marques.”
Outros autores, entretanto, defendem que a Carbonária nasceu em 1848, na sequencia da revolução de 1848 em França, pela mão do general Joaquim Pereira Marinho que, “tendo recebido do estrangeiro auctorização para poder estabelecer a carbonaria em Portugal delegou esses poderes no senhor padre António de Jesus Maria da Costa…O que de mais notável occorreu foi ser eleito Sup ‘ . ‘ Cons ‘ . ‘ o Sr. dr Francisco Fernandes da Costa em logar do sr padre António de Jesus Maria da Costa. Este despeitou-se por falta de deferencia, visto ter sido installador da carbonaria lusitana; e como desforra guardou o livro da matricula e todos os documentos relativos à carbonaria…a alta venda riscou do quadro da ordem carb ‘ . ‘ ao sr padre António de Jesus Maria da Costa, por desobediente à mesma ordem…Alem da alta venda havia em Coimbra as barracas – Egualdade e União, e as choças - 16 de Maio, Fraternidade e Liberdade…Tinham-se estabelecido barracas na Figueira, Soure e Anadia; e choças em Cantanhede, Pombal, Ílhavo e Braga…mas tudo terminou com o acabamento da carbonaria nesta cidade nos primeiros meses de 1850”, (A Carbonaria Lusitana Joaquim Martins de Carvalho, págs. 193/196, internet).
Depois de tentativas breves de reconstituição da carbonária, tais como, citando o autor atrás, Pedro M. Pereira, “Por volta de 1850-1851, teve sede em Lisboa uma Carbonária com o nome de "Portuguesa", dividida em secções chamadas choças, ou "lojas-carbonárias". Esta carbonária foi de curta duração.”, ou, a tentativa de 1853 e ainda a de 1862, esta pelo Partido Regenerador note-se, e uma outra vez, também por Regeneradores em 1864.
Esta informação, não pode deixar de ser de novo realçada, tendo em conta o já escrito sobre o Regicídio e o possível papel, da rainha Amélia e também dos Regeneradores no mesmo…
Pedro M. Pereira afirma também que “Pela Segunda metade do século XIX, surge em Portugal a Maçonaria Académica, que se irá transformar em Carbonária.”, que de organização estudantil passará a organização popular, ainda que com grande contestação, como recordarão outros autores, sendo que “As iniciações faziam-se nalguns Centros Republicanos - onde, aliás, se encontrava grande parte dos Bons Primos carbonários - mas de preferência em escritórios e casas particulares, quando temporariamente desabitadas, ou ainda, em armazéns, caves e até em cemitérios a altas horas da noite.”, relevando-se aqui, nesta leitura do nascimento da Carbonária a ligação dos Centros Republicanos, de alguns pelo menos, à Carbonária.
Finalmente, e a par de uma outra carbonária de raiz anarquista, a última carbonária a surgir, em 1897, teve como seu fundador e Grão-Mestre, Artur Duarte Luz de Almeida, posteriormente também maçon da loja maçónica de Lisboa Luís de Camões, e onde usou o nome simbólico de Desmoulins.
Artur Duarte Luz de Almeida fez ainda parte da Loja Montanha, também de Lisboa, Loja Maçónica esta determinante para a radicalização do Partido Republicano, em 1909, e da qual foi seu fundador e venerável.
Este bibliotecário, introvertido mas excelente organizador conseguiu, com Machado dos Santos e Magalhães Lima fazer da Carbonária uma fundamental organização armada civil republicana, decisiva para a implantação da República em 5 de Outubro de 1910 e para a defesa desta nos primeiros dois anos do novo regime.
A Carbonária chegará, segundo alguns, a contar com mais de 40.000 membros, especialmente em Lisboa, na margem sul e em outras áreas urbanas do país.
Iremos falar dela ainda um pouco mais, nestes textos, como verão e como já o dissemos.
Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 13:48
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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

(13) Enquanto Republicano e Laico, Portugal, De Novo O Tema Uma Monarquia Que Mata O Seu Rei…

Deixei no ar no anterior texto uma tese nova – o Regicídio resultou sobretudo de uma tentativa, no seio da Corte, dos Monárquicos portanto, de derrube de João Franco e do próprio rei Carlos, de uma movimentação, que se centrou na rainha Amélia, no leader do partido monárquico Regenerador, Julio Vilhena e nos auto denominados Dissidentes Monárquicos, que, descontrolando-se, originou o assassinato do rei Carlos e do príncipe Luis Filipe .
Vejamos então a informação que fomos coligindo, mas que iremos desenvolver ainda mais,
Jorge Morais, na obra que já citamos em texto anterior “Os Últimos Dias da Monarquia 1908 – 1910”, refere que “A partir de meados dos anos 90 (século XIX), tornara-se visível o desmoronamento do casamento de D. Amélia com D. Carlos…D. Carlos passa então a ter os seus aposentos privados no edifício do Convento das Necessidades…Este afastamento correspondeu, na sua última fase, ao período de governação de João Franco”, (pág. 126).
Uma outra informação muito interessante é a que tanto monárquicos quanto republicanos, não no imediato momento dos assassinatos, do rei Carlos e do príncipe Luis Filipe, mas posteriormente, acabam por reconhecer uma divergência de filosofia entre Amélia rainha e o rei Carlos.
Assim, da colectânea Dossier Regicídio, o Processo Perdido, já citado em outros textos, podemos relevar, “São lindas, as missivas. Alguns excertos para ilustrar as verdadeiras convicções religiosas de D. Amélia..”Bem sabe, meu querido Bispo – conde, quanto (apesar das campanhas contra mim) sou pouco reaccionária, coisa bem diferente de crente, e com fé profunda;…Cada vez mais se vê a absoluta desorientação dos espíritos; não são tantos os factos que me dão tanto cuidado, é esta espécie de desordem moral que eles revelam””, texto anterior “ à selvajaria que foi o Regicídio”, (págs. 143/4), para constatarmos que existia uma grande divergência de opinião entre a rainha Amélia e a corte onde preponderava o rei Carlos.
Ora o que foi entretanto sucedendo?
A 11 de Novembro de 1907 o rei Carlos assumia, internacionalmente, que estava com a Ditadura de João Franco, numa entrevista que deu ao Jornal Temps, ao jornalista Joseph Galtier, da forma que segue, “Fala-se da sua ditadura, mas os partidos, os que mais gritam, tinham-me também pedido a ditadura…Precisava de uma vontade sem fraqueza para conduzir as minhas ideias a bom caminho. Franco foi o homem que eu desejava. De há muito que o tinha em vista. No momento oportuno chamei-o. O que faz a sua força é que ele tem fé em si, na sua estrela;…Estamos de acordo, plenamente de acordo. Trabalhamos juntos. Tem toda a minha confiança…. Estou muito satisfeito com ele.”, (pág. 82)
Ora estas declarações, feitas para fora de Portugal, mostravam um rei que não se adequava com os princípios constitucionais liberais e que desejava intervir activamente na cena politica, interna e externa, o que lhe estava constitucionalmente vedado.
Ora, ao contrário do que o livro que cito refere, os partidos monárquicos ficavam, com esta entrevista, interna e internacionalmente , feridos de morte. Ao fim e ao cabo a ditadura de Franco era-o porque o rei Carlos não acreditara em outros leaderes, os dos dois partidos dominantes, Regenerador e Progressista, para a fazer e acontecia com o pleno e total acordo do rei Carlos.
Julio Vilhena, dos Regeneradores, explodiu! Para este leader partidário, recente, na sequencia da morte do anterior leader Regenerador Hintze Ribeiro, “O Rei já não era indiscutível” por ter vindo “a publico esgrimir com o ceptro contra os partidos”, (pág. 83). E no Jornal do Comércio podemos ler Eduardo Burnay, monárquico mas nada condicente com os monárquicos hodiernos do livro que cito, “Os velhos partidos monárquicos, em especial, saem das declarações de El-rei bastante desprezados…” (pág. 83).
Alpoim, um dos leaderes da Dissidência Monárquica, mais radical ainda que Julio Vilhena, segundo a obra monárquica que citamos, “mandava escrever, “O chefe dissidente e outros seus correligionários – não a dissidência progressista como movimento – resolveram colaborar com os republicanos, no intuito de aniquilar o regime ditatorial que assoberbava o país. Vinha a republica? Tudo era preferível, tudo, ‘fosse o que fosse’, à continuação deste estado de coisas que era um opróbrio nacional”, (pág. 84).
O ambiente anti rei Carlos estava ao rubro. A tal ponto que outros monárquicos, como Anselmo Braancamp Freire e Augusto José da Cunha, decidiram aderir ao Partido Republicano.
Ora Julio Vilhena, segundo Jorge Morais, em Os Últimos Dias da Monarquia, “confidente pessoal de D. Amélia,…No Outono de 1907, estando de visita ao Paço, o chefe regenerador fora chamado por D. Amélia, que o industriou contra João Franco e o incitou a defender a convocação das Cortes. Vilhena levou a fidelidade ao ponto de empreender uma campanha pessoal contra o então primeiro ministro. Era sua a expressão, referindo-se ao franquismo: “Isto termina, fatalmente, por um crime ou por uma revolução”, (pág. 127).
Vilhena passou então a defender a abdicação do rei Carlos e, “pretendia ligar-se aos progressistas, dissidentes e nacionalistas…com o fim de constituir o bloco liberal, (já na altura havia portanto esta mania dos blocos…), que desejava levar El-Rei a abdicar no Príncipe Real”, (pág.127).
Outros como o Marquês de Lavradio virão a classificar Julio Vilhena como, “embora monárquico, não queria El-Rei D. Carlos”.
E nos Regeneradores não seria o único, a estar com a rainha e contra o rei Carlos. Desta forma está também, como já vimos em outro texto, o conde Paçô Vieira, “Mantendo-se próximo de D. Amélia, também com ela conspirou contra João Franco. Levou o zelo a extremos: quando em Março de 1907 rebentou em Coimbra o conflito académico, Paçô Vieira foi o primeiro deputado a questionar João Franco no Parlamento, antecipando-se por uma vez aos irrequiteos deputados republicanos”, (pág. 127).
Vive-se pois nestes dias de Janeiro de 1908, não um ambiente de “revolução”, mas sim um ambiente de crise na corte! A casa real está dividida, o rei Carlos optou por uma via anticonstitucional, e a rainha opta pela convocação das Cortes para forçar a abdicação do seu esposo.
Releve-se que lidamos com conflitos no seio das lideranças do poder monárquico, fortes conflitos, pois a exigência da abdicação de um rei é algo mais complexo que a exigência da queda de um primeiro ministro e do seu governo. E, na verdade, não estava já, somente, em causa João Franco, o primeiro ministro ditador – estava mesmo em causa o rei!
A Monarquia contestava-se por dentro e os Republicanos em nada eram, de tal, responsáveis.
É na verdade estranho que este tema, o Regicídio, não tenha sido tratado neste contexto.
Mas é compreensível – o poder monárquico, isto é, das elites monárquicas, ainda hoje, é significativo e esta ideia da crise na corte real traz novas pistas para a compreensão do Regicídio, pistas em nada abonatórias para a corte e a casa real, pois explicando a fragilidade da Monarquia perante o 5 de Outubro, mostram como ela estava na verdade moribunda, por si, com ou sem Partido Republicano.
Pois não se vislumbrava uma outra dinastia/casa real, capaz de superar a crise na corte e a juventude dos príncipes apontava sim para um desejo de poder da parte da rainha, não portuguesa, em um momento em que as ambições europeias sobre Portugal, isto é sobre o seu Império, não eram poucas…
Dirá mais tarde este Julio Vilhena, sobre o Regicídio e João Franco, “Se o sr João Franco guarda naquele dia a pessoa do Rei, a ditadura estava vencedora e o Partido republicano, com a prisão e julgamento dos seus principais chefes, ferido ma medula por vários anos.” (pág. 61).
Estranha reflexão para quem andou meses a fio a tudo fazer contra a ditadura, e contra o rei Carlos…até porque como veremos Julio Vilhena esteve no poder com o reizinho Manuel e a rainha mãe…porque não foram, então, presos, os leaderes republicanos?
Responderão alguns, monárquicos e republicanos – a politica de “Acalmação”…
Lá chegaremos.
Vejamos de novo os pontos de vista dos monárquicos e citemos outra vez o Dossier Regicídio, “Foi a falta de qualidade dos partidos que enfraqueceu o papel de árbitro de d. Carlos…Hintze Ribeiro chegou a governar quase dois anos sem convocar eleições…atacar o rei era uma forma de marcar pontos. Quem saía do poder nunca admitia a perda de confiança do país – mas apenas da coroa. Como disse João Franco, D. Carlos emergiu como o “homem publico mais discutido do seu país”, (pág. 29).
Estamos pois perante uma circunstância especifica – a critica ao rei era permanente, já que a rotação governativa também o foi, e durante 17 anos tudo rodou sem grande crise.
E temos dois elementos novos – Hintze Ribeiro morre e Julio Vilhena assume a liderança dos Regeneradores; como todos os novos lideres sente-se fragilizado pois Hintze Ribeiro tinha a sua própria elite, que lhe obedecia, mas possivelmente seria menos atreita a obedecer a Julio Vilhena e este, para se reforçar vira-se para a rainha, já que o rei era assumidamente franquista.
A rainha passa, pois, como já vimos, a ter uma via alternativa para influenciar a politica portuguesa – o partido Regenerador.
E este começa a pedir a cabeça do rei.
Ora a rainha ao que se saiba manteve-se em silencio perante esta exigência, absolutamente nova, dos Regeneradores, a abdicação do rei.
O que permite indiciar que ela mesmo ou incentivara a ideia, ou nada tinha de especial contra ela.
À época a politica portuguesa concentrava-se em especial, do lado monárquico e no plano partidário no Partido Regenerador, de onde saíram, em 1901, os Regeneradores Liberais de João Franco, (facto que justifica para o elevado partis pris dos Regeneradores contra João Franco…) e no Partido Progressista, de onde saíram os Dissidentes Progressistas de José de Alpoim e também do visconde da Ribeira Brava.
Para além claro, dos Socialistas, dos Republicanos e dos Anarquistas, que se situam fora do sistema monárquico…
E tudo se complica porque o rei Carlos se cansara dos dirigentes anteriores e pretendeu uma liderança forte, ao ponto de ser ditatorial, para renovar o regime e limar os políticos monárquicos. Tal como se cansara de sua esposa a rainha Amélia…
Se havia, ao que parece, segundo o que os actuais monárquicos relatam, a tendência entre os políticos monárquicos, para de tudo atacar o rei, fragilizando-o, o rei Carlos, ao dividir a corte, e ao se colocar de fora dos partidos monárquicos dominantes, abriu a porta para o que se seguiu.
É certo que os actuais monárquicos não referem a existência de cisões na casa real, pelo contrário, assumem mesmo que o rei Carlos temia que algo lhe sucedesse, e assim, no livro Dossier Regicídio, citam um diálogo eu ele terá tido com o tenente coronel José Lobo de Vasconcellos, “Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me, à esquina de uma rua. Mas…que queres tu que eu faça?”, (pág 134).
Ora, como temos visto o tal estado de excitação passava muito pelos meios monárquicos, tanto pelo menos quanto pelos outros meios políticos alternativos.
Finalmente, uma outra e importante nota sobre o rei – ele estaria, segundo os monárquicos hodiernos, prestes a morrer, pois o seu médico, dr Thomaz de Mello Breyner, que terá escrito, “O Rei D. Carlos vem a ser assassinado em 1-2-1908. Poucos mais anos teria de vida”, (pág. 134).
Terá alguém, na corte, pensado em poupar-lhe anos de sofrimento?
Mas, como já vimos, tudo estava em movimento, pelo menos no sentido da abdicação do rei Carlos. E, ainda por cima, tal qual referem os monárquicos hodiernos no livro que tenho vindo a citar, “estimando remota a república, preferiam o modo de vida antigo”, (pág. 87), chegam ao ponte de aprovar o que segue, a 29 de Novembro de 1907,
“ 1º Incompatibilidade com a monarquia absoluta e com o actual sistema de governo; 2º Desaparecimento das medidas tomadas contra as liberdades publicas e garantias individuais; 3º Exame dos actos ditatoriais; 4º Restabelecimento das normalidades constitucionais; 5º Emprego de meios de resistência contra o actual estado de coisas; 6º Um voto de confiança ao chefe do partido, Júlio de Vilhena, para proceder como julgasse melhor”, (pág. 87).
Pouco mais há a acrescentar a este acto de revolta que vai ao ponto de aceitar o direito à utilização da resistência contra a ditadura, como vemos.
Tinha pois o rei razões para se preocupar e, goste-se ou não, as razões não passavam nem pelos anarquistas, nem pelos republicanos.
Há entretanto uma tentativa de “Acalmação” com o rei, já conduzida por Júlio de Vilhena, depois de negociações entre os Regeneradores e o rei, assim como entre os Progressistas e o rei. Mas a contestação já era por demais evidente no próprio seio das elites partidárias e mesmo a opção tomada nas vésperas do natal de 1907, de João Franco marcar eleições para 5 de Abril só vem irritar os aparelhos partidários monárquicos, por assumirem que estas eleições serviriam somente para dar a vitória a João Franco e ao seu partido.
E, de repente, de resistentes à ditadura, surgem as denuncias sobre os agitadores.
E se Paçô Vieira é citado entre os denunciantes do golpe de 28 de Janeiro, os monárquicos hodiernos que temos acompanhado referem, “O 2º sargento Joaquim António de Almeida Lima, de Infantaria 16, aliciado para o movimento de 28 de Janeiro veio denunciar o movimento a 23 de Janeiro. Nos dias seguintes eram presos João Chagas, França Borges, António José de Almeida e diversos oficiais do Exército.. A prisão de Almeida desorganiza os contactos…mas apesar disso republicanos e dissidentes decidem avançar com o golpe…”, (pág. 103).
E pronto, está tudo encaminhado, pelos monárquicos hodiernos, para a responsabilização dos republicanos por tudo o que veio a suceder, Regicídio incluído.
Apesar, como já vimos em texto anterior, da evidente participação neste golpe de, pelo menos eles, um grupo monárquico, os Dissidentes Progressistas.
De imediato morrem, são esquecidas, colocadas no caixote do lixo da história, as opções Regeneradoras de 29 de Novembro de 2007, atrás citadas!
Assim, “João Franco tinha informações suficientes para concluir que em breve uma explosão revolucionária se produziria em Lisboa. Eram particularmente seguidos os passos dos conspiradores no Exército e na Marinha onde o ex Regenerador António Maria da Silva era responsável pela organização e armamento dos grupos carbonários, seguindo as directrizes de António José de Almeida”, (pág. 102), o que releva a aproximação dos regeneradores a este golpe de 28 de Janeiro!
Imaginem a boataria que andaria no ar por este comunicado do Directório do partido Republicano, tido por Jorge Morais, em Os Últimos Dias da Monarquia, como um recuo de Bernardino Machado face ao previsível golpe, “A ditadura, na sua luta contra a vontade da Nação, tenta loucamente suprimir os próprios adversários. À liquidação dos adiantamentos à casa real, segue-se a violência das prisões arbitrarias,…o directório republicano julga necessário, neste momento de sobre excitação, declarar, bem alto, em contraposição aos ditadores, que o que ele, com o seu partido, quer é suprimir todas as opressões e não os homens do regime”, (pág. 38).
E porque era já claro que os golpistas pretendia a eliminação de João Franco, pelo menos, é evidente que o directório do Partido Republicano só tinha de se proteger. De facto, das prisões só se falam de prisões de Republicanos.
A “Acalmação” já estava a dar resultado e os Republicanos temiam e bem o isolamento e a reacção que se previa e que certamente cairia, como caiu, sobretudo sobre eles.
José Alpoim é um dos monárquicos que, claro, não é preso a 28 de Janeiro. Nessa noite, e segundo os monárquicos hodiernos, “São presos Afonso Costa, disfarçado de mulher, o visconde da Ribeira Brava, o tenente Alvaro Poppe, um empregado do elevador, e o dr Egas Moniz, que estava na casa de banho”, (pág. 105). Revolução essa que seria feita com “12 revolveres, 2 pistolas automáticas, 2 carabinas e caixas com cartuchos”, (pág. 105), (muito pouco para uma revolução diga-se). Mais tarde, e no computo geral deste acto revolucionário, onde morre um polícia, são feirdos mais seis, e é ferido um revoltoso, que se saiba, aponta mais de 100 prisões, e constam 175 bombas explosivas apreendidas.
ÀS 16h do dia 28 falhara ainda uma tentativa de assassinato de João Franco, por um grupo de anarquistas, liderados por José Nunes, que foi repelido perto da residência do ditador…
Curiosamente, os monárquicos hodiernos relatam uma denuncia feita junto do rei Carlos, claro que por um deputado franquista que soubera de tudo por via de, claro, um ferrador “republicano convicto” ao que o rei Carlos claro que só podia ter dito, “Eu tenho de ir a Lisboa e vou!” (pág. 106).
Em data obrigatória, um 31 de Janeiro, certamente que não escolhida por acaso, João Franco manda publicar um decreto que impõe a extradição dos revolucionários, enquanto se assistem a mais e mais prisões, estando a esta data já presos “cerca de 200 elementos, entre os quais muitos chefes Carbonários”, (pág. 106) e o rei Carlos é informado por João Franco de que ganhara contra o golpe monárquico/republicano/carbonário/anarquista.
É claro que, agora, dos monárquicos só se fala dos Dissidentes Progressistas, os Regeneradores estavam já do outro lado da barricada.
Mas a traição paga-se caro.
E Alfredo Costa e Buiça encarregam-se de mostrar tal com o Regicídio.
E, evidentemente, continuaremos este texto, agora já com muita da trama delineada e a convicção de que os responsáveis, indirectos, do Regicídio se situavam na corte real e entre os Regeneradores, por muito que eles tenham de seguida traído a revolução que tinham alimentado.

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 13:36
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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2009

Um texto de Andrade da Silva, Militar de Abril, Sobre a Bandeira e o Hino de Portugal

De Andrade da Silva, Um MFA, Um Militar de Abril, recebi, com gosto, o texto abaixo. Porque entendo, de todo, ser útil a mais ampla divulgação, faço-o aqui.

Alguma serôdia Esquerda, nada Internacionalista diga-se, nas vivencias, nas formas de estar, nos actos culturais, desvaloriza a promoção do amor à Bandeira e ao Hino do seu país, neste caso Portugal.

Outra Esquerda, pura e simplesmente, nada estudou sobre o assunto.

Alguma serôdia Direita, também, em um velho espírito retrógrado, recusa o amor à Bandeira e ao Hino do seu pais, neste caso Portugal, por manter o ódio à República.

Outra Direita, também, limita-se a ignorar o assunto.

Já agora passa por aqui também a razão pela qual eu, luso angolano, amando e respeitando duas Bandeiras e dois Hinos, entendi ser de todo essencial, neste trabalho que vou fazendo sobre República, pegar nestes temas, difíceis, da Bandeira e do Hino.


É bom ver um Militar de Esquerda, apresentar-se frontalmente neste debate defendendo a sua Bandeira e o seu Hino, do seu país, Portugal.

Será um Belo tema, para uma próxima Sessão da Academia, sobretudo de uma Academia que se quer da CPLP.

Por isso divulgo este texto.

Joffre Justino


Caro Amigo

Concordo plenamente que alguma formação ao nível da História de Portugal dos nossos deputados e do governo seria muito importante. Não faz nenhum sentido que quem nos governa, ou representa, não conheça com a devida profundidade a nossa história que é um património de todos nós, dos nossos pais, avós e, bem mais, antigos ascendentes.

É grave e mesmo indecoroso essa ignorância da História Pátria, mas também Mátria, por parte de deputados, governantes, militares e cidadãos em geral, porque é essa a alma, a substância que nos torna todos concidadãos desta pequena-grande comunidade: PORTUGAL!

Também é grave que deputados e outros cidadãos confundam a nobreza e o desígnio de ser MILITAR, um servidor com doação completa à Nação Povo, com a patologia grave e esquizofrénica do Militarismo.

No meu tempo de Academia Militar dizia-se que até com um militar ia-se bem para o Inferno, enquanto, com um militarista íamos mal para o céu. Concordo com esta visão. Num militarista vejo a figura tenebrosa de um Pinochet, num militar vejo a figura excelsa de Nuno Alvares Pereira.

Também quem quer ver militarismo no nosso hino, desconhece o valor máximo do altruísmo de marchar contra os canhões pela independência e pela liberdade.

Quem nunca soube o que é amar de um modo ardente a Pátria e os seus concidadãos, não pode compreender uma só letra da palavra coragem, e, muito menos, o que seja a sua prática. É, por isto, que essa gente nunca entendeu a gesta heróica da Revolução do 25 de Abril 74 que ombreia com a Fundação da Pátria, A Revolução de 1383, A Gesta dos Descobrimentos, Os Lusíadas, A Libertação de Portugal do jugo Espanhol (1640) e a Revolução Republicana do 5 de Outubro de 1910.

O nosso hino é vermelho da cor do sangue do povo republicano e também verde, como a bandeira, verde da certeza de que o sonho de uma dia virmos a ser uma República, republicana, ao serviço do Povo e de Portugal nascerá, num destes "dias inteiros " que Abril fez renascer.

abraço
Asilva
publicado por JoffreJustino às 11:45
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Quinta-feira, 5 de Novembro de 2009

Meu Caro Dr. Savimbi, Meu Mais Velho (Os Amigos Contra Que Me Perdoem, Mas Não Posso Calar…)

“Passando por anos da politica “soft”
de Clinton de promover a guerra
biológica pelo lançamento de desfolhantes químicos
que destruíram milhares de kilómetros quadrados de
lavras lançando a fome e a degradação sobre as populações
afectas à Unita, a nova Administração americana de Bush
resolve-se pela rápida eliminação física da Oposição angolana,
que virá a culminar com o assassinato de Jonas Savimbi utilizando
a aviação com pilotos israelitas e tecnologia GPS (num processo similar
ao utilizado por Israel para matar o sheik Yassin na Palestina).”
Noticia enviada pelo meu amigo Corte Real


Pois é, se não foi da maneira acima, foi em moldes algo semelhantes que foste assassinado, ou que te deixaste assassinar, leader politico que eras e que deixarias de ser se te entregasses.

Entre a guerra pela Democracia em Angola, a guerra contra os interesses petrolíferos sediados em Angola, a guerra entre a De Beers, os canadianos e os russos, pelos diamantes, foste eliminado inútil e injustamente.

Diz-me agora, também, o texto que o meu amigo Corte Real me envia que o sr Falcone, hoje preso em França, (finalmente! Deus não dorme!), agora já sem a protecção de Luanda, terá entregue à campanha pela eleição do sr Bush, filho, 100 milhões de dólares, facto assinalado pela NEWSWEEK, e que já terá dado direito a uma reacção do sr Bush, que informou que irá devolver a dita doação.
Devolvida ou não terá ela tido influencia no teu assassinato? Será por consequência desta doação que terá acontecido a decisão, se a houve, que conduziu ao teu assassinato?

Diz ainda a noticia que me foi enviada que Angola terá pago da dívida dos 2,2 biliões de dólares, cerca de 270 milhões de dólares, a Portugal, referente a uma antiga e sempre crescente dívida, que salvou o dr Durão Barroso e o seu governo PSD, nas suas relações com a União Europeia e perante o Pacto de Estabilidade e Convergência, PEC, a que os países europeus estão obrigados, também para obter a autorização internacional e os meios necessários para que fosses assassinado.

Valeste, meu mais Velho, se tudo o que se noticia for verdade, muito!

Valeste tanto que tiveram de envolver, para além do que acima está, seja ou não verdade o real foi bem semelhante, toda a máquina das Nações Unidas para te destruir, num cerco inexorável, antidemocrático, totalmente contra todas as regras de um autêntico Estado de Direito, mas que se mostrou, fascistamente, totalitariamente, eficaz.

Mas valeste ainda mais, pois foste a esperança de largos milhões de Angolanos, que contigo viveram alegremente, eu vivi-o, a Esperança da Democracia em 1992, até á Fraude Eleitoral, (ou, se quiserem, consciências “tranquilas”, até à não realização da 2ª volta das Eleições Presidenciais de 1992).

Na verdade, valeste bem mais, bastante mais e ficarás por isso na História, por muito que tentem anular-te “oficialmente”.

Nota,

Já temos um principio de regime democrático em Angola, (falta por exemplo um Poder Local e regional democraticamente eleito), a economia vai-se acelerando, a Educação para Todos começa a surgir, a Saúde para Todos há-de acontecer, e o Bem Estar para Todos, num Desenvolvimento Sustentável, também.

E se uns tantos tiveram de sofrer para tal, ainda assim valeu a pena, não é meu Mais Velho?

Até porque a verdade está a vir ao de cima e como disse já só faltam os pedidos de desculpa e as indemnizações que temos direito!

Lá nos veremos meu Mais Velho,

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 09:19
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Quarta-feira, 4 de Novembro de 2009

(11) Enquanto Republicano e Laico, Sobre o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e a Laicidade

A Liberdade Religiosa, todos o sabemos, é um conceito complexo.

Por exemplo, um Crente em Deus, na Bíblia, mas que, por entender a Bíblia dessa forma, não aceite a existência de símbolos religiosos, como se expressa?

E a não expressão, o silêncio, sobre a espiritualidade, algo bem mais lato que a religiosidade, e também sobre a religiosidade é o meio adequado para sustentar a Liberdade Religiosa, que passe também pela aceitação do não religioso e do anti religioso?

In God We Trust eis uma frase que, espantemo-nos para quem nunca reparou, está nos dólares americanos, o Estado mais Laico que se conhece, mas também o Estado onde o debate sobre os aspectos espirituais e religiosos é mais intenso, como sabemos, com o intenso debate em volta de criacionistas e evolucionistas.

Nos EUA são mais que muitas as Igrejas, as confissões religiosas, os grupos espirituais. No entanto, eles são também o Estado que mais respeita a Liberdade Religiosa, ou o direito a não ter nenhuma religião.

A Itália é o contrário. Construído, o Estado Italiano, por Laicos, o poder do Vaticano cedo se mostrou por demais pesado e por isso, ter sido Itália penalizada, pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, pelo uso de crucifixos nas salas de aula,

E, claro, tanto Estado quanto a Igreja Católica do Vaticano assumem-se não laicamente, no contexto tradicional deste conceito, decidindo já que recorrerão da sentença.

Sou dos que defende que a Laicidade nada tem a ver com a espiritualidade, melhor dizendo, é obrigatório ser-se laico para se ter uma saudável espiritualidade, com Deus.

Antes do mais porque a relação com Deus, até segundo a Bíblia, é individual.

Depois porque foi Jesus Cristo que disse A Deus o que é de Deus e a César o que é de César, o mais forte lema Laico que eu li.

Finalmente porque na Bíblia está por demasiadas vezes escrito que não é espiritualmente aceitável, para não dizer que é altamente condenável, adorarem-se símbolos…

Mas a Liberdade Religiosa obriga-me, precisamente, a reconhecer à Igreja Católica de Roma o direito de adorar símbolos. Mesmo que não concorde com a utilização de símbolos, na minha vida espiritual.

E, nos seus espaços, nos espaços públicos solicitados para o efeito, e autorizados, os expor.

Porque – a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.

Ora, o erro está em autorizar-se a exposição de símbolos religiosos, de uma única congregação religiosa, nas salas de aula.

Como está também no facto de não se reflectir sobre a forma adequada de demonstrar o mesmo respeito, pelos restantes símbolos, quando se acredita na sua utilização, para que os nossos símbolos sejam também respeitados, ou pela inexistência de quaisquer símbolos na relação espiritual com Deus, ou ainda pela inexistência de qualquer relação com Deus, quando não existe essa Crença.

A alternativa seria colocar nas salas de aula os símbolos todos de todas as congregações religiosas existentes nas turmas que frequentem essa sala?

Talvez…

Mas colocar somente uma única tipologia simbológica é que garantidamente não.

Porque nem a razão da antiguidade o justifica, já que essa antiguidade não foi livremente consentida.

Seja em que espaço cultural religioso for.

Vivemos, dos anos 1910, aos anos 1926, em Portugal, uma República Laica.

Não foram todas as confissões religiosas, mas sim católica de Roma, quem originou, inclusivamente, uma Guerra Civil perante a separação do Estado e das Igrejas, imposta pela Lei da Separação da Igreja do Estado de 20 de Abril de 1911.

No entanto, o Estado, gerido na altura por uma maioria de ateus, isto é de cidadãos que não querem ter qualquer relação com Deus, por rejeitarem a sua existência, até aceitava a oportunidade, nessa Lei, de apoiar os profissionais da religião católica de Roma…

Vivemos de seguida, durante o consulado salazarista e marcelista, num estado tão religioso quanto os Estados Islâmicos, e, por tal, tão errado quanto eles.

Vivemos, hoje, ainda, em um Estado semi laico, que utiliza o argumento da antiguidade do papel da igreja católica de Roma, para manter essa lógica semi laica, semi religiosa, argumento que como vimos foi rejeitado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem .

Tem sido, como vemos, por demais lento o tempo dispendido na concretização do percurso que Jesus Cristo já defendeu há mais de 2000 anos – a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.

Mas há que saudar esta decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, pois é um importante passo que terá repercussões em Portugal também, este país, Teocrático que foi, laico que também já foi…

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 11:31
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