Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008
Pois é, lá se ganhou uma prata com Vanessa Fernandes e lá se foi mais uma hipótese de uma medalhita olímpica pois Francis Obikwelu não conseguiu satisfazer os desejos dos portugueses verem a sua bandeira em um pódium olímpico.
Ao contrário de Espanha, a outra potencia da 1ª Globalização, Portugal, desde o século XIX que tem vindo a ser afastado da ideia de ser uma potencia, a par e passo, e, agora, nem com uma adesão nigeriana foi possível obter uma presença olímpica. No entanto, a verdade é que não terá havido português nenhum que não tenha perdoado a Francis Obikwelu o não ser um português nativo
hábitos, penso, que vêm dessa 1ª Globalização.
Vivemos hoje a 3ª Globalização, em uma sua nova fase, a fase pós Geórgia, que pôs fim ao período pós Muro de Berlim, durante o qual o Mundo foi, inequivocamente, unipolar.
Perdida por entre metafísicas nacionalistas serôdias, a União Europeia nem no período pós Muro de Berlim se conseguiu posicionar adequadamente, em particular depois das divergências Chirac/Tony Blair, que a dividiram e colocaram parte da União Europeia ao lado, diria melhor ao serviço do sr Bush, aquando do conflito com o Iraque, momento óptimo que foi para distanciar a União Europeia do poder unipolar dos EUA.
Sem politica externa comum e sem política de defesa comum, a União Europeia vive sem estratégia possível, ao contrário dos EUA e da Rússia de Putin e a Geórgia pagou tal, ainda que se tenha posto a jeito para que tal acontecesse.
Mais que a questão energética, estava e está em jogo, na Geórgia, a questão das fronteiras extensas que uma potencia mundial necessita de ter, e a Rússia ganhou, pelo menos esta fase, (d)o conflito o sr Bush, para além de declarações de circunstância, acompanhadas por declarações de circunstância também da NATO, deixou o seu aliado, a Geórgia, encostado a uma derrota vergonhosa enquanto que a União Europeia não conseguiu mais que um acordo a dois tratados diferentes, um com a Rússia e outro com a Geórgia, facto no mínimo incómodo para o futuro da região.
O conflito entre a Rússia e a Geórgia não é mais que isto uma expressa declaração por parte da Rússia, de que Não Passarão, dirigida à União Europeia e aos EUA, seguida de um reconhecimento, por estes, do facto consumado.
Resta, ainda, saber como reagirá de seguida a China, a próxima parte do Multipolarismo, terminada que seja esta fase colorida dos Jogos Olímpicos de Pequim, já que da União Europeia pouco consta.
A NATO encostou aos boxes na Geórgia, deixando sem rede um seu aliado, e a gravidade da situação recairá sobretudo para esta União Europeia sem politica de defesa nem politica externa e que vive ainda a discussão dos tratados constitucionais sem uma elite que seja capaz de explicar ás nações europeias a importância da sua Unidade nesta 3ª Globalização, 2º período da mesma.
Tal mostra como o guarda-chuva americano tem limites, mesmo na 3ª Globalização, diria sobretudo nesta 3ª Globalização e que a União Europeia se arrisca, a prazo, a apanhar mais que uns simples pingos de chuva.
Como mostrou ainda que isto de apoiar propagandistas da Democracia, mas que a praticam com dificuldade, a nada conduz.
Recordemos, a titulo de exemplos acrescidos, o vivido em Angola, com a China a ser a sua potencia mandante, de forma crescente, e o vivido com o Zimbabwe, com um hitlerzito a ser mantido perante a divisão no seio da União Europeia e que, tendencialmente, será mais um mandado da China, a prazo.
Os passos que estão a ser dados ocorrem de forma inexorável. As demarcações de território estão a ser feitas, de forma transparente, (ninguém pode negar que as não conhece), e a verdade é que a União Europeia se mantém, heroicamente, fora de jogo, ainda que, felizmente, com alguns recuos de posicionamento, como o havido entre o sr Chavez, da Venezuela, o sr Juan Carlos, de Espanha, que já aprenderam a brincar com as palavras ditas sem se zangarem.
Na verdade, ou a União Europeia aprende rápido, procurando recuperar para o seu lado os populistas latino americanos, ou, com este reposicionamento internacional, teremos a breve trecho mais uns tantos países, Venezuela, Bolívia, Paraguai, talvez até o Brasil, a terem de encostar, (como já sucedeu na década de 50 com Cuba) ou à China, ou à Rússia.
Perante uma teimosa pseudo liberalização económica tendencialmente geradora de conflito perante povos cansados de serem espoliados das suas riquezas, (para as mesmas caírem nas mãos de transnacionais que dificilmente se podem denominar de ocidentais, pois não surgem com nenhuma das suas marcas dominantes, nem americanas, nem europeias), a União Europeia em pouco se demarca nem dos EUA, nem do lobby transnacional, apesar de instrumentos jurídico económicos que dinamiza, como a Responsabilidade Social e que seriam óptimos instrumentos de demarcação tal qual foi o Estado de Bem Estar...
A economia de mercado não se compadece hoje com a espoliação do que lhe dá vida os seus consumidores. E os latino americanos são, antes do mais, consumidores com direitos, políticos, económicos, sociais e culturais, cansados de não os ter.
Os georgianos foram lançados para um conflito dramático pela desastrada política de um georgiano populista, aventureiro, de direita. Na Venezuela, na Bolívia, no Paraguai, temos populistas de esquerda, aparentemente um pouco mais capazes, menos aventureiros e curiosamente mais audazes.
Saiba a União Europeia não os deixar cair em próximas armadilhas.
O que é, diga-se, ainda duvidoso, perante a falta de política, à direita e à esquerda, desta que deveria ser a 2ª força do planeta.
E, mais curioso ainda, os EUA visivelmente só teriam a ganhar com a existência de mais um peão forte em jogo, o que parece que alguns da elite europeia ainda não entenderam, temerosos que são de perderem a vida fácil de deixar para os outros a má fama....seja ela de esquerda ou de direita
Joffre Justino