Terça-feira, 31 de Janeiro de 2006

…Um dos Custos da Democracia….o Marketing Político

Um belo texto pode ser estragado com uma leitura linear da “realidade”. O texto de Paulo Ferreira, no PUBLICO de 24 de Janeiro, interessante que está, até pelo tema, (recoloca, indirectamente e bem, a questão do Custo da Democracia), é de tal prova.



Repita-se que bem e muito em linha contrária de um tema simplesmente absurdo, também levantado em o PUBLICO aquando das eleições autárquicas, que trouxe à baila a questão das “férias” dos candidatos a estas eleições.



Nessa altura foi posta em causa o direito a serem dispensados da actividade laboral os candidatos a estas eleições, dadas as “consequência na actividade económica” deste acto eleitoral, por consequência do absentismo que o mesmo causa.



E causa, diga-se. É, efectivamente, um custo da Democracia…só que, o que deveriamos ver é o ratio Custo/Benefício, no plano estritamente económico, de tal e não quedarmo-nos somente na leitura dos Custos…



Hoje surge o tema – as campanhas “ricas” geram melhores resultados?



Trata-se, no fundo, de analisar a capacidade de conquista de “quota de mercado”, por parte dos candidatos.



Para tal, penso, as contas que Paulo Ferreira apresenta, estão à partida mal orientadas, originando, por isso, uma leitura errada.



De facto, a verdade é que os candidatos tinham, para “conquistar mercado”, as seguintes verbas,





Mario Soares

(2º Orçamento mais elevado)
Jerónimo de Sousa

(4º Orçamento mais elevado)
Francisco Louçã

(5º Orçamento mais elevado)
Cavaco Silva

(1º Orçamento mais elevado)
Manuel Alegre

(3º Orçamento mais elevado)
Garcia Pereira

(6º Orçamento mais elevado)

2949521
1100000
546948
3700000
1500000
22050








Vejamos os Resultados,…





Mario Soares

(2º Orçamento mais elevado)
Jerónimo de Sousa

(4º Orçamento mais elevado)
Francisco Louçã

(5º Orçamento mais elevado)
Cavaco Silva

(1º Orçamento mais elevado)
Manuel Alegre

(3º Orçamento mais elevado)
Garcia Pereira

(6º Orçamento mais elevado)

3º Maior Resultado
4º Maior Resultado
5º Maior Resultado
Candidato Vencedor
2º Maior Resultado
6º Maior Resultado






Perante esta reanálise dos Orçamentos disponíveis, em valores globais, fica claro algo bem diferente do que Paulo Ferreira apresenta – dos 6 candidatos as únicas posições que não coincidem com os orçamentos dispendidos são as posições entre o 2º e o 3º candidato.



Mais, a realidade destas eleições mostra que o Candidato com o Maior Orçamento foi o Candidato realmente mais votado, o Vencedor portanto.



Desta forma, fica não provada a tese que Paulo Ferreira apresenta como sendo de Steven Levitt. Na verdade, nestas eleições, o dinheiro comprou os votos correspondentes ao dispendido, com duas excepções em 6.



Afinemos, entretanto, um pouco mais a análise, procurando ver, por voto, quanto custou cada campanha.



No entanto, e seguindo a linha atrás assumida, da “conquista de mercado”, temos de ter em conta que o Mercado é o global dos eleitores, 8 932 979, segundo o PUBLICO de 23 de Janeiro, página 3 e não o nº de votos que cada candidato obteve. Então, a situação de partida é a que segue,



Mario Soares

(2º Orçamento mais elevado)
Jerónimo de Sousa

(4º Orçamento mais elevado)
Francisco Louçã

(5º Orçamento mais elevado)
Cavaco Silva

(1º Orçamento mais elevado)
Manuel Alegre

(3º Orçamento mais elevado)
Garcia Pereira

(6º Orçamento mais elevado)

2949521
1100000
546948
3700000
1500000
22050

33 centimos – 3º lugar
12 centimos – 4º lugar
6 centimos - 5º lugar
41 centimos – 1º lugar
16 centimos – 2º lugar
2 centimos - 6º lugar








Penso pois que Paulo Ferreira confunde-se quando constroi um quadro de custo por voto, relacionando o dispendido por cada candidato com o nº de votos que ele obteve…quando o que se deve relacionar é o dispendido com o nº total de votantes “a conquistar”.



Realço por outro lado que, na minha opinião, os resultados obtidos, o nº de votantes que teve cada candidato, deverão ser considerados a Receita da actividade e não o Custo da Actividade.



Assim, face à tentativa de “conquista de mercado”, os resultados obtidos, isto é a “quota de mercado” atingida, foi,





Cavaco Silva




Manuel Alegre


Mario Soares


Jerónimo de Sousa


Francisco Louçã


Garcia Pereira



2745491 Votos
1124662 Votos
778389 Votos
446428 Votos
288224 Votos
23650 Votos




Sem dúvida nenhuma que o Marketing funcionou, tendo em conta as verbas dispendidas.



É certo que nesta campanha, Presidencial, na verdade, cada candidato busca o Pleno. Isto é, perante uma dada quota de mercado obtida, o candidato vencedor toma, em consequência e dadas as regras deste Mercado-tipo, o Pleno do Mercado por um tempo prédefinido.



Tal justifica a diferença, substancial, de verbas disponibilizadas por cada candidato. Dos 6 candidatos existiam somente 3 que, à partida, se poderiam assumir enquanto potenciais Vencedores – Cavaco Silva, que venceu, Mário Soares que não venceu e Manuel Alegre que também não venceu.





Mario Soares

(2º Orçamento mais elevado)
Jerónimo de Sousa

(4º Orçamento mais elevado)
Francisco Louçã

(5º Orçamento mais elevado)
Cavaco Silva

(1º Orçamento mais elevado)
Manuel Alegre

(3º Orçamento mais elevado)
Garcia Pereira

(6º Orçamento mais elevado)

2949521

30% do total das verbas dispendidas
1100000

11,2% do total das verbas dispendidas
546948

5.6% do total das verbas dispendidas
3700000

37,6%

do total das verbas dispendidas
1500000

15,3%

do total das verbas dispendidas
22050

0,2%

do total das verbas dispendidas










Ora as verbas que cada um orçamentou mostra bem os vários niveis de diferença de empenho nas eleiçoes, na actividade de marketing enfim, entre os candidatos – dos 3 potenciais ganhadores dois situam-se na zona dos 30% do total das verbas disponibilizadas, Cavaco Silva com 37,6% e Mário Soares com 30% e um outro, Manuel Alegre, com 15,3%, mesmo assim apresenta-se com um valor 36% acima do valor apresentado pelo 4º lugar, em resultado final. A meio situa-se o 4º candidato situando-se tanto o 5º quanto o 6º candidatos bastante abaixo deste 4º.



Tal mostra como os posicionamentos à partida, no potencial mercado, surgem logo diversificados, pelos próprios candidatos. Os três ultimos candidatos reflectem pois a impossibilidade, à partida conhecida dos mesmos, de ganharem.



Dir-se-á que os valores dispendidos resultariam somente da capacidade financeira de cada candidato. Mas, se, em principio esta limitação existe, a verdade é que, como se vê com a candidatura de Manuel Alegre, existe “mercado” para angariar largos apoios a uma candidatura presidencial.



De facto, quanto aos restantes é sempre possivel dizer que as capacidades financeiras resultam dos apoios partidários, mas Manuel Alegre obtem 1 500 000 euros de forma relativamente independente.



E esta verba coloca-o como sendo o 3º candidato financeiramente mais apoiado, o que releva a disponibilidade existente para estes apoios, como se disse acima.



Finalmente, mas é uma outra matéria, face ao objectivo deste texto, resta procurar entender a razão pela qual o candidato Mário Soares se quedou no 3º lugar, tendo sido o segundo candidato em verbas dispendidas .



Na lógica estrita da concorrência na busca de “quota de mercado”, sem dúvida que a principal razão residiu na concentração das oposições sobre este candidato.



De facto, ele foi alvo dos ataques de todos os outros marketeers. Os cinco restantes candidatos ligando-o ao poder governativo, do passado socialista e o actual, tinham nele um alvo fácil a contraditar dado que dos cinco, quatro buscavam votos, “mercado”, na mesma “grande quota” de “mercado” – a Esquerda.



Objectivamente, portanto e no plano estrito do marketing, a não haverem desistências à Esquerda, o que não sucedeu, o alvo dos ataques se concentraram sobre esta candidatura e o eleitorado, o “mercado”, reagiu como tinha de reagir a estes ataques – afastando-se da sua candidatura.



Outras razões existiram. Mas esta seria suficiente para a perca de “quota de mercado” por parte do candidato Mário Soares.





Joffre Justino
(infelizmente os quadros saiem mal neste contexto do blog...)
publicado por JoffreJustino às 13:06
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uma nota do meu amigo lobitanga

Neste campo, tal como na agricultura, pecuária e pescas os portugueses estavam nas melhores condições para liderar a reconstrução e desenvolvimento. Só que, como sabes, não cometeram um ou outro erro mas permanentes erros e durante décadas (e continuam) no que concerne o relacionamento com Angola. Portugal é o campeão das oportunidades perdidas quer em África quer na Europa.

Um abraço,



Lobitanga
publicado por JoffreJustino às 13:04
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Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2006

A subserviência não Paga…

A estrada que liga Luanda ao Lobito, foi projectada e desenhada também pelo meu pai.

Na verdade são 497 quilómetros, de uma estrada litoral que, segundo as noticias serão, finalmente, reabilitadas durante este ano de 2006, depois de terminada esta guerra civil há já 4 anos.

Trata-se de um enorme passo em frente na dinamização da economia nacional angolana, pois esta ligação entre dois portos angolanos, como Luanda e Lobito, será um elemento central de potenciação dos mesmos, além das implicações locais que esta estrada tambem tem, no seu percurso.

No entanto, não sei bem se o meu pai, se estivesse vivo, velho republicano liberal e antisalazarista que era, ficaria feliz.

Não sou xenofobo, mas ler que um técnico chinês disse, “Queremos aplicar as experiências chinesas em Angola sem defraudar a confiança que foi depositada em nós, garantindo que os angolanos possam viajar de forma rápida e confortável nesta estrada a partir de Dezembro", frase de Ju Lizhao, representante da China International Found, empresa responsável pela obra, esquecendo-se toda a experiencia portuguesa de séculos, no desenho e desenvolvimento da melhor rede de estradas de África, especialmente desenvolvida no pós 1950, não deixa de impressionar.

Quem conhece Angola sabe que a estrada Luanda/Lobito, a principal via de acesso à capital angolana pelo sul do país, como diz a noticia, se encontra em "um elevado grau de danificação", pelo que se torna necessário proceder à "remoção completa do pavimento", em consequência de más manutençoes anteriores e, também, da guerra civil.

Mas sabe também os anos todos, de tratos de polé e guerra civil, que ela sobreviveu.

Segundo as noticias “As obras, com uma duração prevista de 12 meses, estão orçadas em 25 milhões de dólares e vão envolver 1.125 trabalhadores, dos quais 620 são angolanos e os restantes 505 de nacionalidade chinesa.”, sendo estes aspectos outros tantos de preocupação, em especial se recordarmos que uma parte não inferior a 80% dos angolanos so poderão ser inseridos no Mercado formal de trabalho com obras deste tipo, pelo que não se entende, em razões angolanas, a utilização de 550 cidadãos de nacionalidade chinesa.

Não se entende que esta obra não tenha comparticipação portuguesa, até porque, segundo a mesma noticia, “ A ligação entre Lobito e Benguela, numa extensão de cerca de 27 quilómetros, também está a ser reabilitada, numa empreitada que foi adjudicada em finais de Agosto à construtora portuguesa Mota-Engil”, denotando esta diferença entre a importância das obras, a influencia da economia portuguesa na economia angolana, sabendo-se sobretudo que algumas das empresas de construção civil e obras publicas hoje dominantes em Portugal, nasceram e adquiriram knowhow precisamente em Angola.

Não posso deixar de imputar responsabilidades a governaçoes portuguesas anteriores à actual, pois, tendo elas sido especiais aliadas do partido dominante no actual Governo, permitiram que estas situações viessem a acontecer.



A perca de influencia vê-se por estes resultados….



De facto, até parece que não foram quadros portugueses, empresas portuguesas e técnicos portugueses que estiveram na raiz da actual rede de estradas de Angola.



O know how inerente não foi, visivelmente, acompanahdo pelo marketing necessário para que as obras a realizarem-se fossem conquistadas, neste mercado global onde hoje vivemos.



Não culpo, de forma alguma, os chineses. Eles, neste mercado global, cumprem e defendem o seu papel, concorrendo com as restantes entidades e países.



Se ganham as obras, e os seus concursos, os chineses que nem foram especiais aliados do MPLA nesta guerra civil, ao contrario dos governos portugueses, provam que sabem gerir, brilhantemente, o seu marketing internacional.



E o meu pai, que sendo engenheiro foi também um gestor de Obras, sabenmdo portanto o que custa ganhar uma obra, tirar-lhes-ia o chapeu, mesmo que triste, como eu faço agora.



Ficou provado que a subserviencia não paga.



O marketing sim.





Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 21:18
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Terça-feira, 24 de Janeiro de 2006

Uma apreciação de Pedro Marques...

Não querendo minimizar a tua excelente análise.

Não contarão também um pouco o perfil específico dos candidatos?

Em minha opinião o Alegre tinha contra si uma certa imagem de “poeta que é político de oposição” (até no seu partido)… E o Soares a idade e o facto de já ter sido 2x PR. Penso que isto diminui o peso da conclusão de que o resultado poderá ser um aviso à governação do Sócrates…
publicado por JoffreJustino às 17:14
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uma resposta da Leonor

Sem perceber nada do assunto…o que eu acho é que a classificação esquerda/centro/direita é redutora, pois são muitas as sensibilidades à esquerda e à direita. Se grande parte do eleitorado vota como se de convicção clubista se tratasse ou tradição familiar…outra parte vota em pessoas/competências e projectos, e obviamente fez a sua análise das figuras tristes, dos amuos e desconsiderações entre gente que se suporia mais fraterna…



Enfim a verdade, é que apesar da brilhante “campanha” destas últimas 2 semanas, de grandiosos investimentos previstos para vários pontos do território…não foi suficiente para ofuscar a falta de imaginação e organização do que designa de centro esquerda…



Beijinhos….e obrigada por me dar a oportunidade de partilhar a minha opinião



Leonor
publicado por JoffreJustino às 14:21
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Ainda não deram por isso?...…O Povão está mesmo zangado!

De tempos a tempos, acompanhando as crises que Portugal atravessa, a Esquerda Radical Portuguesa renasce, mostra-se, com um vigor inesperado, deixando analistas e experimentados políticos assombrados com o que vêm...



Noutras alturas, essa parte da Esquerda esvai-se, parecendo morta, estando como se nunca tivesse existido,…



…. eis o que nos mostram as eleições presidenciais portuguesas, mesmo esquecendo as eleições aos tempos da “Revolução”…



Basta, na verdade, ler o que nos mostra uma abordagem, simples, linear, dos resultados eleitorais de ontem, 22.01.06, vividos em Portugal, comparando-os com outras eleições presidenciais.



Ontem, Manuel Alegre, mas não só, fez renascer essa fenix estranha, que nos acompanha em todas eleições, a maior parte das vezes, no entanto, adormecida.





Vinda dos tempos Otelistas, dos sonhos dessa Esquerda basista, dita pura, inocente, poética, dita herdeira dos velhos anarquistas poortugueses e das suas fortes influências ao tempo da monarquia e da República, ela, a Esquerda Radical, lá vai recordando o quão latino é este país, o quão exigente é este povão a quem uma parte essencial da elite, à Direita e à Esquerda, parece desconhecer.



Não deixa, claro, de ser impressionante, tal renascimento periódico.



Como se esta parte do eleitorado sentisse a necessidade de ir recordando, estamos cá, presentes, como se fosse importante esse aviso à navegação, para que esta nossa Democracia não se esvaia no vazio destes pequenos momentos eleitorais, não se esqueça de que em outros momentos ela, a Democracia, económica, social e não só política, tenha também de ser vivida.



Não se trata somente da percentagem de votos que os resultados nos mostram, 34,62% do eleitores votam radicalmente em 2006, em Portugal.



Trata-se sobretudo de verificar que estes 34,62% de eleitores significam 1 902 968 votos, mais 298 140 votos que em 1986 Salgado Zenha e Lurdes Pintasilgo, outros 2 apadrinhados por esta Esquerda Radical conseguiram obter, tambem num pleito Presidencial, também em tempos de crise, mesmo que já em fim de crise…



Considerando que o professor Cavaco Silva não obteve mais que 50,59% de votos, não tendo atingido sequer o score eleitoral do professor Freitas do Amaral, não parece ser substancial, no plano da leitura polítca, claro, ater-me ao seu resultado.



As eleições são, em geral, meros momentos, caracterizadores de estados de espírito dos eleitores, na maior parte das vezes conjunturais e definidores de reacções perante essas mesmas conjunturas.



E, ao Centro e à Direita, foi o que sucedeu – nada de novo.



A Direita ideológica cedeu mais uma vez às aspirações de controlo de uma parte do Poder Político, por parte do Poder Económico, e não se apresentou ao “mercado” eleitoral, deixando essa tarefa para o Centro Liberal.





É claro que por isso continuará penalizada, não existindo.



À Esquerda isso sim, valeu este acto eleitoral.



O seu eleitorado recordou à classe política da Esquerda que existe, que manda, que tem peso.



E, mais uma vez clarificaram-se posiçoes – a Esquerda portuguesa é dominantemente Radical e Populista, felizmente que, face às retsantes componente da esquerda, nesta área, com fracos dirigentes, nos planos da organização e da motivação dos seus eleitores.



O Centro Esquerda, viu-se, não é, neste momento, maioritário à Esquerda em Portugal, o Centro Esquerda está ali à vista com os resultados deste Pai desta nova Pátria Portuguesa, Mário Soares – os visiveis 14,34%, 778 389 votos que Mário Soares obteve.



É claro que em outra altura, em eleiçoes legislativas, em principio, reforce-se somente em princípio, esta Esquerda Radical, naquilo que é a sua componente dominante, a que votou em Manuel Algre, tenderá a regressar ao somatório de familias de Esquerda que é o PS.



Por isso, o PS tenderá a manter, como base de partida, os habituais 35% dos votos, e tenderá sempre a ser capaz de retirar umas margens ao Centrão português, o suficiente, como já se viu com Socrates, para se atingirem maiorias absolutas governativas.



É isto algo de completamente novo na Esquerda? Como se vê com as eleiçoes de 1986, não, não é nada de novo.



Somente porque a esta Esquerda Radical falta-lhe capacidade de liderança, sobretudo de Organização e de Motivação.



Somente porque a esta Esquerda Radical Portuguesa lhe falta o rasgo de imaginação de uns Verdes alemães, tal como falta ao Centro Esquerda Português, a capacidade de concretizaçao de ideias, políticas, sociais, culturais, dinamizadoras, mesmo tendo-as, porque as tem.



No entanto, o recado ficou, mais uma vez, dado pelo eleitorado. Ele está lá, bem presente, capaz de se afirmar. Ele, o eleitorado, existe. Ela, a liderança, não existe.





Porque se Mário Soares tem essa enorma capacidade motivadora, essa enorme capacidade de assunção de ideias, sozinho não teve capacidade de organização e concretização.



Por isso perdeu eleitorado desta vez e, perdendo ele, perdeu o Centro Esquerda.



E a Esquerda Radical, se tem, periodicamente, capacidade de mostrar que tem eleitorado, não tem rasgo na acitividade, não tem projecto, e não tem capacidade de organização e de concretização.



A Esquerda note-se, de qualquer forma, está viva, mexe, borbulha. E, sobretudo, mais uma vez, deu a cara, contou votos, marcou posiçoes.



Por esse aspecto, estas eleições foram especialmente úteis em Portugal.



Sabemos o que cada componente à Esquerda, neste momento, vale. Uns pós acima, uns pós abaixo.



O aviso foi dado também á governação de Sócrates e foi forte o aviso. A crise a Esquerda suporta bem. O que ela visivelmente não suporta, é o esquecimento de projecto, a não assunção de projecto.



Não basta a Economia. O que conta é a politica dirigindo a Economia. E, na politica, de politica, fala-se pouco, age-se pouco neste país.



É otimo trazermos investidores para Portugal. É fundamental redinamizarmos a Economia.



Mas é determinante distinguirmo-nos.



Diferenciarmo-nos, como diz o já velho marketing.



Diferencie-se então em Portugal ao Centro Esquerda.



Para que o Centro Esquerda recupere até, pelo menos, aos 1 443 683 eleitores que Mário Soares teve em 1986, à 1ª volta.



Ora se o Centro e a Direita, respeitavelmente, são Contenção e Conservadorismo, que seja o Centro Esquerda Liberdade e Imaginação.



Porque se o povão está zangado com o Centro Esquerda…não valerá a pena que o Centro Esquerda pense que ele tem, pelo menos alguma, razão? E, por ele, puxar um pouco mais pela Imaginação?



Talvez olhando para a Educação…talvez olhando para a Qualificação das Pessoas, talvez pensando no Futuro a que este povão quer ter direito…







Joffre Justino



Nota: alguma inexperiencia impede-me de colocar aqui o quadro de resultados presidenciais que o texto tinha...
publicado por JoffreJustino às 14:19
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Segunda-feira, 2 de Janeiro de 2006

…E pagaram para ouvir…OLÉÉÉɅ.!!!!!

Foi assim, na SIC, esta televisão, privada, cada vez mais bacoca….lamento dizê-lo até porque defendi a privatização dos canais televisivos e é com tristeza que assisto, (pouco porque raramente assisto aos programas de televisão…), a esta degradação deste essencial meio de comunicação entre as pessoas…

Estamos, note-se, no século XXI, não nos meados do século XX e espera-se que as televisões nos informem, nos divirtam, nos permitam estar atentos à vida que nos rodeia.

Na verdade, na SIC, pelas 24/0h de um final de ano, 2005/6, uma apresentadora limitava-se a gritar, histericamente, OLÉÉÉɅ.!!!!! OLÉÉÉɅ.!!!!! OLÉÉÉɅ.!!!!!

É verdade que estamos na União Europeia, é verdade que este grito é típico ali para os lados da Espanha, é verdade que somos mesmo vizinhos…

Mas nem falamos a mesma língua, não temos a mesma cultura base, e temos, aliás, um passado comum de conflito….

E por 12000 euros por cada 30 segundos esperava-se que o Fim de Ano tivesse uma outra qualidade, enfim, Qualidade mesmo.

Ora aqueles 30 segundos, os 1.os foram um desastre televisivo…

Sabendo, hoje, pelo PUBLICO, os valores por 30 segundos ainda mais chocado fico porque em geral se assistiu a um fim de ano do mais escandalosamente barato que se pode imaginar e, mais grave, do mais fraco, em qualidade, em Festa, que se poderia supor…

Espero que não seja so eu a levantar esta questão. Espero que a Sagres a Super Bock, o MG, o Intermarché, ou o Skip, enfim os anunciantes que o PUBLICO aponta, (poderão ter havido mais…), tenham barafustado convenientemente porque, na realidade, não pagaram para ter aquele resultado….

Merecemos mais Festa, mais Alegria, mais Sinceridade na Festa, mais profissionalismo na preparação e elaboração da Festa que aquela que nos foi dada…

E, na verdade, todos nós estamos a pagar para a SIC…porque na verdade se na SIC não sabem fazer televisão, então que lhe tirem o acesso já. Houve um concurso público e ele, definitivamente, não está a ser cumprido…ou não o foi neste Fim de Ano.

Que tenhamos um 2006 bem melhor que a festa de fim de ano que a SIC nos disponibilizou….


Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 13:45
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