Sexta-feira, 26 de Agosto de 2011
Jaime Antunes, mais alguém que não assina o texto e um tal ARF, no i, verberam hoje contra uma maior taxação dos Mais Ricos em Portugal, que, curiosamente, em vários outros países, os seus Mais Ricos disseram já que até agradecem essa maior taxação!
Excepto os Mais Ricos portugueses claro, que não se sentem contentes, ao que parece, com o facto de estarem entre os 800 Mais Ricos da FORBES, (querendo mais claro), e viverem no pais com o salário médio ( e o mínimo) mais baixo da Europa.
Não sou contra os Ricos , nem a inveja me rói ao ver um Rico, bem pelo contrário.
Mas recordo muitas vezes aquele versículo da Bíblia, que diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico chegar ao reino dos céus.
Porque estabelece uma opção de política económica, centrando a mesma na redistribuição, na solidariedade, no favorecimento da comunidade e não do individuo.
Uma opção por uma clara economia social, assumida pela Pessoa e não necessitando de ser imposta.
Reparem que o versículo não diz que é impossível o rico chegar ao reino dos céus, releva sim a tendência humana para a ganância e a luxúria, em contraponto da solidariedade.
Bem, parece que estes três Mais Ricos de Portugal e em especial o senhor Américo Amorim, que esteve já, ou está, muito próximo do PCP, não se sentem muito próximos deste principio bíblico, cristão, mas também inerente aos restantes Grandes Livros.
No entanto, felizmente, existe clara proximidade de opções entre o PR, o Governo e os partidos presentes no Parlamento, pelo que só resta ao sr Américo Amorim a opção da fuga aos impostos, se não quiser cumprir com um dever de solidariedade que tem o consenso de todos, menos dos que vivem para a ganância e a subserviência.
Dirão estes que estas medidas são a retoma, por outra via, do reforço do papel do Estado e a negação de uma economia privatista, capitalista, de preferência sem qualquer Estado no meio, a não ser para proteger os bens dos Mais Ricos.
Que é o caminho que globalmente alguns procuram impor, veja-se o papel das Agencias de Notação…
Claro que é e acontece precisamente porque os Mais Ricos, em Portugal e não só, perderam a noção de Responsabilidade Social para com a Comunidade que os enriqueceu, mesmo quando falam muito dela e a apregoam em Fundações e Festivais de música, (onde voltam a ganhar bom dinheiro…), o que leva a que o Estado, mesmo o mais minimalista sinta a necessidade de intervir, com o incentivo até de alguns dos Muito Ricos.
Como os neo liberais esqueceram um principio da economia de livre concorrência – a necessidade de travar os monopólios e os oligopólios por desvirtuarem a economia de mercado!
Nos EUA as Instituições de Ensino, e de Saúde, como as de Investigação, privadas na generalidade, são fortemente apoiadas pelos empresários, muito grandes ou muito pequenos, precisamente porque existe essa cultura de proximidade real entre os Empresários e as comunidades onde se sediam.
Cá, tirando casos excepcionais, na generalidade entre os pequenos e médios empresários, inventaram-se as Fundações para a fuga ao fisco e para rentabilizar de outra forma, de múltiplas formas diga-se, as fortunas.
Existem excepções e cito, uma o Nabeiro e os cafés Delta.
E, pela negativa, entre os que ignoram a solidariedade, relevo outra, sediada em termos de negócio na Comunicação, a fortuna Balsemão, que deixa um seu património, construído, ao total abandono ali para os lados de Moimenta da Beira, (curiosamente quase nem referido no livro de Fernando Rosas, Francisco Louçã e outros, sobre as Fortunas em Portugal…), precisamente porque é tempo de pôr os dedos nestas feridas de luxúria feitas.
Relevo entretanto que como se viu já, o Governo de Sócrates, ao contrario do afirmado pelo PCP e pelo BE, na sua campanha contra o PS, pôs Portugal entre os países onde os Ricos mais pagam de IRS.
Irá este imposto extraordinário resolver o problema da divida portuguesa?
Claro que não e mesmo que o Estado impusesse a nacionalização das fortunas dos 20 Mais Ricos de Portugal não resolveria o problema da divida externa portuguesa.
Aliás o problema em Portugal é sobretudo de ser ou não capaz de Valorizar o Saber e de o Saber se rentabilizar na actividade económica.
Refiro um exemplo – um país com uma História de 900 anos e de 500 anos de Império, continua a achar que o Turismo se deve centrar no sol na praia e no golfe…
Valorizar e integrar o Saber com o empresariado?
Nem pensar!
Basta passear por Conímbriga para se entender como o Saber em Portugal está de costas voltadas ao empresariado e ao Lazer.
Basta ainda ver como a cortiça, o recurso natural que enriqueceu o sr Américo Amorim, continua a não se Valorizada com acrescento de Valor, continuando a ser vendida ao desbarato em bruto.
E enquanto assim for, enquanto se desprezar em Portugal o Saber, o país pouco avançará, ainda que existam bons exemplos de mudança de mentalidades que raramente são relvadas.
Portugal está pois dominado pela ganância e pelo desprezo pelo Saber.
Neste tempo de economia da Informação e do conhecimento, a via por onde andamos é pois a via da falência.
Porque o problema não está só na mentalidade generalizada, novoriquista, do consumismo a todo o custo, que não impele claro á Poupança e à capacidade de investimento, o problema está mesmo nestas costas ainda demasiado voltadas, entre as empresas e as instituições de Saber.
Na EPAR esforçamo-nos por nos relacionarmos com as Empresas, por via da realização de actividades de Formação em Contexto de Trabalho e trazendo as Empresas as salas de aula, para transmitir aos Jovens o que é a actividade económica, mas pouco mais conseguimos diga-se.
Apesar dos nossos mais de 200 Protocolos, apesar de um ou outro apoio, (e tenho de citar a Liberty Seguros e a REN, como quase casos únicos), o incentivo vindo das empresas para as Instituições de Ensino, pouco acontece.
O que em nada Enriquece o País infelizmente….
Joffre Justino