Terça-feira, 7 de Junho de 2011
Cumprimentei ontem a Esquerda Socialista que, mais uma vez, afrontou ódios lamechas e raivinhas de café, e foi capaz de segurar a Esquerda e em especial o PS, a 5 de Junho de 2011.
Claro que fui criticado por uns tantos e hoje sê-lo-ei por ainda mais.
Acentuo que, de momento, o importante é tentar perceber como é que a Esquerda perdeu, em dois anos, 25,8% do seu eleitorado, sendo que todos os 3 partidos, PS, PCP, BE, perderam eleitores, ainda que os principais perdedores tenham sido o PS e o BE!
Todos nos recordamos que o PS foi, raivosamente, o bombo da festa para PCP e BE a todo o momento e em todas as circunstâncias, tanto para Direita, via comunicação social por ela dominada, como pela restante Esquerda, via movimentos sociais que esta controla.
A estratégia pareceu dar, à Esquerda, resultado, em 2009, e o PCP e em especial o BE cresceram nesta “caça ao eleitor”, feita em moldes totalmente populistas e incongruentes e sempre sem que tenham feito algum esforço de aproximação à Esquerda, contando somente com o desgaste governativo e o cansaço da Esquerda Socialista face às ditas e constante e estupidamente referidas, “politicas de direita” do governo PS.
O PCP, partido com 90 anos de experiencia, sabe bem que nesta via de desgaste do PS o tempo é essencial e a sua pressa é pouca.
Tendo definido uma via, a da critica negativa e a da oposição sistemática “ à burguesia” , numa versão “antiDimitrov” proposta por um ex PCP e ex ML, Francisco Rodrigues Martins, afastou-se de facto da política de Frente Critica quase sempre defendida por Álvaro Cunhal que na década de 50 conhecera bem as nefastas consequências do esquerdismo.
Ainda assim, o PCP sabe gerir a raiva, sabe fazê-la acelerar e sabe travá-la pois sabe bem, pelos anos de experiencia, que o antiDimitrovismo é uma política de conjuntura e não de estratégia.
O que não sucede com o BE.
O triunfalismo resultante de uma subida de 193 006 votos, entre 2005 e 2009, (+52,8% de votos!), sobreaqueceu um partido/frente com uma ala esquerdista/trotskista explicitamente anti-sistema e provocou uma sensação de vitória e de ascensão imediatista que conduziu o BE a uma aliança implícita com o PSD, já não no Poder Local, como o PCP tem vindo a fazer desde 2005, mas mesmo no Parlamento, facilitando à Direita o seu acesso ao Poder nestas eleições de 5 de Junho de 2011, com a moção de censura que alimentou todo o restante cenário até à derrota do PEC IV, já que tanto PCP como BE acharam que iriam continuar a receber de mão beijada os votos descontentes da Esquerda Socialista !
Erraram.
O chumbo do PEC IV foi o ultrapassar do risco para estes eleitores que, sendo de Esquerda , sendo até socialmente radicais, não são politicamente ignorantes e, conhecendo o grau da Crise Mundial e o seu impacto em Portugal não embarcaram numa aventura sem retorno – a de entregar a governação em momento de crise financeira e económica à Direita!
E foi este eleitorado que segurou o PS e impediu este Partido de ficar bem abaixo dos 25%, ao nível dos resultados do PS em 1985, mostrando, pela segunda vez que, para o eleitorado do Centro, o populismo colhe e que a gestão da Crise se paga!
Foi assim com a primeira vitória de Cavaco Silva, está a ser assim com esta vitória de Pedro Passos Coelho!
O PCP e o BE, em especial o BE pode ser que tenham aprendido com esta desgraçada aventura eleitoralista, com esta incapacidade, para o BE, e falta de coragem, para o PCP, em assumir que a Crise sendo Global obriga a medidas estruturais e de conjuntura difíceis, dolorosas e que a tese “dos ricos que paguem a crise “ é tão estúpida quanto ineficaz!
Tivemos a oportunidade de uma governação à Esquerda, em crise, que poderia ter sido especialmente positiva para toda a Esquerda Global dos dias de hoje.
Não tivemos essa oportunidade também porque o Centro Esquerda Socialista não ajudou e tal deve ser assumido.
O nenhum diálogo à Esquerda, como se ainda estivéssemos em tempo de luta soviético/americana, a inexistência de um debate nas bases, até nos erros cometidos, pelo entre toda a Esquerda, gerado pelo Centro Esquerda Socialista, também permitiu que o eleitorado do Centro, populista, fugisse do PS, tamanha era a campanha contra o governo socialista e tão baça era a atitude socialista nas bases sociais!
Cito entretanto um exemplo – perante os ataques da Agencias de Notação à economia portuguesa um grupo de militantes da Esquerda Socialista, do PS fora do PS, avançaram com uma Petição pela Regulamentação das Agencias de Notação.
O Centro Esquerda Socialista arrogantemente, em geral, ignorou esta Petição e bem pouco fez para que a mesma fosse um sucesso social e político capaz de ser uma arma de arremesso na União Europeia e no FMI!
E o PCP/BE, arrogantemente também, optaram, quando viram que a Petição, apesar de ser de um pequeno grupo de Cidadãos ia crescendo, por a matar criando um movimento paralelo que pouco deu senão para matar uma Iniciativa que tinha todas as condições para gerar um movimento social inovador, em Portugal e na Globalização!
Mas, diga-se também que a tibieza dos organizadores da Petição,(entre os quais eu), ajudou a que o movimento não crescesse, já que nunca ensaiámos o Diálogo organizacional alargado!
Cito ainda um outro exemplo! O caso dos nossos camaradas afro asiáticos que entusiasticamente aderiram ao arranque da campanha eleitoral e que por isso foram de imediato e em moldes racistas atacados pelo PSD, (note-se que o CDS não o fez), e que ninguém defendeu durante a campanha eleitoral de forma veemente.
Santos Silva, Francisco Assis, e o humilde e desconhecido eu claro, assumimos e defendemos estes camaradas, mas no restante PS e na restante Esquerda, vivemos um envergonhado silencio, por onde ando o SOS Racismo por exemplo(?), e ainda por cima com algumas criticas por de baixo da mesa, o que afastou do PS, de imediato bem mais de 10% do eleitorado que se tem mantido, em geral, de fora das lides eleitorais, também porque não se ve representado na Assembleia da República, para além do CDS e de uma voz do PS, a deputada Celeste Correia e, claro, de António Costa.
No fundo, há que o dizer, mesmo que doa dizê-lo, a Direita mereceu ganhar, perante tamanha divisão e sectarismo à Esquerda, e em face dos nossos, de todos, sectarismos, que se vê bem na abstenção havida!
Eu estive, ninguém pode nega-lo, na linha da frente do combate de ideias pelo PS e pelo governo socialista, e por isso posso criticar os erros cometidos como devo aliás assumir que há que internamente ao PS defender que bem mais que mais liderança, que é sem duvida essencial, há que gerar mais debate interno, mais autocritica, mais movimento social, mais proximidade aos eleitores, mais defesa da economia social!
Joffre Justino
Sem dúvida uma boa reflexão e espero que mais contributos destes surjam para uma verdadeira reflexão do papel da esquerda em Portugal, isto porque a derrota não foi só da esquerda raivosa, mas de toda a esquerda, tirando aqueles que ganham sempre.
Cada vez tenho mais dúvidas que isso interesse a muita gente, mas tentar não custa.
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