Segunda-feira, 6 de Setembro de 2010
Um amigo meu, ex-pcp(ml) como eu, anda zangado comigo porque ando demasiado socratista, diz ele, e argumenta tal acusação com estes meus últimos textos sobre o “caso” FREEPORT…
Como ele, eu tenho orgulho nos combates democráticos de 1974/5 em defesa de Valores e Princípios que geraram esta Democracia que hoje temos, (talvez andemos desencantados, mas tal resulta mais da utilização da Democracia por alguns, que da Democracia ela mesmo).
Estivemos, com orgulho, também com dirigentes e militantes do PSD nas manifestações do Republica, do Terreiro do Paço, da Alameda.
Com orgulho certamente, recordamos que eram as manifestações democráticas que eram atacadas a granada de fumo, enquanto que as manifestações totalitárias e para totalitárias eram protegidas pelos copcon’s e suv’s…
Foi nesses combates que se geraram solidariedades, entre socialistas, sociais democratas e, claro, maoistas como nós dois.
A estes combates eu ainda acrescentei a luta pela Democracia em Angola…onde convivi, de novo, com Socialistas e também com Sociais Democratas e, claro, Centristas.
Uns de nós, ex- pcp (ml), são hoje militantes ou apoiantes do PS, outros do PSD.
Os socialistas são pela construção de uma economia solidária, com intervenção maior ou menor do Estado, com maior ou menor reforço e empenhamento na economia social, nos movimentos cooperativos, associativos, no Poder Local, com maior ou menor empenho na Justiça Social, da Distribuição da Riqueza, numa Educação para todas/os, (uns mais pela Educação/Escola pública, outros, como eu mais por uma Educação/Escola Social).
Para os Socialistas é o Estado que é um instrumento de gestão da coisa pública, nunca a Democracia
Os PSD encontram-se, em especial desde Durão Barroso, bastante mais dividido, entre um pensamento liberal, político, mas mais ou menos social, no plano da economia, e um pensamento neo liberal, o Estado definitivamente fora da economia e do social.
Passos Coelho é, já se viu, não um liberal mas sim um neo liberal.
Seguindo o pensamento de Durão Barroso, não de Sá Carneiro.
No entanto, já o mostrou, a Democracia não é, para ele, um mero instrumento.
É um Valor e por isso segue a linha dos PSD que fizeram os Combates acima, onde também estive.
Temos diferenças de linha ideológica, de estratégia, de opções políticas, mas não de Valores.
O que já não é verdade com alguns que se dizendo ou do “PSD”, ou próximos do “PSD”, fizeram um outro percurso.
O dos SUV e do copcon, o da assunção da Democracia, ainda hoje, como um mero instrumento para atingir outros objectivos.
Que hoje já nem os têm, pois há muito que deixaram de ser comunistas, para os casos que ora analiso.
Assumo, desde já, que foi com Socialistas como Mário Soares,.em especial este dirigente Socialista, e com Sociais Democratas, na verdade Liberais, como Sá Carneiro, ou Emídio Guerreiro, ou com Centristas e ou Democrata Cristãos, como Freitas do Amaral e Amaro da Costa, que aprendi que a Democracia é um Valor e não um estrito instrumento!
Regressando ao título deste texto, na verdade o problema é que, nas margens do PSD, e sem que este partido de tal tenha culpa, andam cidadãos e cidadãs que odeiam, detestam visceralmente a Democracia, e a utilizam instrumentalmente.
Tal sucede neste pasquim que se chama Publico.
Aí utiliza-se os mecanismos democráticos, meramente no sentido instrumental dos mesmos, em nome de interesses onde a Democracia inexiste.
Daí as campanhas anti Partido Socialista que teimosamente mantêm, daí as campanhas anti Socrates que teimosamente mantêm.
Mesmo depois de terem verificado que foram apanhados com o pé no ar, com a mentira toda na boca!
Anotemos o relato do SOL, jornal claramente antisocialista, sobre as razões da não inquirição de Socrates, primeiro ministro, democraticamente eleito, por duas vezes, “Acontece que o trabalho da PJ, coordenado pela inspectora Maria Alice, foi entregue ao DCIAP apenas a 21 de Junho, ou seja, quando faltava um mês para terminar o prazo dado pelo vice PGR, Mário Dias Gomes, para a conclusão do inquérito, (25 de Julho) – prazo definido em Maio, por sugestão da directora do DCIAP e de que os magistrados tinham conhecimento. Alem disso, nesse relatório não era feita qualquer proposta de acusação ou arquivamento, ou de inquirição de testemunhas.” (in, SOL 6 de Agosto 2010).
Foram as excelências procuradores que entenderam que, em um mês, em 24 dias, repito, 24 dias úteis de trabalho, não tinham tempo para inquirir quem desejavam, mas ainda assim, tinham tempo para colocar as 27 mais estúpidas perguntas que se possam imaginar, já citei algumas, ao Primeiro Ministro do seu país, num despacho da Justiça em que eles na verdade parece não acreditar!
Haja respeito, por favor, haja menos instrumentalismo e mais Valores, Mais Justiça, Mais Democracia!
Estes factos estão mais uma vez totalmente deturpados no instrumentalista pasquim que se chama Publico, que, em consequência note-se, consegue no dia de hoje 12 páginas de publicidade para as 22 páginas de publicidade do DN!
Por acaso?
Claro que não!
Quem quer manchar o nome comercial num pasquim?
Estou em crer que poucos o querem…
Eis porque entendo que op meu amigo ex-pcp(ml), como eu, não tem razão.
Não é o socratismo que está em jogo, mas sim a transformação da Democracia em um mero instrumento, ao serviço de uns tanto e dos seus interesses.
Que, como se vê pela publicidade – paga mal!
O mercado meus caros é implacável e quem ofende mais de 30% do mesmo, os Socialistas, em nome de interesses obscuros e da instrumentalização da Democracia, só pode ter de pagar a factura por tal.
Com o desaparecimento, como acontecerá a breve trecho.
Não é o PSD que está em jogo, nem é o jogo partidário que está em jogo, são simples, tacanhos, obtusos, interesses.
A partir de “espertezas saloias”.
Erraram.
Terão sido instrumentalizados pelos interesses do tal Serious Fraud Office?
Acontece a todos errar, acontece a todos sermos episodicamente instrumentalizados.
Mas quando tal sucede, algo simples, mas lindo, tem de ser feito – pedir desculpa.
O que, como se vê, nem o pasquim nem a Embaixada britânica são capazes de fazer.
Falta de chá.
Enfim, parto para férias com este sorriso e este amargo na boca – a Democracia em Portugal está em risco, em consequência deste instrumentalismo que, visivelmente, todos temem contestar!
Mas que urge na verdade denunciar com a mesma veemência que tivemos nas manifestações da Alameda, ou do Terreiro do Paço, ou do Republica.
Porque se ninguém intervém para pôr esta maralha na ordem, teremos nós Cidadãos e Cidadãs de o fazer.
Uma vez mais.
Joffre Justino