Terça-feira, 19 de Janeiro de 2010
Na votação que envolveu o Orçamento Participativo, uma opção brilhante da CML, sob a Presidência de António Costa, reputado dirigente do Partido Socialista, ainda recentemente bastante elogiado pelo leader do FCPorto, por exemplo, referendou-se um conjunto de Projectos a serem implementados pela Câmara Municipal de Lisboa.
Neste referendo foi vencedor o Canil / Gatil Municipal, em Monsanto, com 754 votos, mostrando esta votação como a protecção dos animais domésticos ganha/tem peso em Lisboa, ou como as associações de protecção destes animais se movimentaram para ganharem esta votação.
Como é sabido fiz Campanha pelo Voto no Estacionamento subterrâneo em S Vicente de Fora, onde obtivemos 74 votos, numa campanha onde decidi intervir em alternativa à campanha que a Junta de Freguesia de São Vicente de Fota estava a fazer, em prol do estacionamento subterrâneo no Campo de Santa Clara que só teve 41 votos.
Se a Junta de Freguesia de São Vicente de Fora tivesse dialogado com quem sabia que tem um projecto e alguma actividade em prol da Feira da Ladra, a EPAR, Escola Profissional Almirante Reis, e eu próprio, projecto que aliás foi alvo de uma Moção favorável em Assembleia de Freguesia, teria sido possível certamente juntar esforços e a votação teria sido certamente outra.
A divisão gera destas coisas
Por isso, claro, não fiquei satisfeito.
Tive de intervir, de incentivar á votação, em alternativa à proposta da Junta de Freguesia, em menos de uma semana, perante, como já relatei, um folheto distribuído pela Junta de Freguesia aos vizinhos.
Mas, com tempo, com trabalho de equipa, e consensando na ideia de nunca por nunca pôr em causa a Feira da Ladra no Campo de Santa Clara, sem mais votos teríamos ficado em 7º lugar!
Mas, com mais tempo de intervenção, gerando mais debate, mais participação, não duvido, teríamos ganho e recolocado, desta forma, especialmente positiva, a Feira da Ladra, de novo, na boca do povo, e teríamos reforçado a ideia da necessária Requalificação da Feira da Ladra!
Essencial para a protecção de um Património Imaterial Lisboeta, para a promoção turística de Lisboa, para o reforço do empreendedorismo e da empregabilidade em Lisboa.
Foi uma pena o sucedido.
E, claro, na EPAR, não esmoreceremos com esta votação, nem com esta divisão. Esperando alias que esta situação não tenha posto em causa a boa relação com a Junta de Freguesia de São Vicente de Fora, inclusive em volta do nosso Projecto!
Consideramos esta votação, somente, um passo em frente numa actividade que desenvolvemos desde 1994/5, a defesa da Requalificação da Feira da Ladra.
Aliás, a questão do Parque de Estacionamento, sendo importante para moradores e quem trabalha na área da Junta de Freguesia, é somente um dos elementos da Requalificação que a Feira da Ladra exige e que nós defendemos.
Sendo que já defendemos a necessidade de, com a PSP, se reanalisar este facto, há anos também!
Pois é nas 3ªs e nos sábados de Feira da Ladra que lá chegam, ridiculamente, as multas
.que só servem para desmoralizar e pôr as e os Cidadãos contra a Feira da Ladra.
Quando, nas traseiras da Igreja de São Vicente de Fora se encontra um maravilhoso Parque de Estacionamento, semi encerrado, sem se perceber se o mesmo é privado, da Igreja Católica, se é público.
Parque esse que deveria ser colocado a uso dos Vizinhos desta área lisboeta! E onde se deveria fazer o referido Parque de Estacionamento, inclusive com o seu crescimento subterrâneo, em nome da Cidadania, da responsabilidade para com os outros!
O que, acredito, teria o apoio da Igreja Católica!
Joffre Justino
Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2010
Estamos com algo entre os 523 000 e os 547 000 desempregados, consoante utilizemos a informação do IEFP ou a do INE.
Entretanto mais do que as falências, que terão crescido 49% em 2009, mas na verdade, de valor relativamente desconhecido, assusta sim a redução da actividade, a acontecer em todos os sectores, mas bem visíveis no Turismo, na Construção Civil e na Industria, como a Automóvel ou o Têxtil.
Porque é esta redução da actividade que condiciona a Empregabilidade, o Consumo pelos Cidadãos e Organizações e, de novo, a actividade económica.
Assim, na Construção Civil o índice de actividade reduziu-se em 8,1%, no Turismo prevê-se uma redução em 2009 de cerca de 10% da actividade, a produção automóvel registou uma quebra de 39%, em Agosto para Agosto de 2008, nos Serviços o Volume de Negócios terá reduzido em cerca de 7,5%, os Têxteis poderão perder em 2009 cerca de 600 milhões de euros nas Exportações, e por aí fora.
Tenho alertado para o facto da Crise, na sua componente interna estar a tardar a mostrar-se, (em especial em consequência dos impactos da Construção Civil, que tem uma Oferta exagerada para a Procura Interna), mas que já começou a dar fortes sinais da sua perigosa presença entre Novembro de 2008 e 2009 o Desemprego na Construção Civil atingiu na Construção Civil perto de 62 000 trabalhadores, ao que deveremos acrescentar cerca de 60 000 do sector do Imobiliário.
Estamos com uma economia a duas velocidades a pública, que mantém o seu ritmo, mas que tem, internamente, em parcelas importantes, como preocupação central, a defesa corporativa de interesses, como se viu no caso dos professores a rejeitarem a Avaliação de Desempenho, (situação finalmente superada), e que sustenta, felizmente, um mínimo na economia, como se viu com a ocupação elevada da Hotelaria na passagem de ano; e a privada, em queda sistemática e generalizada, em consequência de dois elemento usualmente motores da economia em Portugal, as Exportações e a Construção Civil e Obras Públicas.
Este tipo de economia, em Portugal, tende a introduzir elementos de resistência à mudança ou a gerar, somente, elementos de mudança limitados, quer por razões culturais, ( o privado é mau, reaccionário, etc
e só em última instância se apoia), quer porque se têm visões ultrapassadas, por exemplo na Visão do Desenvolvimento Sustentado.
Vê-se, de qualquer forma, alguma mudança nas mentalidades.
O PCP pretende propor, e bem, uma redução da taxa nominal do IRC em 10%, para as pequenas e médias empresas, como me parece adequado o acréscimo que sugere de 10% nos lucros acima de 50 milhões de euros, nas grandes empresas e a tributação efectiva das mais valias bolsistas, ainda que os 20% que avança me pareçam pesados, para a diminuta Bolsa de Lisboa, que não para as restantes praças pesadas
No entanto, arriscaria sustentar a tese da integração no pacote destas reduções e aumentos do IRC, uma formula de atender à Responsabilidade Social das Organizações e, portanto do apoio, ou não, à Qualificação das Pessoas, como seu elemento central.
Já erra, entretanto, o PCP, em sustentar recuperações dos salários reais dos trabalhadores da Administração pública, neste tempo de crise e de 10% de Desempregados, a nível nacional, oriundos do sector privado, pois é, mais uma vez, o regresso à sustentação de interesses corporativos hoje sem lógica de defesa possível.
No entanto, seria evidentemente saudável, mais do que economicamente, social e politicamente, que o próximo Orçamento de Estado nascesse sobretudo, ainda que não exclusivamente, de um acordo entre os dois maiores partidos na AR, PS e PSD, o que não deve querer dizer que se anulem as boas propostas dos restantes partidos, do CDS ao Bloco de Esquerda.
De facto, numa crise como a mundial e a nacional em que e vive não é adequado deixar de fora ninguém, nem ninguém se deve colocar na fácil e demagógica posição de querer ficar inocentemente de fora da solução para a crise.
Quem em Portugal vota não esquecerá tal serôdio demagogismo.
De facto, se temos uma economia, diz o Banco de Portugal, que globalmente tende a crescer, a fragilidade da mesma é bem visível e ainda está para se ver como reagirá esta economia real, se o Imobiliário e a Construção Civil caírem a pique, hipótese que não pode ser anulada.
E a ideia do quanto pior melhor, ou a teoria da autodestruição do capitalismo, até ao momento, historicamente, só teve como resultado, o reforço do ultraconservadorismo e mesmo do nazifascismo.
Gostem ou não.
Porque a solução está realmente na Solidariedade, no seio desta Comunidade que são as/os Portuguesas/es e as/os Residentes em Portugal. Solidariedade que exige na situação actual, sacrifício, e que exige ainda que o sacrifício seja distribuído consoante as capacidades, pagando mais os que têm mais capacidades e menos os que têm menos capacidades.
Como exige que os múltiplos poderes deste país se comecem, de vez, a preocupar-se com a Transparência, com o Rigor, com a Justiça, a dos Direitos e Deveres mas também a Social, pois se os tempos são de Crise melhor ainda para repor Valores que foram sendo esquecidos nos tempos das vacas gordas
e a Banca privada se comece a preocupar em assumir o que diz defender, a economia de mercado e, por isso, o Risco, na sua actividade.
De facto, se a Banca (e não somente a CGD), atende à sua função na economia de mercado, que passa pelo arriscar com as Empresas na Sustentabilidade da sua actividade, não há Estado que, sozinho, faça uma economia recuperar.
A não ser que a Banca privada prefira abrir a porta ao afastamento de Portugal da União Europeia
e às consequências de tal.
Joffre Justino
Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010
Lamento ter de retomar o assunto a que me levou esta minha última viagem, à Tunísia o Turismo mas as novidades lamentáveis que me apareceram nas mãos, levam a tal.
Surgiu-me no vidro do automóvel, ontem, um folheto da Junta de Freguesia, São Vicente de Fora, sobre a Feira da Ladra, indirectamente claro, pois formalmente é sobre o Estacionamento no Campo de Santa Clara.
No mesmo a Junta de Freguesia, formalmente de forma adequada, solicita aos moradores que votem a favor do Estacionamento no Campo de Santa Clara no site da Câmara Municipal de Lisboa, www.cm-lisboa.pt .
Trata-se, no folheto, de uma forma adequada de apelar à Participação!
E incentivar a Participação dos Cidadãos é, cada vez mais, essencial, em nome de uma Democracia que seja mais e mais exigente.
(Por isso, diga-se, sendo eu favorável ao casamento homossexual e lésbico, porque não cabe ao Estado, em circunstancia alguma estabelecer qual a orientação sexual de cada cidadão, pois tal é Direito dos mesmos, e este depende muitas vezes das opções filosóficas e de vida, também sou favorável a que esta opção possa ser decidida por Referendo, porque tal permite que os debates se façam onde devem cada vez mais acontecer, entre os Cidadãos).
No entanto, ou eu estou muito enganado, o site da CML cria duas alternativas para o voto.
Vou citar, do site da CML, Infra-estruturas Viárias, Trânsito e Mobilidade
Estacionamento no Campo de Santa Clara
Construção de um parque de estacionamento subterraneo no Campo de Santa Clara debaixo do Jardim Botto Machado.
Local: São Vicente de Fora
Freguesia(s): São Vicente de Fora
Custo: 2 280 000
Prazo: 19 meses
Ler mais >
Ver mapa >
Votar >
Infra-estruturas Viárias, Trânsito e Mobilidade
Estacionamento subterrâneo na área da Feira da Ladra
Construção de um estacionamento subterraneo na zona envolvente da feira da ladra que possa servir os moradores de S.Vicente de Fora bem como quem visita a zona.
Local: São Vicente de Fora - Área Feira da Ladra
Freguesia(s): São Vicente de Fora
Custo: 2.280.000
Prazo: 19 meses
Tudo indica pois que existem duas alternativas. Ou se vota na possibilidade Campo Santa Clara ou se vota na possibilidade
na zona envolvente da feira da ladra
, que, propositadamente acentuo a azul.
Ora, espero eu que por lapso, o folheto da Junta de Freguesia de São Vicente de Fora, só refere a existência da primeira hipótese. Por lapso pois a Assembleia de Freguesia de São Vicente de Fora aprovou uma Moção de apoio à Feira da Ladra, no seu anterior mandato, mas certamente em vigôr.
Tal hipótese a do Campo de Santa Clara, diga-se é a pior de todas!
O Campo de Santa Clara é o centro da actividade da Feira da Ladra!
Ora esta, é um dos ex-libris, Culturais e Turísticos da Cidade de Lisboa!
Gostem ou não da Feira da Ladra, dê ela ou não jeito para o estacionamento dos automóveis na área envolvente nos dias da Feira da Ladra, abuse ou não a polícia das multas nestes dias, por mau estacionamento, (já me sucedeu pelo menos 3 vezes e de todas protestei!), matar a Feira da Ladra é matar um pouco Fernando Pessoa que no seu Guia Turístico de Lisboa cita carinhosamente a Feira da Ladra, também enquanto ex-libris de Lisboa
Ora criar o estacionamento subterrâneo no Campo de Santa Clara é matar a Feira da Ladra!
Porque implica obras de anos, e por isso nesse período não teremos aqui a Feira da Ladra, porque a cultura dos nada alfacinhas, e são muitos, que existem em Lisboa vai no sentido de entender a Feira da Ladra como uma chatice.
Que tem de se matar!
Tal como vimos já suceder nos edifícios da Avenida da Liberdade, onde os antigos foram substituídos por edifícios de vidro e cimento armado, horrorosos mas modernos, iguais a tantos outros de tantas outras cidades, das que não têm História. Ou no Saldanha, ou na Avenida da República, etc, etc.
Como estamos a ver suceder com as Casas de Fado em Lisboa e como estamos a ver com o silencio que existe em Lisboa quanto à Proposta da Associação dos Amigos do Tejo o rio Tejo a Património Mundial!
A Câmara Municipal de Lisboa, já o escrevi, tem o dever de Proteger a Feira da Ladra!
Tal como tem de Proteger Alfama, o Fado, a Promoção do Tejo a Património Mundial, o Parque de Monsanto, etc.
Não somente por razões culturais
Mas sobretudo porque diferenciando Lisboa, gera Negócio, geram Rentabilidade, gera Actividade, gera Emprego, gera Turismo!
Gera, o que está hoje na moda mas pouco e mal se pratica gera Empreendedorismo!
E, no caso da Feira da Ladra, Empreendedorismo de Micro Negócios, de Artesãos, de Jovens!
É certo que existem outras formas de Turismo.
Também importantes.
Como o Turismo Desportivo!
Mas o Turismo Desportivo não é tudo e sobretudo não pode esconder as Pessoas, a sua forma de estar e a sua Cultura.
Vejam o CAN em Cabinda, Angola, onde gerou somente uma oportunidade para mostrar que Angola tem, entre os seus problemas e que são muitos um que se chama Cabinda.
Aí, como sempre, o Turismo Desportivo não conseguiu esconder as Pessoas.
Mesmo que seja verdade que o acto praticado, de violência inútil, pouco resolva e que seja verdade, para mim claro, que Cabinda seja parte de Angola, uma Angola Democrática e Federal, como deveria ser!
E Cabinda um seu Estado Federado.
Tenho defendido esta tese, inclusivamente em um livro que publiquei e, curiosamente, se encontra esgotado.
A Feira da Ladra não originará, claro, nenhuma Revolta Social, nem é, claro, um elemento cultural fracturante
Por isso faço este Apelo,
Votemos na segunda alternativa acima citada e votemos, em Massa, nesta segunda alternativa !
E saibamos criar as condições para a Recuperação da Feira da Ladra, que, sem dúvida, necessita de Reestruturação, de voltar a ser o Espectáculo que foi.
Com os seus Pregões e Ambiente Festivo!
Porque é nas ruas, na Defesa do Património, Natural e Construído, Material e Imaterial, no Rio Tejo, na Alfama e no Fado, na Divulgação da História, nas Pessoas, na Cultura, (até na de raiz Imperial), que se encontra a Diferenciação de Lisboa!
Não é no turismo de eventos, nem no turismo desportivo, nem no turismo de negócios.
Que devem ser apoiados claro, mas que só igualam Lisboa a New York, não a diferenciam!
É o Apelo que faço.
Votem na Alternativa, a segunda, aqui a azul!
Em nome da História, da Cultura, e de uma Participação Consciente.
Porque a primeira alternativa não matará somente a Feira da Ladra.
Matará também Alfama, e o seu pequeno comércio que já está moribundo e a sua vivencia especifica.
E, com a morte de Alfama morrerá, não duvidem, bem mais que um pouco somente, o Fado.
E, claro, o Turismo!
Joffre Justino
Como Votar: Aceda a
http://www.cm-lisboa.pt; Abra a página em Orçamento Participativo no atalho do lado esquerdo da pág.; clicar em listagem de projectos a votar no texto: na palavra chave escrever São Vicente e votar no que abaixo explicito. É necessário registar-se primeiro
Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010
Regressei de umas férias na Tunísia e achei que era útil reflectir convosco sobre esta minha experiencia tunisina, em especial porque a problemática do Turismo é parte importante da minha vida profissional, na EPAR, Escola Profissional Almirante Reis.
A actividade turística representa cerca de 10% do PIB em Portugal, pelo menos e países como a Tunísia deveriam ser atentamente estudadas por quem entende a importância de aprendermos com os concorrentes, por forma a melhorarmos as nossas prestações junto dos Turistas, nossos clientes.
Eis porque me pareceu ser importante reflectir sobre estes sete dias tunisinos que tive
A Tunísia, país islâmico, para 90% da sua população, recebia em 2005 cerca de 6 milhões e 378 mil Turistas e recebeu em 2009 até Novembro 6 milhões e 495 mil Turistas, o que permite ao Governo tunisino pensar que terminará o ano de 2009, um ano de Crise Mundial e de recessão no Turismo Mundial, com perto de 6 milhões e 800 mil Turistas ficando acima de 2007 e bem perto dos valores de 2008, os mais elevados de 2005 a 2009.
Entretanto, a Tunísia surge como alternativa turística aos países mediterrânicos e sul atlânticos, como Portugal e, como se vê, pelo seu crescimento na actividade turística, mostra que tem potencial para o ser. De facto, a Tunísia surge como um país de Turismo de Sol e Praia, como um país com fortes tradições, com um Património, Material e Imaterial, bastante rico.
Tal qual Portugal.
Por ora, a Tunísia apresenta-se, no plano da actividade Turística, enquanto um país com 11/12 meses de sol e praia, contra os 6 de Portugal, enquanto um país de Turismo barato, bastante mais que Portugal diga-se, com meios de mobilidade de qualidade aceitável, com produtos hoteleiros de qualidade, em média, superior à portuguesa, e com um potencial no Turismo de Compras que supera o português, pelo gozo que dá o negociar com os tunisinos, bons e delicados comerciantes.
Os vinhos tunisinos são mais fracos que os portugueses, mas também bastante mais baratos, a comida tunisina não é tão rica quanto a portuguesa mas é bastante aceitável e no plano da chamada cozinha internacional, de hotel, não perdem face aos cozinheiros portugueses.
A riqueza do Património Construído tunisino é significativa, relevando bem as presenças de múltiplos povos, fenícios, romanos, turco-otomanos, e está preservado, tanto ou melhor que o Património Construído em Portugal.
No plano da segurança dos Turistas em nada a Tunísia está longe de Portugal a não ser em um aspecto o carácter islâmico do país, permeável portanto para as mentalidades dos países dominantes no envio de Turistas para outros países, ao temor de ataques terroristas
No entanto é bem visível a liberalidade islâmica na Tunísia por entre as inúmeras voltas que dei entre Cartago e Monastir, diria que 90% das Jovens Tunisinas não usa qualquer véu a esconder os seus lindos cabelos, e que cerca de metade das Adultas também não tapa os seus cabelos nas suas actividades nas ruas, sinal de grande distensão religiosa neste país. Ainda que seja verdade que nos cafés e restaurantes e há muitos, só em duas situações vi nos mesmos uma mulher, sendo que em uma delas a mesma se encontrava, somente, de pé, à porta.
Nos Hotéis, quer naquele onde estive quer tendo em conta as descrições de outros turistas portugueses sobre os seus Hotéis, a existência de Animadores, de qualidade, torna a presença nos mesmos num enorme prazer.
De facto, os Animadores lidam com Crianças e com Adultos, em 4 línguas europeias, dançam e animam as noites tal qual animam actividades desportivas nos espaços de lazer e são sem, dúvida um especial vantagem competitiva da Hotelaria Tunisina, face à portuguesa, basicamente falha neste campo.
Diria que não há um Hotel de 4 estrelas e mais que não tenha consigo uma equipa de Animadores de boa qualidade.
Os empregados de Bar e Restaurante falam relativamente bem pelo menos 2 línguas europeias e são de um profissionalismo a toda a prova.
Os taxistas são simpáticos, falam bem o francês, compreendem o espanhol e o inglês, pelo menos, bem ao contrário dos taxistas portugueses e têm em geral noções bem maiores que os taxistas portugueses sobre a sua História e o seu Património.
Nos espaços museológicos que visitei senti no entanto as mesmas falhas dos espaços portugueses, sendo que o acompanhamento dos Turistas está entregue a tunisinos que não me pareceu estarem qualificados para estas funções, nem serem autênticos profissionais mas sim aparentam ser aproveitas de uma área de negócio em aberto.
Visivelmente apostam, como Portugal, no Turismo de Golfe e no Turismo de Eventos.
Diria pois que Portugal tem na Tunísia um importante Concorrente, tendendo, a prazo a ter, aí, também, um Mercado para a Promoção Turística, desde que se entenda, em Portugal, as afinidades existentes no espaço mediterrânico e sul atlântico e, daí, as Oportunidades Turísticas geradas e por explorar.
Desde que em Portugal os empreendedores turísticos entendam que não é possível manter um Mercado, de cariz europeu, (com salários mais próximos dos europeus que os 150 euros/mês para um Animador, ou os 100 euros/mês para um profissional de bar e Restaurante), sem que se tenha em conta a diferenciação que actividades de Animação geram, nas unidades hoteleiras e nas ruas, ou que actividades de proximidade com os Produtos centrados no Património Material e Imaterial podem gerar dando ao Turismo Português, centrado num espaço com mais de 8 séculos de História, com a presença visível, ou lendária, de fenícios, romanos, judeus, árabes, negros, índios, asiáticos, ingleses, franceses, (dos Cruzados aos ocupantes das Invasões Francesas e Inglesas do século XIX), etc.
Fiquei, note-se, bastante satisfeito com a oportunidade que a classe politica nos dá, em Portugal, de estabilidade, ao aceitar negociar, pelo menos PSD e PS, este próximo Orçamento de Estado, elemento central de combate à crise vivida, sendo certo que preferia que toda ela aceitasse a importância de um Governo de Salvação Nacional, ou, se preferirem, de Concertação Nacional, para superar esta mesma Crise.
No entanto, bem mais satisfeito ficaria se esta nova abertura potenciasse novos diálogos entre os Parceiros Sociais, em nome da estabilidade no Emprego e nos Rendimentos das Famílias, como na Inovação e desenvolvimento do Empreendedorismo, com o surgimento de soluções temporárias agregadoras de vontades nacional comunitárias dinâmicas capazes de elevar a competitividade em Portugal e no espaço de expressão portuguesa.
O que implica em apostas mais sérias, do Estado, mas também dos Empresários e dos Trabalhadores na Qualificação, Escolar e Profissional, como em apostas mais sérias na abertura efectiva e no incentivo à economia do 3º sector, social, para além do apoio aos lobbies tradicionais, com politicas também tradicionais, neste mesmo 3º sector.
Ora, no Turismo, o 3º sector deveria ter um papel que não está a ter, de agregação de Pessoas capazes de desenvolverem dinâmicas que permitam o aproveitamento do potencial de grupos de Jovens, saídos de Cursos de Teatro, de Musica, de História, de Animação, de Turismo.
Tal, apoiados pelas Câmaras Municipais, pelas Juntas de Freguesia, em parceria com as associações de hoteleiros, permitiriam actividades de Animação de rua, e mesmo, de forma negociada, de Hotéis, gerando actividades empreendedoras com fortes características inovadoras.
É certo que existem elementos histórico turísticos que exigem investimentos de maior monta assim, em Sousse, vi não uma, nem duas, mas cinco caravelas, lindamente decoradas, prontas para passeios/animações no mar, enquanto que em Lisboa por exemplo conheço uma manhosa caravela montada para a Expo98, para o maior estuário da Europa!
Não mudemos não esta mentalidade e espantemo-nos com o crescimento Tunisino e o decrescimento português
.
Joffre Justino