Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009

….Bandos de Pardais à solta…Os Gangs!

Quando era puto andávamos, todos nós, os putos, cada um em seu bando.
E, note-se, não éramos fáceis de assoar.
Lembro-me das guerras, à pedrada, morro abaixo, morro acima, na mata do Liceu, entre os putos do Liceu e os putos da Industrial, que chegaram a ser paredes meias, em Luanda. Já não me lembro quantas vezes perdemos nem quantas ganhámos, mas lembro-me bem das cabeças partidas e do sangue a jorrar…
Depois, a pouco e pouco, com o nosso crescimento, os bandos foram-se “civilizando”, concentrando-se por bairro, por tipo de interesse, e até por motivação política, cada um em seu café.
Cada bando tinha o seu grupo de “chefes”, ou o seu “chefe”, informalmente, sem regra. Quase todos crescemos assim, sendo bem distinta a cultura dos Adultos da cultura dos putos, da miudagem.
Uma vez por outra éramos apanhados numa ou noutra “maldade” pela policia, e lá entravam os pais, em estado de choque e de vergonha, na resolução do problema, que terminava, sempre, em casa, entre, pelo menos, e no mínimo, uns bons tabefes…
Hoje os Gangs serão os mesmos, terão as mesmas motivações?
De certa forma sim. A aprendizagem gregária faz-se em família, mas também nestes bandos de putos, já tantas vezes cantados. As regras primárias, de solidariedade, de amizade, de respeito entre diferentes, passam, muito, por esta fase e nela aprendemos bastante do que seremos mais tarde.
O que distingue então os bandos dos gangs?
Quase nada.
No entanto, a expressão da autoridade era outra.
A presença do Adulto, distante é certo, era expressa de muitas e suficientes formas – do pai e da mãe mais próximos, pois os locais de trabalho não eram em geral assim tão distantes dos locais de vivência da família; dos vizinhos que interferiam sempre que necessário; dos professores; e, claro, da policia.
Era um sistema em geral bastante autoritário, presente, afirmativo.
Os putos saltitavam de um para outro subsistema, sempre enquadrados
Hoje vivemos dentro de um sistema relaxado, distante, neutro.
Penso que a distinção essencial passa por aqui.
Daí também a crescente vaga de conflitos nas escolas, como sucedeu recentemente em Vila Franca de Xira, na Escola Secundária Gago de Coutinho, em Alverca e que já levou a Presidente da Câmara a intervir na situação e que faz da Região de Lisboa o topo da conflitualidade e da violência nas escolas, segundo a Procuradoria-geral da República.
Retomando o tema e antes do mais, um sistema permissivo não é o mesmo que um sistema relaxado. Neste último a autoridade deixou de existir, as referências não são a auto responsabilização mas sim a desresponsabilização.
Um sistema distante, por outro lado, é, mesmo, as antípodas de um sistema presente. No primeiro nada de protector, de aconchegante, de vigilante, e de força moral, está ali ao virar da esquina e, ao virar de cada esquina passamos a encontrar, outra vez o risco, o medo, a violência desmedida, sempre e mais uma vez sempre, pelo que passa a predominar somente o instinto de sobrevivência e não de aprendizagem.
Um sistema neutro, não é revelador. Não incentiva os valores, as regras, o sentido de comunidade alargada.
E é neste contexto que, muito facilmente, o bando se transforma em gang.
Ora é neste contexto que, cada vez mais, vivemos.
E vimos as consequências um pouco por todas as escolas deste país.
Ora, a escola é o local onde o puto passa a maior parte do seu tempo, organiza o seu bando/gang, ainda que centrado em espaços de proximidade.
Estivemos, este ano mais, a perder um enorme tempo, porque uma parte importante dos professores optaram pelo caminho do puro egoísmo, fazendo-nos perder demasiado tempo a discutir o que era obviamente necessário mas, também obviamente insuficiente – o modelo de avaliação de desempenho, a carreira profissional.
Este tempo perdido, deveria ter sido ocupado a discutir – a escola.
Hoje, na escola, não bastam professores, administrativos, auxiliares educativos, urge recriar as funções profissionais na escola de forma a dar-lhe capacidade de intervenção e de resposta aos novos problemas gerados pela distância, pelos tempos de trabalho, pelas famílias reduzidas (pais/locais de trabalho/locais de vivência; falta de vizinhança; falta de espaços de ocupação de tempos livres; falta da presença do irmão/ã).
Hoje, na escola, convivem demasiadas formas de viver, geradoras de instabilidade entre os putos, que vão desde a religiosidade extrema à antireligiosidade, do consumismo exacerbado, à impossibilidade de consumir, do equilíbrio familiar à inexistência de família, do etnicismo variável à xenofobia e a escola abrirá falência de não a recriarmos a tempo.
Da sala de aulas ao intervalo, do intervalo aos tempos livres, ou a escola ocupa dinamiza incentiva outras vivencias para os nossos putos, ou do bando passaremos ao gang generalizado, cercada que está a escola de prazeres inesgotáveis e quase sempre inatingíveis pelo que a família pode dar, mas que o gang permite atingir.
Mas, claro, o importante hoje é desvalorizar o Magalhães, demitir a Ministra da Educação, mesmo que com tal se crie – o estúpido caos.
Penso ainda que os actuais parceiros da escola se mostram cada vez mais insuficientes para a urgente reforma da mesma.
Estão, em geral, desautorizados e, pior, desmotivados.
Por isso começo a entender que hoje deveriam ser as empresas a começarem a preocupar-se, seriamente, com este estado de coisas.
Na verdade, se elas não se preocuparem, estarão, elas também, a prazo, a suicidarem-se, pois não há produtividade sem Pessoas formadas, escolar, profissional e civicamente.
As famílias têm desestruturações evidentes e graves. Os professores estão em boa parte, desautorizados, a escola está, significativamente, transformada em armazém de refugo. As igrejas perderam a capacidade agregadora. A polícia perdeu a autoridade.
Quereremos nós continuar assim?
Se não queremos então tenhamos a coragem de introduzir no sistema quem dele vive também e onde, apesar de tudo se mantém, uma forte complexidade organizacional, mas que se autosustenta, alguma lógica de autoridade, mas que se contém, alguma busca de valores, mas que respeita o diferente, alguma procura de empenhamento social, e que nos socializa – a empresa.
A complexidade da empresa, o equilíbrio que demonstra ter, transposta para a escola, mostrará a todos os seus participantes que a escola não pode continuar a ser um mero espaço de transmissão, seca, neutra, frágil, de saberes.
Na EPAR, Escola Profissional Almirante Reis, onde sou director pedagógico, temos vindo a reflectir sobre estes temas e estamos a procurar definir um modelo de prevenção da violência na escola, que iremos promover.
Mas não queria deixar de participar, para já, neste essencial debate.
E, em conjunto, em parceria, procuremos reconstruir a escola.

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 10:30
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Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009

Como os Fotógrafos Estão a Fazer…A Economia Vai Recuperar!

Parecia que o fim-de-semana ia ser desagradável, apesar do Dia dos Namorados.
Velho “colono” que sou, uma daquelas crises de paludismo atacou-me na 6ª, a pontos de não ter ido votar para a eleição dos delegados do PS, (onde ia apoiar o 1º ministro, socialista, de Portugal, Eng. José Sócrates), e, no sábado, ter ficado de cama em vez de ir prestar a minha homenagem ao general Humberto Delgado, a convite da Sra. Iva Delgado, a Espanha, onde este antisalazarista foi assassinado, pela PIDE/DGS.
Mas como acordei mais bem-disposto, no Domingo decidi ir a Vila Franca de Xira, ao Encontro “Fotógrafos de Portugal, 2009 Que Rumo Para os Fotógrafos de Portugal?”, organizado pelos Fotógrafos Carlos Vilas, Dário Queiroz, Mário Cerdeira, Alfredo Tavares e Jorge Alves.
E valeu a pena.
Sou, note-se, dos que acredita 80% da economia é Motivação, 19% são as Pessoas e 1% a Matemática, que a identifica somente.
Por isso, quando os Fotógrafos acima, em particular o sr Carlos Vilas e o sr Jorge Alves, directores da, ANIF, Associação Nacional de Industriais de Fotografia me informaram, em comunicado, na net, que estavam a preparar o acima referido Encontro, os apoiei, divulgando o seu comunicado, massivamente, na net também.
Em consequência, estes meus dois amigos tiveram a simpatia de me convidar para moderar o Encontro e eu aceitei.
Fui, pois, ao Encontro, avisando que só poderia estar lá da parte da manhã.
Valeu a pena ter ido.
Ainda há em Portugal quem acredite em si e quem aposte que pode fazer a diferença, foi o que este Encontro mostrou a quem lá foi.
Para ficarem com uma ideia, a crise no sector da Fotografia começou em 2002, quando as transnacionais a montante do sector, depois de terem inundado o mercado de um novo tipo de laboratórios, injectaram a revolução – a fotografia digital – sem dúvida para matarem este sector com história, artística, feita, neste espaço de expressão portuguesa, dados os custos de investimento que impuseram antes da dita “revolução tecnológica”.
Com esta “revolução”, com a crise larvar em que temos vivido, com a redução demográfica em que nos encontramos, com a redução do nº de casamentos e baptizados, e com a machadada que foi o cartão único, que retira aos fotógrafos 10 milhões de clientes, aproximadamente, (imposição, cega, do Estado), cheguei a pensar que iria para um Encontro moribundo.
Mas aceitei ir porque conheço em especial o entusiasmo do Jorge Alves e do Carlos Vilas, na defesa deste sector da economia.
Sector ignorado este...
Não tem nenhum dos 1000 milionários de Portugal.
Não tem transnacionais. É, mesmo, diga-se, dominado pelo micro e pequenas empresas.
Mas, quando cheguei e fui vendo chegarem perto de 100 Fotógrafos, de todo o país, quando vi que as 2 associações do sector estavam presentes, a ANIF e a AFP, Associação de Fotógrafos Profissionais, e quando vi que a Confederação das Micro e Pequenas Empresas de Portugal estava presente, senti a Motivação.
E gostei.
Vi a variedade geracional presente entre estes empresários.
Vi a variedade político cultural, vi a variedade de posicionamentos e de formas de gestão e o Encontro foi-me agradando cada vez mais.
Das 9h às 14h, momento em que estive presente, ( o Encontro continuou, mas a saúde obrigou-me a controlar o entusiasmo e a vontade de ficar), ouvi umas 30 intervenções, umas históricas, outras mais políticas, outras verdadeiramente emocionais, mas em todas dominava a Motivação, o desejo em estar e, sobretudo, em continuar.
Temos, pois, do lado da Oferta, Mercado, na Fotografia!
Ouvi Jovens a dizerem aos Mais Velhos – preparem-se que o Negócio mudou, que, com o digital, as novas gerações de consumidores trarão, ao Mercado, exigências novas e não somente tecnológicas, pois serão sobretudo estéticas, culturais.
Ouvi Mais Velhos a recordarem o nascimento da ANIF, o I Congresso de Fotógrafos em 1982, ouvi Fotógrafos a lamentarem que se contratem estrangeiros para campanhas portuguesas, com brilhantes fotógrafos no País.
Ouvi os nºs desastrosos do volume de negócios – hoje a pouco mais de 30% de 2002 – mas não ouvi vou sair, vou largar, danem-se que não nos merecem.
Como quase todos os Negócios, a Fotografia é uma forma de Arte, não uma simples mecânica, uma simples operação de gestão de máquinas e pessoas. É um desejo de estar, de ser.
Como em quase todos os Negócios, na Fotografia há bons e maus Profissionais, bons e maus empresários, Pessoas sérias e pessoinhas gananciosas.
Mas naquela sala, por sorte ou talvez não, o que vi e ouvi vinha do lado da Arte, da vontade de estar e ser.
(Foi um dos campos onde Marx se enganou, ao contrário, por exemplo, de Fourier, pois no empresariado o objectivo não pode ser a exploração, mas a criação e distribuição da riqueza) …
Mas não há somente Mercado do lado da Oferta. Do lado da Procura há também apetência pela Fotografia e, como dantes é significativo o nº de Pessoas que se interessam pela Imagem, que nela até participam, enquanto amadores e enquanto tal reconhecem e gostam dos bons profissionais.
Quais são o pontos fracos/complexos deste mercado, bem apresentados no Encontro?
A concorrência, desleal, internacional, quer entre profissionais, quer sobretudo pelo impacto do IVA variável na União Europeia; a concorrência, desleal, do Estado, que entrou inesperadamente no mercado em vez de o regular; a mutação tecnológica vivida e que impõe novas visões na actividade; a crise económica vivida; a desregulamentação da actividade; a quebra demográfica vivida; as determinações legais que fazem da Fotografia, imagine-se, produto de luxo; a corrupção; a redução do mercado.
Quais as medidas preconizadas nas mais de 30 intervenções que ouvi?
A criação da Carteira Profissional de Fotografo; o estabelecimento de um preço mínimo nos produtos/serviços; a Formação no sector, para a técnica, para o serviço, para a estética; a promoção do trabalho em rede; a criação do cluster da Fotografia; o redinamizar os Congressos do Fotógrafos; a adaptação aos desejos das novas gerações de Clientes; a abertura ao Mercado das fotos tipo passe para o Cartão Único.
Medidas simples, nada de pedidos de apoio financeiro, como vêm. Medidas regulamentares para o reforço de um mercado, de uma actividade.
Valeu, pois, ter ido a este Encontro de Fotógrafos.
Nele ouvi sobretudo o que podemos fazer pelo país e não o que o país pode fazer por eles, Fotógrafos.
Não ouvi queixinhas contra este ou aquele Governo, não ouvi partidarizações da crise, nem soluções estrambólicas.
Vi e ouvi, como já disse, Motivação.
E a Motivação, essa sim, “é a economia estúpido” como já o disse um guru da Gestão.
Falem-me de mais sectores de actividade desta forma, de mais empresários assim empenhados e, creiam-me, a economia portuguesa superará a crise. Para o efeito e para os incrédulos, basta-me dizer-vos que ouvi um dos empresários do sector referir que exporta cerca de um milhão e euros de serviços…
Eles, os Fotógrafos, estão pois prontos para superar a crise.
Pedem, ao Estado, sobretudo, regulamentação – das carteiras profissionais, da qualificação na Profissão, (a ANIF já o propôs, com o meu apoio, à ANQ),.
Ainda escreverei mais sobre este tema.

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 10:06
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

…Esperemos que não se Sintam Felizes com a Nossa Desgraça…. (Apesar de tudo Vou Acreditar Nisso)…E Queiramos Todos Mudar!

Terá chegado, ou estará para chegar, definitivamente, a notícia de que, tal como os outros, estaremos, em Portugal, a viver em recessão…É possível que, alguns, à Direita e à Esquerda, se sintam felizes com esta noticia – em especial aqueles que, odiando-se, odeiam tudo e todos a ponto de entenderem que somente a Infelicidade dos Outros lhes traz felicidade.
Tal não será de qualquer forma uma atitude progressiva, muito menos revolucionária. A inevitabilidade de Marx, sobre a irreversibilidade do desaparecimento do capitalismo, não era por ele vista com alegria, mas sim com objectividade científica. Se não fosse assim ele não entenderia a necessidade da revolta que nada traria de novo à dita irreversibilidade.
O alegrarmo-nos com as “crises do capitalismo” não só não é saudável, como não é moralmente ético, nem traz nada de novo no processo de irreversibilidade do desaparecimento do mesmo.
Pelo contrário.
As denominadas “crises cíclicas” são processos inerentes ao Mercado e à sua adaptação a inovações, (ou falta de…) tecnológicas, de mercado, de gestão, quase como que, segundo alguns economistas, “purgas intestinais do sistema”, e em caso algum podem ser consideradas razões de felicidade.
Porque a larga maioria de nós sofreremos com tal, com a redução do mercado que elas impõem, com a redução da capacidade de distribuição da riqueza que originam, com a miséria, fome, e infelicidade inútil que geram.
Deus não é castigador e não nos quer infelizes.
Pensava também que um autêntico revolucionário também não tem como objectivo a infelicidade.
Portanto, nem a Direita nem a Esquerda se deveria satisfazer com o surgimento da “Recessão”, pelo contrário, deveríamos, todos, buscar todos os meios de a impedir ou, no mínimo, de a limitar.
Aproveitando inclusive as Oportunidades que ela traz.
Como?
Existirão empresas que estão obsoletas. Por razões tecnológicas, por razões de gestão, por razões de Mercado.
Certo.
Então à medida que as mesmas encerrem, deveríamos criar condições para que os “tempos de paragem” impostos às Pessoas afectadas, fossem utilizados com a sua Qualificação, com a Reciclagem dos seus Saberes, com a Aprendizagem de novas Técnicas, novas formas organizacionais de abordagem das empresas.
Dir-me-ão, é o que o governo está a fazer com o POPH, com os apoios da União Europeia enfim, que permite a Qualificação, escolar e profissional, e é verdade.
Responderei – e a nossa própria capacidade de Investimento nas Pessoas?
Na verdade, porque não acrescentar ao Investimento vindo da UE, Investimento de todos nós, e não somente o que pode vir do “Estado”, via Segurança Social?
Poderiam as Associações Empresariais ser as gestoras de fundos para a qualificação de empresários e trabalhadores, em cada sector, fundos esses resultantes de pequenas ofertam para esses fundos, vindas de todos nós.
Utópico?
Sim se nos entendermos somente como concorrentes, adversários, inimigos quase.
Concretizável?
Sim se nos entendermos enquanto Parceiros numa economia solidária.
Alguns dirão – o capitalismo não o permite – ele é por inerência, explorador, destrutivo.
Outros dirão – a avareza, a ganância não o permitem – estas são as características dominantes em nós.
Para ambos os casos direi que não é verdade. Nem a avareza, nem a ganância são as características dominantes no ser humano, nem o capitalismo, por querer o lucro se entende somente e estupidamente explorador e destrutivo.
O capitalismo, por inerentemente desejar gerar mais riqueza, gerido com clarividência, prefere limitar os impactos das crises que lhe são inerentes.
Sentimentos como a solidariedade, o bem-estar, inerentes que são ao ser humano, pelo seu lado, podem conduzir-nos à necessidade de fazermos o Bem aos Outros.
Podemos pois superar a Recessão limitando as suas consequências e saindo, todos, a ganhar com ela, como podemos simplesmente deixar andar e, pelo menos durante algum tempo, perdermos todos com a crise, sabendo-se ainda por cima que muitos perderão demasiado.
Está pois na nossa mão desenharmos o caminho que queremos, todos nós os residentes em Portugal, seguir.
Lamento, mas teimo em considerar que as inevitabilidades dos processos passam sobretudo por nós.
Chama-se a tal – o Livre Arbítrio!
E se Deus nos deu esta Oportunidade, a de termos o Livre Arbítrio, a Bíblia teima que sim, na sua sabedoria de mais de 2000 anos, porque não utilizá-lo positivamente?
Isto é, considerando o Bem de Todos?

Joffre Justino


INE deve confirmar recessão técnica para economia portuguesa
Hoje às 07:35

O Instituto Nacional de Estatística deve confirmar, esta sexta-feira, que a economia portuguesa fechou 2008 em recessão técnica, com base numa estimativa rápida sobre a produção da riqueza relativa ao último trimestre do ano.
Todos os analistas apontam para uma contracção de cerca de 1 por cento no Produto Interno Bruto (PIB).
Uma previsão que é partilhada pela economista chefe do BPI. Cristina Casalinho estima um forte recuo do PIB, o que significa que ao longo de todo o ano de 2008 a economia portuguesa deverá ter crescido pouco.
«Acreditamos que tenha havido um forte abrandamento na actividade no último trimestre do ano passado, decorrente de um forte abrandamento das exportações, do investimento e de alguma desaceleração do consumo», explica.
Para os próximos meses, a economista chefe do BPI prevê que a economia recue ainda mais ou que na melhor das hipóteses venha a estagnar.
Como boas notícias, Cristina Casalinho só vê o aumento dos apoios sociais e a queda das taxas de juro, dois factores que podem evitar uma diminuição do consumo das famílias.
publicado por JoffreJustino às 11:38
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Um texto muito interessante de Luis Serra

Recebi o seu email com que me identico em alguns aspectos. Não tenho religião mas acredito no principio espirirtual em que dar e receber são exactamente a mesma coisa.

Reter é perder. é estagnar, é travar.

No meu passado já tive alguma abundancia, depois fiz a travessia do deserto e hoje com algumas dificuldades estou a recomeçar a minha vida.

Tudo aquilo que passei ajudou-me a entender que sempre que me preocupei em ajudar os outros acabei sendo compensado sem entender como. Da mesma forma e como sou humano, muitas vezes penso numa prespectiva financeira e começo a pensar em quanto é que eu posso ganhar com isto em vez de: em que é que eu poso ajudar, sempre que ponho o meu ego à frente as coisas saem mal para mima medio longo prazo.

Quando sou solidário muitas vezes tambem me parece nao ganhar nada, mas de qualquer modo, Deus, o Universo, a Lei da atração, a fisica quantica ou seja lá o que for acaba por me tarzer aquilo que eu realmente necessito e muitas vezes tambem aquilo que desejo.

È bom que comecemso a passar outro tipo de mensagem pois há algo que precisa de mudar na prespectiva economicista e fria que nada cria

A abundancia está ai. O universo é inesgotavel em termos de recursos. Pensarmos que os recursos sao escassos é que faz que queiramso ter mais do que os outros...

Um abraço e bem Haja,


Luis SERRA
publicado por JoffreJustino às 09:34
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009

Do Meu Amigo Luis Lopes, As Vitimas do Hamas em bolinando.blogs.sapo

Hoje estou com pouca vontade de "brincar".

E a razão é simples. Estamos a poucas horas de um acto eleitoral de extrema importância em Israel e a poucas horas de se ver, em toda a sua extensão, a dimensão das vítimas provocadas pelos rockets do Hamas.



Estou farto de uma pretensa "esquerda" que em nome da "liberdade" e da "paz" mais não faz que repetir os slogans antijudaicos que alimentaram e justificaram os pogroms e outras atrocidades cometidas contra os judeus nos últimos séculos um pouco por toda a Europa.

No seu afã antijudaico alguns pseudodemocratas que se apresentam como "de esquerda" chegam mesmo a apoiar as teorias neonazis de que "o Holocausto nunca existiu"!



Ora bem, eu não sou judeu, nem israelita. Mas sou democrata e sou de esquerda. E para mim ser de esquerda é, acima de tudo, ser democrata, acreditar na democracia e no direito de serem os cidadãos a escolherem os caminhos da sua governação, em actos eleitorais livres.



E Israel é o único Estado democrático da região.



Em mais nenhum Estado da zona existe verdadeira liberdade de associação, de expressão, de imprensa, sindical, etc.

Em que outro país da região é permitido à população manifestar-se contra a política do seu governo?

Em que outro país da região é permitida a realização de manifestações pró e contra o diálogo com os palestinianos, por exemplo?

Em que outro país da região é permitido aos trabalhadores associarem-se livremente num sindicato e exercerem, por exemplo, o direito à greve?

Em que outro país da região é permitido a um cidadão eximir-se ao cumprimento do serviço militar invocando objecção de consciência?

Em que outro país da região é garantido a todos, mesmo aos acusados de terrorismo, o direito a um julgamento justo, com o garante do direito à defesa?

E em que outro país da região se assiste a eleições, livres, com partidos que representam todo o espectro político possível?

Será que os nossos "jovens esquerdalhos" que se manifestam contra a existência do Estado de Israel e que queimam as suas bandeiras, usando do direito de manifestação e expressão que a nossa democracia lhes garante, saberão que se vivessem na Síria ou noutro dos países que confinam com Israel, apenas teriam direito a manifestar-se para expressarem o seu apoio ao Governo?

Será que os nossos "jovens intelectuais de esquerda" consideram como "superioridade moral" os pais oferecerem os filhos como potenciais "crianças-bomba"? O que pensariam se os seus próprios pais o tivessem feito, em vez de os porem a estudar nas nossas universidades, pagos pelo dinheiro dos impostos de todos nós?



Por mim, estarei sempre com as democracias e contra as ditaduras, por muito politicamente incorrecto que isso seja.



Mas o cúmulo da hipocrisia, aliás bem orquestrado por uma comunicação social sempre alinhada com os senhores do petróleo ou com os senhores do Kremlin (e as diferenças são cada vez menores) prende-se com a contabilização das vítimas.



Chega a sugerir-se subliminarmente que os rockets disparados pelo Hamas fazem poucas vítimas (e eu gostava de saber, em termos de valor da vida humana qual é, para estes pseudojornalistas, o conceito de poucas, ou, por outras palavras, quantos mortos por rocket deveria Israel suportar) em comparação com os mortos das operações militares israelitas.



Só que estas eleições virão pôr a nú a verdadeira dimensão das baixas causadas pelos rockets do Hamas.

Cada rocket pode matar apenas uma ou duas pessoas, ou mesmo nenhuma. No entanto, cada rocket faz passar uns milhares de votos para os partidos de direita ou de extrema direita.

Cada rocket do Hamas provoca mais uma ferida grave na democracia.

Cada rocket do Hamas mais do que matar pessoas mata a liberdade, mata a coexistência, mata a democracia.

E é exactamente isso que o Hamas pretende.

A previsível subida dos partidos da extrema-direita israelita deve-se, exclusivamente à acção dos fascistas do Hamas.

O que estes pretendem, mais do que instaurar uma ditadura na Palestina, o que em parte já conseguiram, é matar de vez a "ameaça democrática" representada por Israel.

Qualquer fundamentalismo totalitário só sobrevive à custa da opressão, da negação da liberdade individual. Daí que Israel constitua um perigo para estes regimes. Mais que um perigo militar (Israel nunca atacou sem ser antes atacado), Israel constitui um perigo ideológico.

E já agora, para quem tem memória, quem foi responsável pelo maior massacre de palestinianos registado pela História como "Setembro Negro"? Os israelitas?? Não. Foram os seus "irmãos" sírios, jordanos e libaneses...

Resta-me esperar que a extrema-direita israelita não saia inevitavelmente vencedora destas eleições... Isso seria motivo de grande júbilo entre as ditaduras regionais.

E os nossos jovens pseudoprogressistas lá teriam mais uma razão para se manifestarem sem sequer se darem ao trabalho de reflectir sobre a sua própria responsabilidade na matéria.
publicado por JoffreJustino às 16:45
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Dar e Receber Fazer Outra Economia

O Jornal de Noticias divulgou, hoje, a noticia abaixo, que merece a maior divulgação. Como sabemos, os ministros das Finanças da zona euro, (Eurogrupo portanto), representam, não só os países desta zona, mas também, porque a zona euro é uma região democrática do mundo, um leque alargado das Famílias Políticas Europeias e, este grupo, no seu conjunto de famílias politicas, defendeu a necessidade das empresas europeias, da zona euro, evitarem os despedimentos colectivos..

Queria relevar, face a esta noticia, a necessidade que se está a sentir, na Europa, de forma bastante alargada, de reforçarmos a solidariedade entre todos, assim como a necessidade de distribuirmos, adequadamente, os sacrifícios que todos temos de fazer.

Poderia eu dizer, não concordo com despedimentos, colectivos ou parciais. Mas, na crise actual, quem ganharia com essa pseudo radical posição? Se o mercado não corresponde aos bens e serviços de uma empresa, que pode ela fazer se não encerrar, portanto despedir, ou reduzir, parcialmente que seja a actividade e, portanto despedir, parte ou mesmo significativa parte das Pessoas que nela trabalham? Iludirmo-nos com discursos pseudo radicais da negação do óbvio, a nada conduz senão à fantasia.

Mas o pão de cada dia não é uma fantasia…

Há dias uma outra noticia dizia-nos que na RP da China o encerramento de empresas tinha empurrado, de novo, 20 milhões de chineses, para o desemprego, para as zonas rurais…duas vezes a população portuguesa. Porque na Republica Popular da China a segurança social é, ela, uma fantasia, não existe, pelo que é substituída pela solidariedade das Familias…

Esse é o lado selvagem da economia capitalista selvagem – as pessoas e as famílias que se desembrulhem, no caso da RP da China regressando a um ruralismo miserabilista!

Mas devemos pensar em outras vias.

A crise é mundial e tem de ser respondida mundialmente. E com solidariedade. E com a distribuição dos sacrifícios.

Não estamos a ver tal, infelizmente, em muitos dos casos noticiados na comunicação social.

Há até quem se esteja a aproveitar da crise para reduzir, somente, custos.

Há quem, dizendo-se cristão, recusa o principio, cristão, do dar e receber, do amar os outros como a nós mesmos.

Anda até, por aí, um economista que se diz cristão e que diz que a sua teoria é – não há almoços gratuitos.

Pois é, mas esta teoria tem tudo menos de Cristão e no plano económico é sobretudo disfuncional.

É bom, satisfaz os egoísmos, as avarezas, de uns bem poucos, tais discursos apresentados como “cristãos”.

Mas porque é que tem, não poucas vezes, mesmo em economias que não estão em crise, de haver almoços gratuitos, ao contrário do que diz esse economista “cristão”?

O Mercado são Pessoas, não são nºs, abstracções, fantasias, são Pessoas com capacidade de Consumo. Aliás são elas as ultimas consumidoras dos bens e serviços produzidos

E com capacidade para trabalhar. Ora, para trabalhar, é necessário energia e a energia pode acontecer que só exista de existirem almoços gratuitos.

Chama-se a tal, nos dias de hoje, Segurança Social.

A inexistência de almoços gratuitos conduziu á desgraçada crise dos anos 20 do século XX, como conduziu à desgraçada crise que hoje vivemos.

O pensar cristão, antigo de 2000 anos, é também economia.

E dar e receber pode implicar que hajam, pontualmente, almoços gratuitos.

Para quê?

Para que o mercado se restabeleça, para que o mercado encontre soluções para quem hoje não possa consumir, mas amanhã, estando vivo, o possa fazer e sobretudo, retribuir dando, ela, também, almoços gratuitos a outros.

Daí a necessidade de, sobretudo porque estamos em crise, precisamente porque estamos em crise, reduzirmos ao máximo, os despedimentos, o desemprego.

Se o fizermos estaremos a sustentar, solidariamente, a economia, porque estaremos a manter, solidariamente, o consumo.

E estando a manter, solidariamente, o consumo, estaremos a sustentar o emprego, a economia no seu todo.

O grau atingido de abrangência da economia passou precisamente pelo aproveitamento de uma adequada distribuição da riqueza, de “almoços gratuitos” também, que sustentando o crescimento da economia, a reforçaram.

A par, nasceu nos últimos anos uma economia de fantasia, dizem agora, recheada de produtos, financeiros, tóxicos…

Esta parte da economia só podia estourar. Porque só recebe, não dá.

Tem, em Portugal, sido, também, difícil reforçar a outra componente da economia – a que dá sabendo que, por isso irá receber.

É a economia feita de Responsabilidade Social, ou vivenciada na Economia Social, e que se busca a si própria ainda em Portugal.

Só que, sem esta componente da economia, a actividade económica será, como é ainda hoje, por demais frágil.

Em especial se não contar com os que, estando na economia social, o estão fora de grupos de pressão com efectivo peso institucional. E, em Portugal, se o conjunto da economia social é reduzido, é mais diminuto o nº de entidades nestas ultimas condições.

No entanto, não haverá uma outra economia se esta última componente não se reforçar.

É o que urge dinamizar.


Joffre Justino



Bruxelas: Eurogrupo pede às empresas que evitem "despedimentos colectivos"
Ontem
Bruxelas, 09 Fev (Lusa) - Os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo) pediram às empresas para que evitassem os despedimentos colectivos e privilegiassem o despedimento parcial.
Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, afirmou que "o recurso rápido ao despedimento colectivo não é um bom método", acrescentando que "as empresas, em conjunto com o poder público, podem pôr em curso mecanismos de despedimento parcial", promovendo "acções de formação para aqueles que estão preocupados com o desemprego".
O Eurogrupo, que reuniu hoje, recomenda "medidas estruturadas" para ajudar a "enfrentar os desafios do mercado de trabalho" e defende que o "ajustamento das horas de trabalho em função das necessidades de produção pode ser uma forma de flexibilidade importante no mercado de trabalho".
O presidente do Eurogrupo sublinhou que a situação no mercado de trabalho é "inquietante" e que a perspectiva para 2009 é que "os níveis de desemprego se desenvolvam mais".
A taxa de desemprego na zona euro estava nos 8 por cento em Dezembro, o valor mais elevado da última década e, de acordo com as últimas previsões da Comissão Europeia, esta taxa deve subir cerca de 3 pontos até 2010.
publicado por JoffreJustino às 16:41
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Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2009

Unir a Esquerda, Debater a Esquerda, Praticar a Esquerda, Mudar a Esquerda

1. Não é verdade que Marx tenha sido um estatista. Marx era, de raiz filosófica, cultural e política anti estatista e tal é muito claro em muitos dos seus documentos, onde defende a necessidade de destruir o Estado, usando-o somente temporariamente, em outra política que não a liberalista selvagem de então na Grã Bretanha
2. Marx era defensor do papel das elites na Mudança dos processos económicos sociais e políticos. Daí o Manifesto Comunista, que ele sabia não espelhar o pensamento da larga maioria proletária
3. Lenine sim, era estatista. Mas é verdade que rápido se arrependeu de tal e não tivesse morrido teria sido eliminado, como Trotsky, por Estaline, se recordarmos os seus textos dos anos 20
4. O estatismo keynesiano não é visto no plano dos princípios, mas somente no plano instrumental
5. O estatismo enquanto principio é a raiz filosófica da Internacional de Estaline e dos partidos comunistas do seu tempo. No entanto, desde a década de 60 que esta raiz foi contestada até de dentro dos partidos comunistas no poder nos países de leste, dados os fracassos evidentes sentidos desde finais dessa década, onde a Checoslováquia e a invasão soviética são a prova do mesmo fracasso
6. A Esquerda estatista tem vindo a fracassar em todo o lado, lamento recordá-lo.
7. Por isso, desde os anos 80, muitos intelectuais de esquerda procuraram seguir as reflexões de outros como Michel Roccard e a sua raiz autogestionária, estudando as características da economia de mercado e vendo-a tanto na sua componente capitalista selvagem, como na capitalista estatista, como na versão que lentamente nela cresce, de democracia participativa nas organizações, de defesa dos princípios éticos e de responsabilidade social nas mesmas, de desenvolvimento sustentado, local e planetário, de assunção das possíveis múltiplas formas de posse da propriedade, associativa, cooperativa, comunitária
8. Em Portugal o peso do estatismo na esquerda tem conduzido a mesma a impasses sistemáticos, pois temo-nos recusado, quase que por principio, a alimentar e reforçar uma cultura de intervenção também no económico, com modelos de gestão alternativos aos privatistas tradicionais
9. As clivagens pró/anti soviético, dos anos 60/80, mantêm-se ainda hoje em muitos dos nossos discursos e posicionamentos, em planos que hoje se tornam cada vez mais ridículos e nos afastam das Pessoas que, definitivamente, já nem nos entendem
10. Daí também a sustentação de discursos, vazios de consequências, um antipoder, vazio de resultados e de reforço de ânimos e aspirações, outro de estrita racionalização da gestão governativa, sem impacto na estruturação de mudanças na sociedade, nas comunidades, nas Pessoas e que, na verdade, se limita a alimentar a dependência da Esquerda face ao Estado, mesmo quando se diz contra ele
11. Os vazios existentes conduzem muitos de nós na Esquerda a olhar ansiosos para todo o tipo de revoltas como se delas viessem revoluções sociais, esquecendo o como Marx, para os Marxistas, se exasperava com as revoltas populistas do seu tempo.
12. Daí encontrarmos boa gente de Esquerda a apoiar forças políticas fascistas, como o Hamas, ou boa gente de Esquerda a exasperar-se com os populismos latino americanos sem procurar, antes do mais analisá-los nos seus impactos sociais e políticos
13. O Fascismo só é gerador de ditadura e terrorismo, enquanto que o populismo pode gerar movimentações sociais com forte impacto social e politico positivo para a mudança das mentalidades
14. Mas, no espaço de expressão portuguesa, o dominante não é nem uma nem outra versão. Entre nós domina o debate, hoje surdo e se impacto, em volta da estatização da sociedade
15. Em Portugal esse debate crispou vontades e limita dramaticamente as possibilidades de mudança, sendo de todo urgente pôr fim a esta crispação
16. Mais ainda se crisparam os estados de espírito com a recusa em aceitarmos que vivemos dramáticos momentos, de profunda e grave crise internacional, e que os vivemos em estrita lógica de ricochete, perante uma economia globalizada e gerida selvaticamente pelos neoliberais que dominam os grandes interesses financeiros e estando nós numa economia frágil e dependente
17. Os estatistas erram em manterem a lógica antipoder e a restante esquerda erra em não incentivar alternativas comunitárias no tecido económico e social, limitando-se à estrita racionalização da governação
18. No entanto, que fique claro, perante a crise e os bons exemplos desta governação socialista, prefiro apoiar este campo, mesmo com os erros cometidos, a ficar no vazio do antipoder, porque só não erra quem não faz
19. Daí defender a urgente necessidade de se reforçarem as experiencias de gestão conjunto de movimentos, de processos, de organizações, no plano local e comunitário
20. Daí defender a necessidade da Esquerda se entender na organização de listas conjuntas para Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais e organizações económicas e sociais de base.
21. Daí defender a concretização de tal nas próximas eleições autárquicas, para Lisboa e não só
22. Já o escrevi e volto a fazê-lo na certeza de que não terei quaisquer resultados, mas com a convicção de que estarei certo no que digo
23. De facto estas experiencias permitiriam, no debate das práticas comuns, sobretudo, a superação destas crispações, a percepção de que os pensamentos não nos diferenciam assim tanto e de que poderíamos fazer pequenas coisas que muito e muitos mudariam
24. De qualquer forma, boa sorte aos que acreditam diferentemente de mim

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 10:19
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Uma Homenagem a um Angolano – O Cónego Manuel Joaquim Mendes das Neves

A relação entre o 4 de Janeiro de 1961, na baixa do Cassange, o 4 de Fevereiro de 1961, em Luanda, as eleições do general Humberto Delgado, o assalto a Santa Maria, feita pelo capitão Galvão, a oposição democrática portuguesa em Angola e a UPA, União das Populações de Angola, são hoje evidentes, sendo que não podemos esquecer que parte dos participantes no 4 de Fevereiro estarão no MPLA.
No entanto, a essência da História é a existência de Homens como o Cónego Manuel das Neves, mestiço, nascido no Golungo Alto, a 25 de Janeiro de 1896 e reputado defensor do Nacionalismo Angolano, ou como o dr Eugénio Ferreira, branco, de raiz portuguesa, casado com uma senhora, mestiça, de famílias angolanas, reputado opositor ao regime salazarista, Maçon, comunista independente e um democrata republicano, que assumiu a nacionalidade angolana, com a Independência de Angola.
Hoje, definitivamente, tem de terminar o tempo das “Histórias Oficiais”, que satisfazem interesses não angolanos, mas contentam os interesses “Onusinos” de uma pretensa “esquerda intelectual internacional”, (mas nada internacionalista, diga-se) e tem de começar o tempo do reconhecimento de Todos Nós, Angolanos e autênticos amantes de Angola.
E para que tal suceda, há que reconhecer o papel determinante do Cónego Manuel das Neves, que, segundo obra a sair brevemente, terá dito ao dr Eugénio Ferreira, algo como, “agora é a nossa vez”, assim como disse ao Padre Joaquim Pinto de Andrade, “Meu filho, é preciso um grande sobressalto nacional, é preciso organizar um levantamento, um acto espectacular que faça a ruptura com o passado”, (conforme texto do Publico, editado também na obra Monsenhor Manuel Joaquim Mendes das Neves, Ínclito Nacionalista Angolano, edição da Liga Africana, 2004), certamente, na minha opinião, antes dos acontecimentos da Baixa do Cassange e de Luanda e depois do fracasso da desejada chegada a Luanda do tomado paquete santa Maria, pelo capitão Henrique Galvão.
O Secretariado Permanente do Bureau Político da FNLA, publicava a 13 de Julho de 1994, no Jornal de Angola, um texto de onde se pode respigar, “…através de emissários devida e rigorosamente seleccionados…estabelece contacto com a Direcção Politica da União das Populações de Angola, (UPA), …emissários tais como César Correia,…, Francisco Pedro Miguel, …, Adão José Kapilangu, Moisés Kayaya…Luis Alfredo Inglês, principal animador da dinâmica da célula da UPA do bairro Sambizanga, fundada pelo próprio Cónego Manuel das Neves, em 1958…”, que permite relevar o papel de Nacionalista organizador do Cónego Manuel das Neves.
Os acima referidos “Onusinos interesses” de uma dita esquerda intelectual internacional, procuraram, anos a fio, suportados pelos interesses de alguns do MPLA reescrever a História de Angola, o que hoje se mostra cada vez mais impossível de sustentar.
Na verdade, as relações entre os Nacionalistas, feitas em lógicas de clandestinidade, impostas pelo regime fascista de Salazar, sobre todo o Império português, e entre os nacionalistas e as Oposições Democráticas ao regime corporativista, mostram que ninguém, mas mesmo ninguém, pode ficar de fora.
UPA/FNLA, MPLA, UNITA, são três elos fundamentais, porque neles lideraram os Pais da Pátria Angolana, Holden Roberto, Agostinho Neto, Jonas Malheiro Savimbi, mas, a seu lado, estarão cidadãos como Dáskalos, Eugénio Ferreira, que lideram quer organizações de esquerda Angolana, de brancos, no primeiro caso, quer actividades politicas e sociais de brancos mestiços e negros, no contexto da Oposição Democrática a Salazar.
Mas, sejamos sérios, O Cónego Manuel das Neves é, sem dúvida, um pai inorgânico da Pátria Angolana, um Pai acima dos 3 Movimentos de Libertação que deve ser especialmente relevado.
E, para que não esqueçamos, depois “do inicio da insurreição armada no norte de Angola, em 15 de Março de 1961, Monsenhor Manuel das Neves foi detido pela PIDE e deportado para Portugal, juntamente com outros cinco sacerdotes africanos…”acusado de ser um dos principais dirigentes terroristas”, como refere o coronel Hélio Esteves Felgas em “Guerra em Angola”. Após alguns meses de prisão na cadeia do Aljube e no Forte de Caxias, a igreja católica e o governo de Salazar acordaram em manter Monsenhor Manuel das Neves e os outros sacerdotes africanos afastados de Angola, pelo que lhes foi fixada residência em casas religiosas em Portugal”, conforme notícia do Jornal de Angola de Maio de 1991 e citado na obra já referida.
Aí não deixou de manter contactos clandestinos com os nacionalistas, e de os incentivar à Luta pela Independência da sua Pátria, Angola.
Aos 70 anos de idade, a 11 de Dezembro de 1966, o Cónego Manuel das Neves morre, em Portugal, no Noviciado dos Padres Jesuítas, em Soutelo.

Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 08:42
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