Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
Confundem-me com um funcionário do Parlamento
Helder Amaral, deputado do CDS-PP
Estas situações revoltam-me ao ponto de, interiormente, regressar aos tempos da luta anticolonial
Portugal foi o Império mais duradouro da Europa e rivaliza, claramente, com a China, hoje Republica Popular, mas que não deixa de ser também um Império antigo, o mais antigo do Planeta.
Portugal foi o primeiro reino europeu a conviver com cidadãos e cidadãs de todos os cantos do Planeta, foi, na verdade, o primeiro grande globalizador e não poucos poetas e outros intelectuais descrevem o Portugal do século XVIII enquanto um reino de brancos, mulatos e negros, que, aos não terem sido chacinados continuam a existir no País no sangue dos seus descendentes
E, no entanto, ainda hoje, autarcas, deputados e frequentadores do Parlamento Português são incapazes de aceitar que um cidadão seja deputado e seja Negro.
Agradeço, enquanto cidadão, filho da Diáspora portuguesa, Angolano e Português, ao DN, o ter denunciado este despautério feito por um cidadão que, pelo menos pelo cargo que ocupa, deveria respeitar a História do seu país, dos seus antepassados, ficando aliás a dúvida se Fernando Ruas, como muitos outros, esconde, com o seu racismo, o facto de não ser branco puro, algo que aliás não existe em Portugal.
De facto, o Parlamento Português, as instituições eleitas em Portugal, continuam a marginalizar as minorias, Mulheres, (que não são bem minoria diga-se), as etnias diversas, os deficientes, etc.
Da Esquerda à Direita, e sempre com boas razões sendo que a mais usual é o eleitorado não aceitaria
Excepto, casos honrosos, mas que são de tão pequena monta que não contam, os partidos políticos portugueses alinham com o racismo escondido desde o 25 de Abril.
Note-se que o CDS/PP é uma excepção.
Por isso apresenta nas suas listas um beirão de origem negroafricana.
Para quem conhece membros do CDS/PP como Miguel Anacoreta Correia, Margarida Mayer ou António Oliveira, sabe bem porquê.
Assumem sem traumas o passado imperial português, não escondendo complexos, porque não os têm.
Note-se que sou de Esquerda, que nunca votei CDS/PP.
Mas, sendo socialista, já me perguntaram, quando assumi a defesa da participação nas listas partidárias de cidadãos Negros, se não andava à procura de tacho criando um partido africanista
só por defender o que atrás refiro.
Na verdade e era público, à época era membro da UNITA, tendo sido sancionado por tal pouco tempo depois.
Como lusoangolano, como africano que nunca se envergonhou dos pais brancos que tenho, pelo contrário, horripilam-me estes comportamentos racistas.
Esta forma de neutralizar a inserção social das minorias em Portugal.
Honra de Helder Macedo Vergonha de Fernando Ruas.
Joffre Justino