Segunda-feira, 24 de Julho de 2006
Neste momento em que a clique militarista judaica prossegue cegamente numa série de crimes de guerra que um dia - poderá ser tarde, mas o braço de Alá ainda é maior do que todos os braços sionistas - terão o justo castigo, perante o lobby de imprensa que Telaviv consegue arrebanhar em Portugal, vale a pena olhar para a nossa vizinha Espanha, onde mesmo os jornais de direita não conseguem disfarçar o incómodo do que se está a passar a este nível.
Está neste caso, por exemplo, o insuspeito diário "El Mundo", que, pela voz de António Gala, chamava no dia 20 de Junho passado, a atenção para o descabelado apelo das autoridades israelitas expressando preocupação «pelos milhares de cães e gatos abandonados por causa desta guerra».
Transcrição integral da nota, cujo título é TERRORISMO DE ESTADO:
«Mi amor por los animales es notorio. Pero a oficina de prensa del Gobierno israelí, a estas alturas, publique un llamamiento en que se expresa preocupación pelos millares de perros y gatos abandonados a causa de esta guerra, no deja de tocar las pelotas. Y que lance un llamamiento a veterinarios de todo el mundo, mas. Ignoro si lo que pretende Israel es suscitar la simpatía mundial o ganar un premio de humor negro, en cuyo caso debió de comprender el Holocausto. El mayor acierto de esa publicación del grupo Ahava es el empleo de la palabra guerra. Pero podía ocuparse también de lo que sucede en Palestina o en el Líbano, y de lo que se piensa en Irak, en Irán, Siria e en el mundo entero. Menos Bush, que piensa que «todo el mundo tiene derecho a defenderse. Y no hay quien lo saque de ahí. Para su mente, ya es bastante».
Está claro que nenhum dos nossos jornais viu nada nisto, tão preocupados que estão em justificar o injustificável. Os judeus ganharão, seguramente, mais esta guerra. Se fosse possível ter piedade deles, eu tê-la-ia, porque sinto que cada vez mais estão longe de ganhar a paz. Porque esta só a conseguirão quando se deixarem de sonhos imperialistas como o Grande Israel e se resolverem justamente os problemas de terra na região, acabando a intolerável ocupação.
Curiosamente, o "El Mundo", pela voz de Rosa Meneses, também traz à colação que o país que exige o desarmamento do Hezbollah, segundo a resolução 1.559 do Conselho de Segurança da ONU, é o mesmo que nos últimos 50 anos desprezou nada mais, nada menos do que 46 - quarenta e seis, sim, quarenta e seis - resoluções da mesma ONU.
Palavras, mais palavras, para quê? Quando temos de aturar o embaixador de Telaviv em Lisboa a afirmar que não havia nenhuma agressão contra o Líbano??? Hipocrisia ou humor negro???
Rodrigues Vaz
Jornalista de origem judaica