Segunda-feira, 15 de Maio de 2006

Crise Angola EUA com continuidade em S. TOMÉ E PRÍNCIPE

Teimosamente, os EUA do sr Bush procura reinventar as suas relações com a Republica de Angola na lógica de um crescente conflito.

Evidentemente que por detrás deste conflito está a relação económica recente entre Angola e a República Popular da China. Mas o que se vai apresentando, aqui e ali, são aparentes “razões sérias”, de acumulo de conflito, que, nesta fase, se situam somente na base do alimentar a opinião pública de razões que venham a justificar futuros possíveis conflitos.

Assim, apoiada pelos EUA, a Nigéria tem estado a procurar reforçar os seus interesses no vizinho S. Tomé e Príncipe e, a gerir lobbies de influência múltiplas no
país, junto dos leaderes políticos e militares saotomenses.

Os EUA têm vindo a justificar o “entrismo” nigeriano a partir da proximidade a São Tomé, e, por outro lado no espalhar da ideia da divisão de África em três centros de pequeno/médio poder, por eles privilegiados – a Nigéria, Angola, e a República da África do Sul.

Como é óbvio, a ideia americana passa, também, pelo anular do conceito do espaço de expressão portuguesa, conceito que considera histórica e politicamente ultrapassado, não fora a Nigéria anglófona, claro.

Imagine-se que a superpotência da actual Globalização ainda possa pensar em conceitos centrados na proximidade geográfica….hoje onde a proximidade é cada vez mais cultural, económica, histórica…

É claro que, nesta tese inovadora da divisão do bolo-mundo, “caberia” a Angola a destruição da Francofonia, isto é, da RDC e da Republica do Congo, na velha linha da destruição da influencia europeia em África, através da destruição quer do espaço de expressão portuguesa, quer da destruição do espaço de expressão francesa, cabendo a um país de expressão portuguesa, evidentemente, o abrir o conflito na União Europeia.

Claro que o problema é só um – o petróleo.

Esta determinante fonte energética existe tanto na Nigéria quanto em São Tomé e Príncipe. Mais, o petróleo que existe no offshore de S. Tomé e Príncipe, é a continuidade geológica dos campos situados na plataforma continental da
Nigéria. E é aí que reside o problema.

Sendo uma Zona Conjunta de Desenvolvimento, há que impedir que Angola, hoje vista como pró chinesa influencie uma capacidade produtiva que se iniciará em 2008, e onde Angola pode ter um papel na distribuição deste potencial energético.

Por outro lado, é sabido como a Nigéria é, no plano político, uma nação instável, insegura e facilmente, por isso, controlável, facto que não acontece em Angola, cada vez mais estável e com um poder político seguro.

É evidente que nestas condições os EUA privilegiem um S Tomé e Príncipe feito elemento essencial de um sistema conjunto de controlo
e fiscalização do Golfo da Guiné, com base na Nigéria, na frágil e controlável Nigéria.

Os laços históricos, políticos e económicos entre Angola e São Tomé e Príncipe, no entanto, são bem fortes, nascidos até ao tempo colonial, quer do lado das relações coloniais Portugal/São Tomé/Angola, quer do lado das relações anticoloniais, com as fortes relações pessoais entre dirigentes Angolanos e São Tomenses.

.
É inquestionável, para qualquer analista que não seja um vendedor de interesses americanos que os cidadãos e cidadãs santomenses, estão fortemente ligados a um país, Angola, que foi mantendo com eles um posicionamento, inclusive, d eentreajuda, ao tempo do contexto soviético.

A elite santomense tende, entretanto a dividir-se em dois movimentos de opinião, os que reconhecem na Nigéria um parceiro dominante, onde se situa
o actual Presidente da República Fradique de Menezes, e o MDFM, e, do outro lado, os que defendem que a haver parceria com a Nigéria ela se deve limitar ao plano petrolífero, mantendo Angola como sendo o parceiro principal e natural de S. Tomé e Príncipe, enfim os leaderes do MLSTP/PSD.

Preparemo-nos pois para novos cenários militares, antidemocráticos, golpistas e destruidores do pouco que São Tomé e Príncipe ainda detém.

De novo o petróleo surge como o elemento desestabilizador de África.

Até quando aceitaremos esta escandalosa situação, a de ver um recurso que tende a esgotar-se no planeta, a esgotar também países, populações, culturas?




Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 20:34
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Sexta-feira, 12 de Maio de 2006

As Necessárias Tolerâncias….

“…quando, em 1492, os Espanhóis decidiram compelir os seus judeus a professar o cristianismo ou abandonar o país, muitos encontraram refúgio em Portugal, nessa época mais complacente quanto aos seus sentimentos antijudaicos. Mas em 1497, pressões da igreja católica e de Espanha levaram a coroa portuguesa a abandonar essa tolerância.”
In, http://ruadajudiaria.com/index.php?p=171,
Um blog de Nuno Guerreiro Josué



As Necessárias Tolerâncias….

Ao contrário do que pensamos, na maior parte das vezes o problema da Tolerância, não reside nos Intolerantes, reside sim nos Tolerantes.

Não haverá, nunca, sociedades sem Intolerantes. Sectários, dogmáticos, fanáticos, tê-los-emos sempre, e ainda bem, eles existem para que nos lembremos da importância do sentido da Tolerância na relação com os outros.

Deus, ou a Natureza, pô-los connosco, para isso mesmo.

Hoje mesmos, de manhã, ao café, bati, interiormente, palmas à coragem de Manuel Maria Carrilho, por exemplo. Porque a Intolerância começa a campear, hoje, por aí, e porque, em nome da Tolerância, demasiados se calam, é bom que alguém se levante e diga que o rei vai nu.

E em Portugal, hoje, o rei vai nu em demasiadas situações, sendo que a campanha nas autárquicas foi disso mais um, somente mais um caso. Porque o essencial reside na falta de isenção, de Tolerância enfim, que assistimos em tudo que sai deste lobby poderoso que é o lobby da comunicação social em Portugal.

Mas outro exemplo esteve, em Abril, em tudo o que saiu sobre os acontecimentos pascoalinos de 1506. Cito acima um texto de um blog da net e acrescento, desse mesmo blog, “número de mortos resultantes do progrom de Lisboa, ocorrido em Abril de 1506, também não é certo, embora a maior parte das fontes e testemunhos da época apontem para cerca de quatro mil pessoas (cripto-judeus / cristãos-novos) chacinadas na sequência de motins antijudaicos incitados por frades dominicanos. No Rossio, contam Samuel Usque e Damião de Góis, o chão ficou “tapado com montanhas de corpos mutilados”. “Mais de quatro mil almas morreram(…)”, escreveu Samuel Usque em “Consolação às Tribulações de Israel” (1553).”, porque a História deve ser recordada no que tem de bom e de mau…

Aliás, descendente de Judeus que sou, a questão Judaica sempre me acompanhou, no que ela teve e tem de bom e de mau.

O que senti a necessidade de questionar, com este texto, reside neste enorme complexo de culpa que se mantém, e que é alimentado, nos dias de hoje, por uns tantos, que, sobre eles, menos falam, o que, de novo alimenta a Intolerância.

A luta em prol da Tolerância entre os Seres Humanos é multimilenar e, felizmente, manter-se-á. Mas hoje ela reflecte-se, nos países democráticos, em situações menos clamorosas que as que se vivem em regimes Totalitários, Intolerantes, pelo que se transforma em um combate bem mais difícil, porque menos motivador e menos mobilizador.

Ora, nestas circunstâncias, na minha opinião, quando reflectimos em Portugal, ou no espaço de expressão portuguesa, sobre este tema, urge, cada vez mais, recordar os momentos de Intolerância, mas também os de elevada Tolerância havida neste mesmo espaço.

Porque, nos dias de hoje, vale mais recordar os bons momentos, porque para acontecerem algo de complexo os justifica, mas também algo elevado, de o que nos permite uma aprendizagem melhor, que esta triste ideia da aprendizagem pelo negativo, pela noção, que recuso, do pecado original que, todos, transportamos.

Terá durado, somente, cinco anos, a resistência dos Tolerantes portugueses, ao cerco de Intolerância a que foram, certamente, alvo.

Mas, caramba, durou!

E ao durar trouxe a salvação a uns milhares de pessoas, que aqui encontraram, durante 5 anos, refúgio.

Não o tenho, mas adoraria ter tempo para me enfronhar nas bibliotecas, para rebuscar documentos que recontassem esses cinco anos de luta pela Tolerância em Portugal.

Porque hoje vivemos, como acima referi, de novo, tempos onde os Intolerantes se sentem, por demais, à vontade, protegidos, despreocupados, capazes de tudo, arrogantemente capazes de tudo.

E em uma coisa eles se alimentam – do argumento que sempre foi assim…

Ora, não foi!

E nesta História do Espaço de Expressão Portuguesa existem demasiados momentos de prova de que não foi.

Momentos que ninguém, estranhamente, relata.

A não ser assim, esparsamente, em breves linhas como as acima. Como se tivesse sido fácil.

Não o foi certamente, isso garanto-vos.

E, ao não ser, o ter sucedido é razão de respeito, de consideração, de estudo, de divulgação.

Mas a comunicação social portuguesa está, tem estado, demasiado preocupada com outros temas, esses sim, capazes de pôr online um nome qualquer, (e, por detrás, o nome de um qualquer jornalista), em especial de aumentar um share de audição.

Quer lá ela saber da Tolerância…esta não aumenta os share de aundição…acham eles que não viram o nº crescente de passeantes pela net por estarem fartos dos share que esta comunicação social alimenta.

Como em tempos outros, está a nascer, ao lado, outra cultura, outra expressão de Tolerância feita, outras vivências experimentadas e compartilhadas.


É claro que tudo parece estar bem. É claro que nada de mau está para lhes acontecer. É evidente que a vitória é-lhes certa.

Marcelo Caetano quando recebeu os seus generais também achava o mesmo. Tudo estava certo, seguro, garantido, o poder estava em mãos seguras…


Até que um dia…falaremos, de novo, dos Tolerantes.

É assim a Vida…



Joffre Justino
publicado por JoffreJustino às 16:06
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